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PAN - Rio 2007
Eu estava lá
"Aprendi a respeitar os adversários" João Havelange
DA REPORTAGEM LOCAL
Um grupo de amadores, todos vindo de
clubes de São Paulo e do Rio, integrou a seleção de
pólo aquático do Brasil na primeira edição do Pan-Americano, em Buenos Aires-1951.
Entre os veteranos daquela
turma estava João Havelange,
futuro presidente da CBD
(Confederação Brasileira de
Desportos), que cuidava de 23
modalidades, e por 24 anos
mandatário da Fifa, entidade
que dirige o futebol mundial.
O dirigente elogia a organização do 1º Pan-Americano, mas
afirma ser impossível fazer um
paralelo com a dimensão que
os Jogos teriam no futuro.
"Não se pode comparar o
Pan da Argentina, há mais de
40 anos, com o do Rio de Janeiro. As condições àquela ocasião
eram bem mais simples do que
as que assistimos nos últimos
dez anos", rememora Havelange, que dará seu nome ao principal estádio do Pan carioca.
"Esse Pan de Buenos Aires, à
sua época, foi bem organizado
e com instalações de valor",
acrescenta, referindo-se ao
evento que teve a participação
de 21 países das Américas, que
competiram em 20 esportes.
Um personagem em particular aproveitou o Pan para atrair
a atenção e testar sua popularidade. "Considero o lado mais
marcante daquela competição
a presença, quase constante, do
presidente Perón [que governou a Argentina de 1945 a 1955
e de 1973 a 1974]", conta ele.
O Brasil da época desconhecia o uso de tecnologia no esporte e, diante da quase ausência de adeptos, os atletas tinham trajetória incomum. Foi
o caso de Havelange, que começou na natação, na qual disputou os 400 m e 1.500 m na
Olimpíada de Berlim, em 1936.
Paralelamente a essa carreira, praticava pólo aquático desde 1935. Na nova modalidade,
ganhou a prata no Pan de 1951 e
foi à Olimpíada em Helsinque,
16 anos depois de sua estréia.
Mas os treinos da equipe nacional eram para lá de amadores, com ninguém se dedicando
exclusivamente ao esporte.
"Os jogadores da seleção
eram do Rio de Janeiro e de
São Paulo. Os constantes treinos não eram fáceis, uma vez
que, além da distância, todos tinham obrigações a cumprir,
devido aos empregos ou às outras funções que exerciam."
No torneio do Pan, houve a
participação de cinco países:
Argentina, Brasil, EUA, México
e Chile. Os dois primeiros times eram os mais fortes e decidiram o título, com vitória argentina, que terminou a disputa invicta, com quatro vitórias.
Os brasileiros fizeram campanha com três vitórias e só
caíram diante dos anfitriões.
"O jogo final foi, sem sombra
de dúvida, difícil, pela rivalidade existente. Também por serem as duas equipes mais bem
preparadas. Indiscutivelmente
foi um torneio que deixou saudade", recorda-se o ex-jogador.
Para Havelange, sua única
participação em Pans trouxe lições que seriam seguidas por
ele na carreira de dirigente.
"Aprendi a respeitar os adversários, compreender o valor
das instalações e a organização
de Jogos dessa natureza. Enfim, aprendi a respeitar o que
nos ofereciam", afirma ele.
"E, com base nisso, ao chegar
à Fifa, como presidente, tentei
oferecer uma nova administração ao desenvolvimento total
do esporte", acrescentou.
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