São Paulo, terça-feira, 17 de abril de 2007

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PAN - Rio 2007

Cochilo de beleza

Além de noites bem dormidas, atletas investem em sonecas entre os treinos, que, segundo especialistas, são essenciais para recuperar o corpo e gravar na memória o que foi aprendido

DA REPORTAGEM LOCAL

Rosângela Conceição fecha os olhos, o ônibus sacoleja e segue adiante. A cena se repete por todo o caminho de São Paulo até o ABC.
A lutadora encara o périplo todos os dias para treinar. Representante do Brasil no Pan, pode ter sua preparação prejudicada pela falta de um carro. Sem ele para ir de um local a outro, não consegue descansar.
Ela inicia sua rotina às 5h. Uma hora depois, está na academia, onde treina até as 10h. Sai de lá, almoça e ruma para outra cidade, para outro treino.
"Meu técnico pede que eu durma de 40 minutos a uma hora para recuperar o fôlego. Mas não consigo", lamenta.
Esse cochilo ajudaria a atleta não só a retomar o fôlego.
"Durante o sono, há a recuperação física e também são consolidadas as informações aprendidas no dia", diz Hanna Karen Antunes, pesquisadora do Instituto do Sono da Universidade Federal de São Paulo. "A falta de sono gera problemas de humor, de cognição e físicos. Se não dormir bem e continuar a treinar, o atleta pode se prejudicar", completa ela.
Para alguns, a sesta é regra. Paula Pequeno não consegue treinar bem à tarde se não cochilar após o almoço. No Mundial de vôlei do Japão-06, as atletas reclamaram por jogar no horário em que dormem.
O handebol chega a programar treinos em três períodos.
"São duas horas em cada sessão. As jogadoras vão para o quarto às 13h e, se não ligarem para chamá-las, ninguém acorda", diz Lucila, da seleção.
A judoca Danielle Zangrando até "exagera". Se não cochilar de duas a três horas, não rende.
Nem todos, porém, respondem bem à sesta. Cada indivíduo tem uma característica de sono, que deve ser respeitada até entre os atletas. "Alguns precisam de dez horas na cama, outros, de cinco. Alguns rendem mais de manhã, outros à tarde e à noite. Desrespeitar essas características pode ser prejudicial. O ideal é trabalhar com elas", afirma Hanna.
Hugo Hoyama é um bom exemplo. A soneca da tarde deixa o mesa-tenista "mole". Após o almoço, ele assiste à TV. Myke Carvalho, do boxe, segue a mesma rotina. Aos domingos, apenas descansa. "Não dá nem para ir atrás de namorada", diz.


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