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PAN - Rio 2007
Corpos moldados
Cada modalidade exige características físicas especificas de seus praticantes, que podem ser inatas ou lapidadas com treinamento e, muitas vezes, levam os atletas a trocarem de seara durante a vida
DA REPORTAGEM LOCAL
Se continuasse a fazer
acrobacias na ginástica artística, Fabiana
Murer poderia não
vingar. Com 1,72 m, é
gigante perto de atletas como
Daiane dos Santos, 1,45 m.
A altura, no entanto, não se
transformou em trunfo nem
quando ela escolheu a nova
carreira. Agora, Fabiana é baixinha para o salto com vara.
"Ela poderia ser um pouco
mais alta. Mas não é o biótipo
que faz com que ela se destaque, é a força de vontade", acredita o técnico Elson Miranda.
Como consolo, sua maior adversária, a russa Yelena Isinbayeva, recordista mundial, é só
um centímetro mais alta.
Cada modalidade tem uma
"fôrma" ideal. Para apresentar
bons resultados, atletas não
contam só com a boa preparação. A genética pode garantir
passos à frente dos rivais.
Hugo Hoyama é o "modelo"
do tênis de mesa: 1,69 m e 68
kg. Porém relembra casos em
que a técnica fez os atletas superarem as dificuldades físicas.
"Um jogador mais baixo pode ser mais ágil. O mais alto
tem mais força. Já vi campeão
mundial baixinho com barriga
de chope e um dos líderes do
ranking com mais de dois metros. Há adaptação", afirma.
Em algumas modalidades,
porém, a altura é motivo de
corte. É o caso do vôlei, em que
atletas com menos de 1,80 m
cada vez têm menos chances. O
handebol segue a mesma linha.
"A Rússia, atual campeã
mundial, é a equipe mais alta.
Temos dificuldades de jogar
contra elas", conta Lucila, de
1,73 m, da seleção de handebol.
Em um cenário em que a força ganha destaque, só sobrevivem jogadoras habilidosas.
Se a altura inadequada pode
prejudicar a performance em
alguns esportes, em outros o
peso é nota de corte. E nem
sempre o problema é ser obeso.
Myke Carvalho classificou o
Brasil entre os penas para o
Pan de 2003. Mas não conseguiu se manter no peso, apesar
de ainda ser bem magro.
"Já passei por cinco categorias. Acho que estabilizei agora", conta o atual meio-médio-ligeiro (até 64 kg) de 1,80 m,
que segue dieta rigorosa.
Fernando Saraiva, do levantamento de peso, treina normalmente três quilos acima do
ideal (até 94 kg). Próximo dos
torneios, faz trabalho reforçado para atingir a meta.
O ideal, dizem os especialistas, é encontrar a dosagem perfeita de massa para cada um.
"A quantidade de massa gorda e magra está diretamente
associada ao nível de performance do atleta", explica Emilson Colantonio, supervisor do
Centro de Estudos em Pisicobiologia e Exercício da Universidade Federal de São Paulo.
"Se pegarmos os oito finalistas dos 100 m, veremos que a
massa magra é bem desenvolvida porque eles dependem de
explosão. Já o maratonista,
apesar de não ser gordo, tem
massa magra menor. A partir
dessas avaliações é possível
montar uma tabela nutricional
adequada ao atleta", completa.
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