São Paulo, quinta-feira, 10 de novembro de 2011

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Claudia Vidigal

INSTITUTO FAZENDO HISTÓRIA
www.fazendohistoria.org.br


Álbum de figurinhas

Por meio de coloridos diários, psicóloga registra a singularidade das histórias de crianças em abrigos

GABRIELA ROMEU

DE SÃO PAULO

Ao falar horas sobre sua trajetória pessoal, a psicóloga Claudia Vidigal descobre lá pelas tantas que tem uma história meio sem graça, uma "vida normalzinha", sem clímax surpreendente.
Vista por esse viés, sua história de vida poderia ser resumida em poucas linhas. Nascida numa abastada família paulistana, estudou em colégio de elite, passava férias na fazenda da avó, casou, descasou, tornou a casar, virou mãe de dois meninos.
Mas para isso seria preciso suprimir de sua biografia um capítulo especial: a criação do Instituto Fazendo História, que propõe olhar a singularidade das crianças em abrigos espalhados pelo país.
Esse capítulo começou a ser escrito em 1999, quando passou a atender voluntariamente crianças dessas instituições em seu consultório.
Percebeu que não eram "as crianças do abrigo". Eram o Alex, a Flávia, o Bruno e tantos outros nomes de uma infância invisível, muitas vezes fora das estatísticas.
Em pouco tempo, estava em um abrigo com bebês que pareciam não ser personagens principais de história nenhuma. Criou um sistema de plaquinhas que os identificavam no berço, registros sobre o primeiro engatinhar.
Nessa época, Claudia andava às voltas com "uma tchurminha cheia de grana e de conhecimentos sociais". Mas, ao olhar toda aquela suntuosidade ao redor, passou a se questionar: "Por que estou nessa onda?" Aquele enredo não parecia ser o seu.

CORRIDA DE AVENTURA
No trabalho, Cau, como é conhecida, vivia uma maratona de heroína de livro de aventuras. "Estava bombando", diz a atleta de competições como o Ecomotion.
Foi nesse período que conheceu 20 adolescentes grávidas, que viviam em abrigos. Juntas, liam "Capitães da Areia", compartilhavam segredos, riam e choravam.
Tudo era registrado em álbuns. Enquanto as meninas gestavam seus bebês e recordavam suas sagas particulares, nascia o Fazendo Minha História, hoje um dos quatro programas do instituto.
O registro dessas histórias, observa hoje, nada mais é que um olhar para o outro, algo que a fascina desde menina e que herdou da avó materna, "grande colo" da família.
No epílogo da conversa, depois de abrir o álbum de sua vida, ela para e pondera: "Como é bom poder contar a história da gente, né?"

QUEM É
Corredora de aventura, Claudia de Freitas Vidigal, 37, a Cau, é psicóloga, nasceu e vive em São Paulo com o marido e os dois filhos

INOVAÇÃO
Criou a tecnologia social Fazendo Minha História, que registra a história, os sonhos e os planos de cada criança e adolescente em abrigos

IMPACTO SOCIAL Beneficia mais de mil crianças e adolescentes por ano em 105 abrigos de seis Estados, do DF e da Costa Rica

ORÇAMENTO 2011
R$ 894.332 (14 parceiros)

POLÍTICAS PÚBLICAS
Tem elevado o nível de atendimento nos abrigos em parceria com órgãos públicos


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