São Paulo, quinta-feira, 10 de novembro de 2011 |
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Dagmar Garroux CASADO ZEZINHO www.casadozezinho.org.br No fim do arco-íris Em um grande "puxadinho" amarelo, educadora promove a autonomia de pensamento e de ação RACHEL AÑÓN COLABORAÇÃO PARA A FOLHA "Sou contra!" Provavelmente essa será uma das frases mais ouvidas em uma conversa com a educadora Dagmar Garroux. Mas não se engane: a provocação visa trazer reflexão, argumento e, sobretudo, ação. São essas premissas que norteiam a pedagogia do Arco-Íris na Casa do Zezinho. Saem de cena crianças e jovens vítimas da pobreza, entram zezinhos protagonistas de uma história que transcende o Parque Santo Antônio, na zona sul de São Paulo. A educadora conta que a indignação está no seu DNA. Inspirada por pais liberais, cursou pedagogia na USP (Universidade de São Paulo), foi às ruas contra a ditadura, sumiu para a Bahia e voltou. Não se encaixou na escola tradicional e optou por trabalhar em casa, dando aula aos filhos de exilados políticos. As crianças da favela desceram do morro e bateram à sua porta. Juntou forças com amigas "da pá virada" e o marido. Em 1994, ganhava vida a Casa do Zezinho. Desde então, os caminhos não pararam mais de se abrir. Tia Dag, mais que um apelido famoso, virou referência contra dogmas da educação. ENTRE SAPOS E LIVROS Sempre rodeada de pessoas, Dagmar trabalha em uma mesa redonda coberta por sapos, tartarugas e livros. Os zezinhos entram e saem da sala, sem cerimônia. Um deles se aproxima, e ela percebe que está com frio. Com uma canetada, manda-o pegar uma meia no bazar. Ele volta e faz "OK" com o dedão. Logo depois, surge outro, de 28 anos, e, com a mesma assertividade, ela solta: "Tenho uma bolsa para estudar nos EUA. Tá a fim?" É da mesma forma que a educadora, fã confessa de Fagner, recebe empresários, celebridades e rappers. "Comigo é pá-pum. Aprendi com as crianças", avisa. A mulher forte, que afirma não sentir medo, revela dois momentos de dúvidas em sua vida: a perda da filha, recém-nascida, e depois a do pai, em um assalto. A primeira dor a jogou em uma jornada em busca do autoconhecimento. A segunda fez com que se afastasse da Casa. Até receber o telefonema de um zezinho, avisando que poderia se vingar do crime para ela voltar. "Meu pai morreu de pé defendendo seu lugar. Aprendi a lição e segui." Sobre quem é o zezinho original, a inspiração, segundo ela, vem do poema de Carlos Drummond de Andrade, "E Agora José?". Mas um sorriso maroto brota do fundo da alma e ela entrega: "O zezinho sou eu!" INOVAÇÃO Criou a pedagogia do Arco-Íris, que promove efetivamente o desenvolvimento de crianças e jovens em situação de vulnerabilidade e risco social em sete estágios de atividades IMPACTO SOCIAL Desde 1994, já beneficiou mais de 10 mil meninos e meninas, além de seus familiares, com atuação na zona sul de São Paulo ORÇAMENTO 2011 R$ 4,3 milhões (27 parceiros), além de fundo de reserva de R$ 1 milhão e auditoria financeira independente QUEM É Sincretista nata, Dagmar Garroux, Tia Dag, 57, é pedagoga, nasceu e vive em São Paulo com o marido e tem um filho Texto Anterior: Claudia Vidigal: Álbum de figurinhas Próximo Texto: Iraê Cardoso: Múltipla eficiência Índice | Comunicar Erros |
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