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Em carta ao sócio, cita a existência de caixa dois na sua empresa
Em 1966, a empresa foi criada
com capital de CR$ 100 mil, cabendo, pouco tempo depois, 40%
a Havelange, 10% a Haddock Lobo
e 50% a Davi Moscovite.
Após alguns anos, Havelange diria, apesar dos registros, que Haddock Lobo tinha direito a 10% do
capital que pertencia a ele, Havelange, e não do total da firma.
Em 9 de novembro de 1971, já em
campanha para a Fifa, Havelange e
os sócios fazem um empréstimo
de CR$ 500 mil (nominalmente,
cinco vezes o capital inicial da Orwec) com Luiz Augusto Vasconcellos, primo de Haddock Lobo.
Conforme documento obtido
pela Folha, o prazo para pagamento do empréstimo era de dois
anos. Eram avalistas, na seguinte
ordem: Orwec, Havelange, Moscovite e Haddock Lobo.
Em 1973, um grupo português
reunidos na holding Empar compra 51% da Orwec, com o restante
das ações distribuído proporcionalmente entre os antigos sócios.
Na biografia de Havelange, um
documento essencial da sua vida
nos negócios é uma carta manuscrita dele a Haddock Lobo, sem
data (provavelmente setembro de
1973), em que fala com sinceridade sobre a Orwec, tentando reduzir a participação do sócio.
Em três páginas, com a letra reconhecida por dois amigos consultados pela Folha, Havelange escreve, no final da segunda página,
"e ainda temos a caixa II", com
o "2" em algarismos romanos.
O caixa dois é uma contabilidade
paralela e ilegal que tem como objetivo o pagamento de menos impostos pela empresa e os seus sócios. Trata-se de um expediente
até hoje empregado no Brasil.
A Folha teve acesso a dois livros
do caixa dois da Orwec. Embaixo
de cada página, dando aprovação,
está a assinatura de Havelange.
Na última página da carta, penúltimo parágrafo, Havelange escreve: "Finalizando, pedir-te-ia
que analisasse o que acabo de expor, pois fiquei com compromissos muito elevados a cumprir, e
me desses uma pronta solução".
Havelange, que chama o sócio de
"Zé" no início, assina "João".
Em 20 de setembro de 1973, Haddock Lobo responderia, chamando-o "Joca" e se negando a entregar cotas da empresa.
No final do texto datilografado,
Haddock Lobo diz: "O mundo
de fantasia em que no momento
vives impele a criar situações e fatos inverídicos, com distorções totais. Se digo isso, é porque estou à
vontade para fazê-lo, em face da
amizade e da sem-cerimônia".
"É um alerta para a posição
que caminhas e poderá te levar a
uma situação difícil. Muitas coisas
já se disse que contrariaram o teu
amor próprio. Agora, sou obrigado a dizer algo que poucos amigos
poderiam fazer." Haddock Lobo
propõe um encontro e assina.
Nunca mais se falaram. Era o fim
de uma amizade que começou no
Fluminense e prosseguiu quando
Havelange recebeu o colega em
São Paulo, onde trabalharam juntos. Depois, no Rio, foram funcionários de uma empresa do irmão
de Havelange. Raul, filho de Haddock Lobo, tem hoje com 47 anos.
Seu padrinho é João Havelange.
Sobre a Orwec, o presidente da
Fifa diz que vendeu a sua parte e
que questões relativas ao passado
serão resolvidas pela Justiça.
Q
uantos cheques, em 24 anos, Havelange assinou em nome da Fifa?
"Nenhum, nunca assinei um
cheque pela Fifa. Todos são assinados ou pelo secretário-geral ou
pelo chefe da tesouraria".
Por que não foi às Copas na Suécia e no Chile? "Fiquei aqui para
assinar os papagaios da CBD. Aqui
no Brasil eu assino o papagaio, e a
minha assinatura vale. Lá fora
ninguém sabia quem eu era."
Sua carreira oficial de dirigente
começou em 1937, como diretor
de pólo aquático do Botafogo-RJ.
Na prática, é anterior, no Fluminense, onde influenciava a natação, embora não tenha conseguido introduzir o pólo aquático.
Para entender a ascensão, é preciso considerar que, na época, a
direção das entidades não era disputada como hoje. Profissional, só
o futebol. Dinheiro inexistia.
Durante mais de 15 anos, Havelange foi atleta e dirigente, uma espécie de dono da bola. Na gestão
1949-51, presidiu a Federação Paulista de Natação. De volta ao Rio,
liderou, de 1952 a 1956, a Federação Metropolitana de Natação.
No esporte, fazia amizades. Nos
anos paulistas, tornou-se amigo
de dois rapazes cerca de dez anos
mais jovens que se transformariam em industriais: José Ermírio
de Moraes Filho e Mário Amato.
Em 1956, seu amigo Sylvio Pacheco, presidente da CBD, nomeou-o para a vice-presidência,
então vaga. Em janeiro de 1958,
por sugestão de Pacheco, concorre
e vence a eleição para a CBD.
Com 185 votos, João Havelange
esmagou o adversário, Carlito Rocha, folclórico dirigente do futebol
do Botafogo-RJ. Dono do cachorro Biriba, que, para o cartola, dava
sorte ao time de Garrincha, Carlito
Rocha somou apenas 19 votos.
A primeira decisão do carioca
Havelange, que teria consequência direta na conquista das duas
primeiras Copas, seria um feito.
Ao nomear chefe da delegação o
paulista Paulo Machado de Carvalho, o novo presidente da CBD pacificava o agitado futebol do país.
Em 1930, a seleção era praticamente carioca, devido ao boicote
da Associação Paulista de Esportes
Atléticos. Só Araken, jogador do
Santos, desrespeitou o veto.
Em 1950, temendo vaias para um
time majoritariamente do Rio, o
técnico Flávio Costa lota o meio-
campo de são-paulinos para o jogo com a Suíça (2 a 2), no Pacaembu, o único fora do Maracanã.
Ao entregar o futebol para São
Paulo, Havelange constrói um dique para ressentimentos. Ao não
viajar para a Suécia, não se expõe a
um eventual fracasso. Na volta, lidera a festa e leva os campeões até
o presidente Juscelino Kubitschek.
"Na primeira Copa ele substituiu vários ministros, e não saiu
uma nota no jornal. Um dia ele me
chamou e perguntou: "Quando é
que vai ter outra Copa? É que eu
preciso mudar uma gente aqui e
quero tranquilidade, sem repercussão'. Juscelino era muito engraçado, inteligente", conta.
Havelange credita a um pedido
de JK um episódio pouco conhecido da sua vida: a candidatura pelo
PSD a deputado, em 1960, derrotada com pouco mais de 6.000 votos. "Eu devo ter tido mais de 20
mil, mas tiravam o meu número
da cédula e botavam o de outro."
Em 1962, repete a receita: Paulo
Machado de Carvalho, o "Marechal da Vitória", com a seleção,
no Chile. Havelange, no Rio.
Meses antes do bi, um torcedor
amigo, a quem Havelange tinha
acesso fácil, o procurou. É um relato inédito: "Uma vez, eu estou
no Maracanãzinho, num jogo do
Campeonato Brasileiro de futebol
de salão. Vem um funcionário:
"Senhor Havelange, o presidente
da República o chama'."
"Eu atendo. "Ô, Havelange,
quem fala é o Jango [João Goulart"'. "Ô, não me aporrinha"',
teria dito o presidente da CBD,
sem acreditar. ""Aqui é mesmo
o Jango'. "Ô, presidente, desculpa'. "Estou aqui nas Laranjeiras
[palácio", vem cá'."
"Peguei meu carro e fui lá",
lembra Havelange. "Jango estava na varanda, tinha problemas
numa perna, e diz: "Vem cá, vai
ter a Copa do Mundo, você sabe
que eu joguei e conheço futebol.
Vou te dar a minha seleção'."
"Eu digo: "Olha, Jango, eu
acredito que você entenda de futebol. Vamos fazer o seguinte: você
deixa de ser presidente e vai ser
meu técnico'. Ele ria à beça, e assim ficamos quase uma hora."
O técnico foi Aimoré Moreira e,
depois da sua deposição, em abril
de 1964, Jango foi visitado no exílio, no Uruguai, por Havelange.
No Mundial de 1962, o Brasil foi
ajudado pela arbitragem. No 2 a 1
sobre a Espanha, Nilton Santos fez
pênalti, deu um passo para fora da
área, e o juiz marcou apenas falta.
Numa célebre ação de bastidores, Garrincha foi resgatado para a
final com a Tchecoslováquia.
Na semifinal, depois de muito
apanhar, ele fora expulso ao acertar um pontapé nas nádegas do
chileno Rojas. A testemunha-chave para o julgamento era o bandeirinha uruguaio Esteban Marino.
Na década de 50, Marino apitara
no Campeonato Paulista.
Paulo Machado de Carvalho e o
presidente da federação paulista,
Mendonça Falcão, esconderam
Marino, com a concordância do
uruguaio, num hotel de Santiago.
Ele não foi depor, e não houve como Garrincha ser suspenso.
A história foi contada pelo
"Marechal da Vitória" a muitas
pessoas, desde os anos 60. Várias
vezes, na sala da produção da TV
Record, de sua propriedade, ao
jornalista Alberto Helena Jr., hoje
colunista da Folha.
Sobre o episódio, Havelange diz,
com convicção: "Nunca se fez
nada disso. Quem chefiava a delegação era o Paulo Machado de
Carvalho, um homem de uma dignidade, de um respeito."
Em 1966, já pensando na presidência da Fifa, Havelange afasta
Machado de Carvalho, o mais
bem-sucedido chefe de delegação
que a seleção já teve, assume a
equipe e fracassa com ela.
Com o triunfo em 1970, que viu
pela TV em preto-e-branco, Havelange sai em franca campanha.
Dois casos, semelhantes a dezenas de outros, mostram, na prática, como o brasileiro angariou o
apoio que mudaria para sempre a
história da Fifa e do futebol.
A Iugoslávia tinha vários jogadores "pendurados" e precisava
de uma partida contra uma seleção nacional para que eles pudessem entrar em condições num torneio europeu. Havelange pede e o
time do Atlético-MG, em excursão
à Europa, veste a camisa do Brasil
e enfrenta os iugoslavos. Um voto.
Em 6 de junho de 1973, o Brasil
bateu a Tunísia por 4 a 1, em amistoso em Túnis. Segundo jornais
locais, gentilmente a CBD baixou
de US$ 50 mil para US$ 30 mil o
cachê da seleção [o Santos chegava
a cobrar US$ 50 mil ". Outro voto.
CONTINUAÇÃO DA PÁGINA 7
Impressionado com o oposicionista, o então presidente da Fifa, o
inglês Stanley Rous, desabafa num
congresso de jornalistas na Espanha: "O senhor Havelange está
realizando uma campanha política
como se estivesse disputando a
presidência dos Estados Unidos."
Ele se enganava, pelo menos em
relação a horas de vôo: Havelange
parecia buscar a presidência da
Organização das Nações Unidas.
Nos três anos que antecederam a
eleição, é certo que Havelange
percorreu mais de 80 países, em
todos os continentes -o número
iria variar a cada nova entrevista.
Fundada em 1904, a Fifa tivera
até então seis presidentes, todos
europeus (1 belga, 2 franceses e 3
ingleses). O mais longevo, Jules
Rimet, esteve à frente da entidade
por 33 anos (1921-54), marca que
Havelange só superaria com mais
três mandatos, a partir de 1998.
Por mais que os olhos azuis e o
sotaque arranhado não compusessem o "physique du rôle" do
brasileiro típico, não havia dúvidas de que Havelange representava redistribuição de poder na Fifa.
Num golpe de mestre, se apresenta como o candidato do Terceiro Mundo, o futuro presidente
que iria levar o futebol a todos os
continentes, especialmente à África e à Ásia, aos países mais pobres.
Como num movimento de países não-alinhados na ONU, passa,
na condição de presidente da confederação tricampeã mundial, a
falar pelos "deserdados".
Com esse discurso, alia conteúdo político à caça ortodoxa de votos. Obtém, assim, o apoio de países comunistas do Leste Europeu.
E a Fifa, diferente da ONU, não
tem conselho de segurança ou
qualquer órgão em que um país
pese mais do que outro. O voto de
Honduras valia, e continua valendo, tanto quanto o da Inglaterra.
Dois momentos, um discurso e
uma imagem, marcam dramaticamente o 39º Congresso da Fifa, no
salão de convenções do Frankfurt
Airport Hotel, na Alemanha, em
11 de junho de 1974.
Representantes de mais de dez
países árabes e africanos haviam
defendido no plenário a volta da
China à Fifa. Para isso, seria preciso expulsar Taiwan, condição do
governo comunista chinês. Rous e
a maioria dos europeus, alinhados
com os EUA, eram contra. Alguns
delegados não haviam se definido.
Na véspera, disse Havelange à
Folha, ele recebera um telegrama
do governo brasileiro proibindo-o
de abrir a Fifa à China. O ordem
foi desrespeitada. No meio do debate, levanta-se e pede a palavra.
"O Brasil, não!", corta Rous,
voltando atrás após protestos.
Em 1 minuto e 40 segundos,
num discurso em francês decisivo
para a sua vitória na eleição, Havelange defende os chineses, conquistando os votos que faltavam.
A proposta de retorno do país vence por 59 a 47, mas não atinge os
três quartos de votos necessários.
Com os países que ingressaram
naquele congresso, a Fifa passou a
ter 146 membros, 139 com direito
a voto. Estavam presentes 122.
Na cédula com nomes de Rous e
Havelange, o eleitor riscava o nome do preterido, deixando à mostra o escolhido. No primeiro turno, Havelange vence por 62 a 56,
menos do que os dois terços exigidos pelo estatuto. No segundo, a
apuração demora oito minutos: o
brasileiro sai vitorioso por 68 a 52.
Era a vingança para a imagem,
registrada numa fotografia: na
mesa diretiva dos trabalhos, não
havia lugar para Havelange, que,
já eleito, teve de se sentar em uma
cadeira sem mesa e sem plaqueta
com o nome a identificá-lo, como
acontecia com os demais.
Eram 15h03 em Frankfurt. Dois
dias depois, o Brasil estrearia na
Copa da Alemanha, contra a Iugoslávia, num 0 a 0 que sinalizaria
20 anos sem título mundial, período em boa parte de trevas para a
seleção. Para Havelange, o melhor
da história estava só começando.
E
o melhor da história, para Havelange, não seriam gols, jogadas,
craques. No ano passado, ele afirmou que o balanço que faz de cada
competição não se fundamenta
em critérios esportivos, mas na
cor final da contabilidade.
Desde 1974, o azul dos balancetes da Fifa tem ficado cada vez
mais forte. Naquela Copa, a entidade embolsou US$ 11 milhões,
evoluindo, a cada quatro anos, para US$ 18 milhões (Argentina-78),
US$ 66 milhões (Espanha-82),
US$ 88 milhões (México-86), US$
102 milhões (Itália-90) e US$ 230
milhões (EUA-94).
Muito? Quase nada, comparando com os contratos de venda dos
direitos de marketing e televisão
das Copas de 2002 e 2006 para a
empresa de marketing ISL.
Pelo Mundial de 2002, na Ásia, a
Fifa receberá US$ 1,2 bilhão pela
transmissão por TV e marketing.
Para o de 2006, cuja sede não foi
nem escolhida, US$ 1,6 bilhão.
A ISL pagará, portanto, US$ 2,8
bilhões para a Fifa e ficará com todo o lucro da venda do patrocínio
dos dois próximos Mundiais e da
cessão dos direitos de transmissão
de TV para todo o planeta.
Aventura arriscada? Pois os direitos das duas primeiras Copas
do século 21 desencadearam uma
disputa entre dois grandes grupos
do marketing esportivo, em torno
dos quais os dirigentes do futebol
se perfilaram, aprofundando a níveis jamais vistos o racha na Fifa.
Descontando o que transferirá
para confederações continentais,
federações nacionais e organizadores dos torneios, nos próximos
dez anos a Fifa embolsará US$ 4
bilhões (TV e marketing das Copas mais patrocínios diversos), o
suficiente para comprar à vista,
sem um real em moeda podre, a
Companhia Vale do Rio Doce, até
agora a maior privatização do governo Fernando Henrique Cardoso, e ainda ficar com US$ 900 milhões para investimentos.
Mais do que uma potência com
faturamento invejado por muitas
multinacionais, a Fifa é a organização central do setor esportivo,
aquele que mais cresce na indústria de entretenimento mundial.
Segundo estudo da Fifa, o futebol emprega 400 milhões de pessoas, incluindo os funcionários
das indústrias de material esportivo, dos hotéis que hospedam delegações, das empresas aéreas que
transportam times, das agências
de publicidade que fazem anúncios, das indústrias de papel que
produzem a matéria-prima etc.
Esse levantamento estima em
US$ 260 bilhões anuais o impacto
do futebol na economia mundial.
Como referência, embora sejam
grandezas diferentes (impacto não
é igual a patrimônio), a maior empresa do mundo, o Citigroup, recém-criada com a fusão entre o
Citicorp e o grupo Travelers, tem
ações que valem US$ 140 bilhões.
Na Inglaterra, as equipes são
empresas com ações na Bolsa -se
uma cotação despenca, cai o técnico. Por toda a Europa, os clubes
estão virando sociedades anônimas, com intenção de gerar lucro.
Na Itália, o futebol já responde
por 2% do Produto Interno Bruto
(PIB, soma de bens e serviços produzidos em um ano) e tem enorme possibilidade de crescimento.
O esporte representa 3,5% do
PIB dos EUA, um dos países onde
o futebol pode agigantar-se como
negócio, como Brasil e China.
Uma projeção feita pela equipe
de Pelé no Ministério Extraordinário dos Esportes estimou, na
economia brasileira, em apenas
0,1% do PIB o impacto do esporte,
que teria potencial para, em menos de dez anos, alcançar 4%.
O que se discute hoje não são os
métodos de Havelange e seu candidato, Joseph Blatter, qualificados como ditatoriais pela oposição, nem as piadas sobre negros
contadas por Lennart Johansson,
tido como racista pela situação.
Essas são questões que circundam, ou escondem, o essencial: os
negócios bilionários do futebol.
A longevidade de João Havelange na Fifa é explicada em parte pelo sistema de poder na entidade.
Os 146 países filiados no congresso de 1974 devem ser 210 em
1998: 193 com direito a voto, 11
sem (porque não participaram de
pelo menos duas competições oficiais nos últimos quatro anos) e os
6 novos propostos pelo Comitê
Executivo, incluindo a Palestina.
A ONU tem 185 membros. A diferença é que muitas colônias, no
futebol, são independentes. O Reino Unido, um só na ONU, se divide em quatro na Fifa. O voto é unitário na entidade, na qual nenhum
país tem peso maior do que outro.
Desde a posse e com apoio da
Coca-Cola, Havelange levou ao
mundo todo médicos, preparadores físicos, treinadores e jogadores
que transmitiam informações técnicas. Mesmo simbólica, era uma
forma de distribuição de riqueza
no futebol, antes eurocentrista.
Com a transformação da paixão
popular num imenso negócio, o
apoio de São Vicente e Granadinas, no Caribe, tornou-se tão valioso para as grandes decisões da
Fifa quanto o das campeãs mundiais Argentina, Itália e Alemanha.
Ao repartir uma parcela, mesmo
pequena, do faturamento da Fifa,
Havelange obteve apoios fundamentais. Um exemplo: em 1997,
ao ser atacado com virulência por causa do acordo com a ISL para
2002 e 2006, deu US$ 1 milhão para cada federação filiada, mesmo
se ela, como a de Andorra, não tivesse campeonatos profissionais.
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