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maracanazo 2.0?
1950/2014
CAROLINA ARAÚJO
DE SÃO PAULO
O cenário: políticos divididos a favor e contra a construção de um estádio de futebol que sediará, na maior cidade do país, o jogo de abertura da próxima Copa do
Mundo. Quatro anos antes
do torneio, não há uma definição oficial se tal estádio será mesmo construído.
Esse é o panorama atual
do debate sobre o papel de
São Paulo na Copa de 2014.
Mas descreve também a preparação para a Copa de 1950.
O Mundial de 60 anos
atrás foi modesto para os padrões atuais e não tinha o status, o público e, principalmente, os recursos de hoje.
Mas alguns problemas na
preparação para 2014 já apareceram antes da Copa-1950,
em que o Brasil, anfitrião e
favorito, perdeu a final para o
Uruguai em um Maracanã lotado, no episódio conhecido
como "Maracanazo".
Como a atual novela sobre
a eventual construção de um
estádio em Pirituba, o Maracanã, construído para os
principais jogos de 1950, foi
alvo de disputa política.
Rival do então prefeito do
Rio, Ângelo Mendes de Morais, o deputado Carlos Lacerda foi o maior opositor ao
novo estádio carioca.
As obras só começaram
em 1948, e o Maracanã foi
inaugurado inacabado, a
uma semana da Copa.
A afobação era visível: o
estádio foi aberto com andaimes nas arquibancadas. A
construção do maior estádio
do mundo só seria concluída
15 anos depois, em 1965.
O atraso não atingiu só o
Maracanã. O Independência,
em Belo Horizonte, também
construído para a Copa-1950,
foi erguido às pressas para
receber a grande zebra do
Mundial: a vitória dos EUA
sobre a Inglaterra (1 a 0).
Mas não é só a lentidão na
construção de estádios que
aproxima 1950 e 2014.
As grandes distâncias entre as cidades-sede, uma das
principais preocupações para 2014, já causavam problemas também nos anos 40.
As longas viagens fizeram
a França desistir da Copa brasileira -o time estrearia em
Porto Alegre e, dois dias depois, jogaria em Recife, em
uma viagem de 3.779 km.
A Copa de 2014 terá distâncias ainda maiores. Porto
Alegre e Manaus são separadas por 4.620 km. E, apesar
do intervalo de seis décadas,
as deficiências dos aeroportos fazem com que as distâncias continuem a ser tratadas
como um grande problema.
Tanto que Ricardo Teixeira, presidente do comitê organizador de 2014, já disse
que o país será dividido em
quatro regiões durante Copa,
para evitar longas viagens de
delegações e torcedores.
Tais gargalos, porém, não
impediram que o país fosse
escolhido para abrigar as
duas Copas. Contribuiu para
isso o fato de, nos dois pleitos, não haver concorrência.
Em 1946, quando o Brasil
foi confirmado sede de 1950,
a Europa mensurava os mortos e os prejuízos da Segunda
Guerra Mundial, e nenhum
país quis abrigar o torneio.
Para 2014, a Colômbia até
se mostrou interessada, mas
desistiu antes mesmo da eleição. Sem concorrentes, o
Brasil foi aclamado, em 2007,
o palco do próximo Mundial.
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