São Paulo, domingo, 14 de junho de 2009

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COMÉRCIO

Líder em dispensas, área é a que mais pretende contratar

Aumento de vendas estimula admissão em lojas, mas nem sempre em níveis hierárquicos superiores

RENATA DE GÁSPARI VALDEJÃO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Entre os três setores pesquisados pelo Datafolha, o comércio foi o que mais somou empresas que afirmaram demitido funcionários com nível superior -62%, contra 57% em serviços e 48% na indústria.
Por outro lado, esse também foi o ramo que mais afirmou (78%) pretender contratar profissionais desse nível.
Segundo o Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), do Ministério do Trabalho e Emprego, de novembro de 2008 a março de 2009, as dispensas cresceram 17,6%, contra 24% na indústria e 16,6% em serviços.
Nesse período, o setor mais contratou do que demitiu profissionais de nível superior: o saldo positivo foi de 1.827.
"O comércio não foi o segmento mais atingido", afirma Patricia Fadini, gerente da consultoria Ricardo Xavier.
Ela comenta que os reflexos da crise começaram a se dissipar em março, e que as demissões se concentraram em profissionais de recursos humanos e das áreas não ligadas ao negócio principal das companhias -como suporte, por exemplo.
Segundo Roque Pellizzaro Júnior, presidente da Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas, funcionários de nível superior são minoria no segmento. "Há pouca gente na área administrativa", diz.
"Lojas e supermercados não têm por prática buscar executivos de alto nível. Contratar mais vendedores do que diretores é a prática", atesta Matilde Berna, diretora de transição de carreira e avaliações da consultoria Right Management.
Aos poucos, ensaia-se recuperação. Em março, um levantamento da Fecomercio (Federação do Comércio do Estado de São Paulo) apontou elevação de 5,9% na taxa de empregos do setor em todos os níveis de escolaridade, se comparada com o mesmo mês de 2008.

Farmácia e supermercado
O crescimento das vendas no segmento de farmácias e perfumarias e no de supermercados foi o que mais contribuiu para o resultado, diz Guilherme Dietze, economista da federação. "O Dia das Mães ajudou; houve crescimento de 1,9% com relação ao ano passado."
Quanto aos supermercados, a ajuda veio do próprio produto. "As pessoas não deixam de consumir alimentos", conta.
Um título de MBA não fazia parte do currículo de 75% dos demitidos no comércio, mas isso não parece ter sido o motivo das demissões. "Na área do comércio, a capacidade de trazer resultados é mais valorizada do que um MBA", opina Berna.
"As demissões que aconteceram agora [neste ano] não tiveram nada a ver com MBA", reforça Marcelo Ferrari, diretor de desenvolvimento de negócios da consultoria Mercer. "Atingiram todos os níveis."


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