São Paulo, terça-feira, 17 de abril de 2007

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PAN - Rio 2007

Relógio biológico

Exigências dos esportes, dos corpos castigados e da vida social determinam o prazo de validade dos competidores, que, com cuidados especiais, tentam se tornar exceções

DA REPORTAGEM LOCAL

Poucos atletas conseguem se manter competitivos após os 35 anos. O veredicto proferido por Hugo Hoyama aos que se dedicam ao tênis de mesa é quase uma antítese do caminho que ele mesmo escolheu percorrer.
Ciente da data que marca a maior parte das aposentadorias de seus colegas, decidiu redobrar os cuidados com o corpo para disputar o Pan do Rio.
Aos 37 -completa 38 no mês que vem-, tentará se tornar o brasileiro com mais medalhas na história da competição.
"Desde que soube que os Jogos seriam no Rio, tracei a meta de estar lá. Desses anos para cá, estou acompanhando mais a parte física. É para ver se está tudo em ordem, se posso forçar no treino ou não", afirma ele.
O acúmulo dos anos provoca mudanças que atingem cada modalidade de forma diferente. A flexibilidade, por exemplo, alcança o nível máximo no corpo aos dez anos. Depois, cai gradativamente. Por isso, as ginastas começam a competir na infância e têm vida ativa curta.
Atletas que necessitam de força muscular alcançam o auge entre os 20 e os 30 anos.
Por isso, o Pan é encarado por alguns só como uma etapa. Fernando Saraiva, 17, é apontado como a maior revelação nacional no levantamento de peso nos últimos anos. Em 2006, foi considerado o melhor atleta sub-17 das Américas, título nunca antes obtido pelo Brasil.
"O Pan servirá de experiência. Preparamos o Fernando para disputar medalha em 2011, quando ele terá 21 anos", diz o técnico Edmílson Dantas.
Um pesista começa a conquistar bons resultados após dez anos de treino -Fernando começou aos 11.
Mais precoce, a judoca Danielle Zangrando já estava na equipe adulta aos 15. Aos 27, sabe que o fim está próximo. No Brasil, as atletas deixam o tatame, em média, aos 30 anos.
A força e a potência vão embora com a idade, mas o fôlego pode aumentar. É o que mostra Vanderlei Cordeiro de Lima, 37, favorito ao ouro no Pan.
Com o tempo, os fundistas desenvolvem um sistema mais eficiente de captação e distribuição de oxigênio e tornam-se mais resistentes ao esforço.
Mesma expectativa vive Fabiana Murer, 26. Ela pretende disputar o salto com vara nas próximas duas Olimpíadas.
"Em 2012 [nos Jogos de Londres], vou estar com 31 anos. Se estiver bem, não vou parar. O atleta mais velho que compete no circuito mundial [Jeff Hartwig, dos EUA] vai fazer 40."


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