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PAN - Rio 2007
Cochilo de beleza
Além de noites bem dormidas, atletas investem em sonecas entre os treinos, que, segundo especialistas, são essenciais para recuperar o corpo e gravar na memória o que foi aprendido
DA REPORTAGEM LOCAL
Rosângela Conceição
fecha os olhos, o ônibus sacoleja e segue
adiante. A cena se repete por todo o caminho de São Paulo até o ABC.
A lutadora encara o périplo
todos os dias para treinar. Representante do Brasil no Pan,
pode ter sua preparação prejudicada pela falta de um carro.
Sem ele para ir de um local a
outro, não consegue descansar.
Ela inicia sua rotina às 5h.
Uma hora depois, está na academia, onde treina até as 10h.
Sai de lá, almoça e ruma para
outra cidade, para outro treino.
"Meu técnico pede que eu
durma de 40 minutos a uma
hora para recuperar o fôlego.
Mas não consigo", lamenta.
Esse cochilo ajudaria a atleta
não só a retomar o fôlego.
"Durante o sono, há a recuperação física e também são
consolidadas as informações
aprendidas no dia", diz Hanna
Karen Antunes, pesquisadora
do Instituto do Sono da Universidade Federal de São Paulo. "A falta de sono gera problemas de humor, de cognição e físicos. Se não dormir bem e continuar a treinar, o atleta pode
se prejudicar", completa ela.
Para alguns, a sesta é regra.
Paula Pequeno não consegue
treinar bem à tarde se não cochilar após o almoço. No Mundial de vôlei do Japão-06, as
atletas reclamaram por jogar
no horário em que dormem.
O handebol chega a programar treinos em três períodos.
"São duas horas em cada sessão. As jogadoras vão para o
quarto às 13h e, se não ligarem
para chamá-las, ninguém acorda", diz Lucila, da seleção.
A judoca Danielle Zangrando
até "exagera". Se não cochilar
de duas a três horas, não rende.
Nem todos, porém, respondem bem à sesta. Cada indivíduo tem uma característica de
sono, que deve ser respeitada
até entre os atletas. "Alguns
precisam de dez horas na cama,
outros, de cinco. Alguns rendem mais de manhã, outros à
tarde e à noite. Desrespeitar essas características pode ser
prejudicial. O ideal é trabalhar
com elas", afirma Hanna.
Hugo Hoyama é um bom
exemplo. A soneca da tarde
deixa o mesa-tenista "mole".
Após o almoço, ele assiste à TV.
Myke Carvalho, do boxe, segue
a mesma rotina. Aos domingos,
apenas descansa. "Não dá nem
para ir atrás de namorada", diz.
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