São Paulo, quinta-feira, 10 de novembro de 2011

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Eduardo Pacheco

HURRA!
www.hurra.org.br


Gritos de paz

De olho nos diferenciais do rúgbi, administrador insere o esporte da bola oval em escolas públicas de SP

CRISTIANO CIPRIANO POMBO

DE SÃO PAULO

- Ei, o que você faz?
- Tenho uma ONG de rúgbi.
- Um esporte tão violento...
- De jeito nenhum!
O diálogo, iniciado em 2008, entre o administrador Eduardo Pacheco e Chaves e a professora Patrícia Tavares foi divisor de águas na Hurra!, criada há três anos por quatro jogadores de rúgbi.
Com olho roxo e arranhões herdados de jogo na véspera, não foi fácil Eduardo convencer a recém-conhecida e futura mulher de que sua paixão era "o" esporte da inclusão.
Mas ele a conquistou, tanto que Patrícia virou coordenadora pedagógica da ONG.
Atrair pessoas para a Hurra! é natural em Eduardo.
"Em casa e com o meu avô, que ajudou a criar o PMDB, aprendi que é preciso fazer algo para ajudar o Brasil."
Isso ficou mais claro após ter sido baleado por dois jovens em um caixa eletrônico. "Tive medo, mas o preparo do rúgbi ajudou. E senti que eu tinha algo a fazer na vida."
O episódio minou a carreira de atleta e deu contornos à face do empreendedor.
Assim, ele deixou o talento com vendas, especializou-se em empreendedorismo social e garimpou por ONGs.
E precisou de um ano e meio para construir o método educativo da Hurra!, que inseriu a bola oval no cotidiano de 350 crianças que hoje jogam o rúgbi tag -que não inclui contato corporal.

VILÃO DO BEM
"Quem é Eduardo? Não sei. Ah, aquele é o Gargamel!" é o que se ouve das crianças.
O apelido, recebido aos 17 anos, ainda identifica Eduardo. E o jeito como as crianças o cumprimentam também, em toques alegres de dedos.
"A Hurra! é delas. Gosto de ser amigo delas. O rúgbi não exclui, constrói amizades."
Ele se orgulha do que o esporte é capaz. Brada que, se a torcida ofende alguém, o time é punido. "E joga gordinho, menina, magrinho."
Agora ele foca as ações no Terceiro Tempo, a "terapia em grupo" do rúgbi, em que árbitros, times e torcidas confraternizam após o jogo. "Na periferia, o usaremos para abordar a realidade da criança.
Mas ainda engatinhamos nisso, pois requer cuidado."
Mesmo exigido com a chegada da filha, Beatriz, de seis meses, Eduardo já vê parcerias até na África: "Se o rúgbi me permite fazer amigos pra sempre, por que fronteiras?"

INOVAÇÃO
Desenvolveu um método eficiente que mescla atividades de disseminação do rúgbi com inserção da modalidade em equipamentos públicos por meio da formação de professores de educação física no papel de multiplicadores do esporte e transformadores sociais

IMPACTO SOCIAL
Beneficia diretamente 350 crianças em 17 CEUs (Centro Educacional Unificado) na periferia das zonas sul e leste da capital paulista

ORÇAMENTO 2011
R$ 830 mil (4 parceiros)

QUEM É
Campeão brasileiro juvenil de rúgbi em 1989, Eduardo Pacheco e Chaves, o Gargamel, 41, é administrador e casado; acaba de ter sua primeira filha


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