São Paulo, terça-feira, 17 de abril de 2007

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PAN - Rio 2007

Corpos moldados

Cada modalidade exige características físicas especificas de seus praticantes, que podem ser inatas ou lapidadas com treinamento e, muitas vezes, levam os atletas a trocarem de seara durante a vida

DA REPORTAGEM LOCAL

Se continuasse a fazer acrobacias na ginástica artística, Fabiana Murer poderia não vingar. Com 1,72 m, é gigante perto de atletas como Daiane dos Santos, 1,45 m.
A altura, no entanto, não se transformou em trunfo nem quando ela escolheu a nova carreira. Agora, Fabiana é baixinha para o salto com vara.
"Ela poderia ser um pouco mais alta. Mas não é o biótipo que faz com que ela se destaque, é a força de vontade", acredita o técnico Elson Miranda.
Como consolo, sua maior adversária, a russa Yelena Isinbayeva, recordista mundial, é só um centímetro mais alta.
Cada modalidade tem uma "fôrma" ideal. Para apresentar bons resultados, atletas não contam só com a boa preparação. A genética pode garantir passos à frente dos rivais.
Hugo Hoyama é o "modelo" do tênis de mesa: 1,69 m e 68 kg. Porém relembra casos em que a técnica fez os atletas superarem as dificuldades físicas.
"Um jogador mais baixo pode ser mais ágil. O mais alto tem mais força. Já vi campeão mundial baixinho com barriga de chope e um dos líderes do ranking com mais de dois metros. Há adaptação", afirma.
Em algumas modalidades, porém, a altura é motivo de corte. É o caso do vôlei, em que atletas com menos de 1,80 m cada vez têm menos chances. O handebol segue a mesma linha.
"A Rússia, atual campeã mundial, é a equipe mais alta. Temos dificuldades de jogar contra elas", conta Lucila, de 1,73 m, da seleção de handebol.
Em um cenário em que a força ganha destaque, só sobrevivem jogadoras habilidosas.
Se a altura inadequada pode prejudicar a performance em alguns esportes, em outros o peso é nota de corte. E nem sempre o problema é ser obeso.
Myke Carvalho classificou o Brasil entre os penas para o Pan de 2003. Mas não conseguiu se manter no peso, apesar de ainda ser bem magro.
"Já passei por cinco categorias. Acho que estabilizei agora", conta o atual meio-médio-ligeiro (até 64 kg) de 1,80 m, que segue dieta rigorosa.
Fernando Saraiva, do levantamento de peso, treina normalmente três quilos acima do ideal (até 94 kg). Próximo dos torneios, faz trabalho reforçado para atingir a meta.
O ideal, dizem os especialistas, é encontrar a dosagem perfeita de massa para cada um.
"A quantidade de massa gorda e magra está diretamente associada ao nível de performance do atleta", explica Emilson Colantonio, supervisor do Centro de Estudos em Pisicobiologia e Exercício da Universidade Federal de São Paulo.
"Se pegarmos os oito finalistas dos 100 m, veremos que a massa magra é bem desenvolvida porque eles dependem de explosão. Já o maratonista, apesar de não ser gordo, tem massa magra menor. A partir dessas avaliações é possível montar uma tabela nutricional adequada ao atleta", completa.


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