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EDUCAÇÃO
Apesar dos avanços alcançados, 59,9% da população com mais de dez anos não completou o ensino fundamental
Escolarização aumenta no país
DA SUCURSAL DO RIO
Os números da educação do
Censo 2000 podem servir à argumentação tanto dos otimistas
quanto dos pessimistas em relação ao setor no Brasil.
Os pessimistas podem ressaltar
que 9 em cada 10 crianças de zero
a três anos não frequentam creche
(a taxa de escolarização nessa faixa etária é de 11,6%).
Podem dizer também que cerca
de um terço da população (31,4%)
com mais de dez anos de idade
pode ser considerada analfabeta
ou analfabeta funcional, já que
não completou sequer o primeiro
ciclo do ensino fundamental, que
vai até a quarta série.
Os dados mostram ainda que
mais da metade (59,9%) da população brasileira com mais de dez
anos não conseguiu concluir o ensino fundamental (antigo primeiro grau), pois tem menos de oito
anos completos de estudo.
Os otimistas, por outro lado,
podem se basear na comparação
entre os números do Censo 2000
com o de 1991. A taxa de escolarização (porcentagem de pessoas
que frequentam a escola) cresceu
em todas as faixas etárias.
Na faixa de cinco e seis anos, pulou de 37,2% para 71,9%. Entre os
que têm de sete a 14 anos, idade
em que é obrigatória a matrícula,
o país atingiu o percentual de
94,9% das crianças na escola. Esse
indicador era de 79,5% em 91.
A comparação entre o número
de estudantes em determinado
nível de ensino é ainda mais positiva. O número dos que faziam
curso de alfabetização de adultos
cresceu de 79 mil para 536 mil, ou
seja, quase seis vezes.
A variação foi positiva em todos
os níveis de ensino. Na pré-escola,
foi de 196%, com a inclusão de 4,7
milhões de crianças de 1991 para
2000. No ensino médio, o avanço
foi da mesma magnitude. Cresceu
209%, com a inclusão, também,
de 4,7 milhões de jovens.
No topo da pirâmide da educação, também houve melhora. O
número de pessoas que estudavam em cursos de mestrado e
doutorado cresceu de 52 mil para
218 mil, o que representa um aumento de 319% de 1991 para 2000.
A porcentagem de pessoas que
completaram 15 anos de estudo, o
que indica formação em nível superior, aumentou de 3,6% para
4,1% da população.
Em 2000, o IBGE perguntou pela primeira vez se o estudante estava matriculado em instituição
pública ou particular. Os níveis
em que a presença do poder público é mais tímida são o ensino
superior (29,1% dos estudantes) e
os pré-vestibulares, nos quais
apenas 11,3% dos alunos estudavam em instituições públicas.
Para Regina de Assis, ex-integrante do Conselho Nacional de
Educação e especialista em educação infantil, o dado de cobertura em creches preocupa: "O que
essa estatística revela é que a cobertura de atendimento em creches por parte do poder público é
ridícula. Os que têm acesso muitas vezes deixam seus filhos nas
mãos de pessoas sem qualificação
mínima para atender a criança".
Na avaliação da técnica do IBGE
Dolores Kappel, os avanços nas
taxas de escolarização foram significativos, mas a situação ainda é
insatisfatória em algumas regiões
do país. No Piauí, no Maranhão e
na Paraíba, mais da metade da
população com mais de dez anos
tem menos de três anos de estudo.
(ANTÔNIO GOIS)
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