São Paulo, quinta-feira, 09 de maio de 2002

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EDUCAÇÃO

Apesar dos avanços alcançados, 59,9% da população com mais de dez anos não completou o ensino fundamental

Escolarização aumenta no país

DA SUCURSAL DO RIO

Os números da educação do Censo 2000 podem servir à argumentação tanto dos otimistas quanto dos pessimistas em relação ao setor no Brasil.
Os pessimistas podem ressaltar que 9 em cada 10 crianças de zero a três anos não frequentam creche (a taxa de escolarização nessa faixa etária é de 11,6%).
Podem dizer também que cerca de um terço da população (31,4%) com mais de dez anos de idade pode ser considerada analfabeta ou analfabeta funcional, já que não completou sequer o primeiro ciclo do ensino fundamental, que vai até a quarta série.
Os dados mostram ainda que mais da metade (59,9%) da população brasileira com mais de dez anos não conseguiu concluir o ensino fundamental (antigo primeiro grau), pois tem menos de oito anos completos de estudo.
Os otimistas, por outro lado, podem se basear na comparação entre os números do Censo 2000 com o de 1991. A taxa de escolarização (porcentagem de pessoas que frequentam a escola) cresceu em todas as faixas etárias.
Na faixa de cinco e seis anos, pulou de 37,2% para 71,9%. Entre os que têm de sete a 14 anos, idade em que é obrigatória a matrícula, o país atingiu o percentual de 94,9% das crianças na escola. Esse indicador era de 79,5% em 91.
A comparação entre o número de estudantes em determinado nível de ensino é ainda mais positiva. O número dos que faziam curso de alfabetização de adultos cresceu de 79 mil para 536 mil, ou seja, quase seis vezes.
A variação foi positiva em todos os níveis de ensino. Na pré-escola, foi de 196%, com a inclusão de 4,7 milhões de crianças de 1991 para 2000. No ensino médio, o avanço foi da mesma magnitude. Cresceu 209%, com a inclusão, também, de 4,7 milhões de jovens.
No topo da pirâmide da educação, também houve melhora. O número de pessoas que estudavam em cursos de mestrado e doutorado cresceu de 52 mil para 218 mil, o que representa um aumento de 319% de 1991 para 2000.
A porcentagem de pessoas que completaram 15 anos de estudo, o que indica formação em nível superior, aumentou de 3,6% para 4,1% da população.
Em 2000, o IBGE perguntou pela primeira vez se o estudante estava matriculado em instituição pública ou particular. Os níveis em que a presença do poder público é mais tímida são o ensino superior (29,1% dos estudantes) e os pré-vestibulares, nos quais apenas 11,3% dos alunos estudavam em instituições públicas.
Para Regina de Assis, ex-integrante do Conselho Nacional de Educação e especialista em educação infantil, o dado de cobertura em creches preocupa: "O que essa estatística revela é que a cobertura de atendimento em creches por parte do poder público é ridícula. Os que têm acesso muitas vezes deixam seus filhos nas mãos de pessoas sem qualificação mínima para atender a criança".
Na avaliação da técnica do IBGE Dolores Kappel, os avanços nas taxas de escolarização foram significativos, mas a situação ainda é insatisfatória em algumas regiões do país. No Piauí, no Maranhão e na Paraíba, mais da metade da população com mais de dez anos tem menos de três anos de estudo. (ANTÔNIO GOIS)


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