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dá tempo?
Ainda na maquete
Maioria dos estádios patina para iniciar as obras para 2014, em cenário que
já lembra o de atrasos do Pan
de 2007 no Rio
DE SÃO PAULO
Já se passaram dois anos e
oito meses desde que o Brasil
foi escolhido pela Fifa como
sede da Copa de 2014, e há
mais de um ano foram definidas as 12 cidades brasileiras
que receberão as partidas do
Mundial. Mas, restando quatro anos para o evento, apenas três estádios começaram
efetivamente a sair do papel.
Entre as arenas bancadas
por verba pública, somente o
Verdão, de Cuiabá, a Arena
Amazônia, de Manaus, e o
Mineirão, de Belo Horizonte,
iniciaram de fato as obras.
O prazo estabelecido originalmente pela Fifa para o início das obras foi o dia 31 de janeiro deste ano. Há um ano,
quando a Folha consultou
representantes das 12 cidades para saber quando os estádios começariam a ser preparados para o Mundial, todos prometeram que o cronograma seria cumprido.
Mas, em janeiro, nenhuma
das sedes havia concluído o
processo licitatório. A maioria nem sequer lançara os
editais. E só nos últimos dois
meses muitos dos contratos
das obras dos nove estádios
públicos ficaram prontos ou
começaram a tomar forma.
O Maracanã, no Rio, e o
Castelão, em Fortaleza, ainda não finalizaram as licitações. A Arena das Dunas, em
Natal, nem lançou o edital.
36 MESES
É muito pouco provável
que todos os estádios estejam prontos até o fim de 2012,
conforme a Fifa deseja. Mas
os arquitetos especializados
consultados pela reportagem
argumentam que ainda há
tempo para erguer uma arena até 2014.
"Em um processo muito
otimizado, é possível construir um estádio em 24 meses. Em geral, se você levar
em conta a chuva e outras
questões meteorológicas que
podem atrapalhar a obra, de
30 a 36 meses é um prazo
mais factível. E nós estamos a
48 meses da Copa, portanto,
ainda estamos dentro do
tempo", avalia José Roberto
Bernasconi, presidente do Sinaenco (Sindicato da Arquitetura e da Engenharia).
Ele alerta para o fato de
que o país precisará ter ao
menos quatro estádios prontos em 2013, para receber a
Copa das Confederações.
Para Bernasconi, o Brasil
já deve definir no próximo
semestre os detalhes relativos às obras do Mundial.
"Não pode deixar o tempo
passar para depois, na última hora, sair correndo, como aconteceu no Pan [do
Rio, em 2007]. Se tiver atraso, sai o pronto-socorro do
governo federal, manda dinheiro e faz um monte de coisas no atropelo", diz.
O fantasma do Pan volta a
pairar sobre o Brasil: as instalações do evento realizado
em julho de 2007 foram concluídas em cima da hora. O
roteiro é conhecido: atrasos
geraram uma explosão orçamentária e serviram de justificativa para a dispensa de licitação em vários contratos.
Agora, já houve tal dispensa no projeto executivo
do estádio de Natal -ocorrida, segundo a assessoria de
seu comitê organizador, por
conta de ""direitos autorais".
O argumento é o de que o
projeto inicial, que contou
com aval da Fifa, foi realizado pela mesma empresa incumbida da segunda fase do
projeto. Se outra firma assumisse, todo o estágio inicial
teria de ser descartado.
O Tribunal de Contas do
Estado analisa a dispensa de
licitação nos contratos, orçados em R$ 27,4 milhões, com
as empresas Stadia Projetos
Consultoria, que fará os projetos complementares do estádio, e com a Populous Arquitetura, responsável pelo
projeto principal. Entre todas as sedes públicas, Natal
é a mais atrasada.
(EDUARDO OHATA E MARIANA BASTOS)
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