DA REPORTAGEM LOCAL

"O Tietê deve ser o primeiro a fechar as portas. É o clube que explica a história esportiva de São Paulo, berço de Maria Lenk, de Maria Esther Bueno e da primeira pista de atletismo do país."
Quem decreta o fim do clube centenário é Henrique Nicolini, 81, jornalista e pesquisador do esporte no Estado. Para ele, a situação do Tietê exemplifica a crise dos clubes na cena esportiva atual.
Fundado às margens do rio homônimo, o clube de regatas _hoje com salas vazias e espaços deteriorados_ está na história do esporte nacional. A primeira pista oficial de atletismo do Brasil foi construída lá, para o Sul-Americano de 1937. Hoje é cem metros mais curta. Perdeu espaço para as engarrafadas vias da Marginal.
Já a primeira piscina olímpica do país sobrevive intacta, apesar de o clube ter tido os fornecimentos de água e luz cortados há dois anos.
Além das instalações, o Tietê (hoje com cerca de 2.500 sócios, número que já foi 30 mil nos anos 70) se notabilizou por revelar atletas.
A nadadora Maria Lenk e sua irmã Sieglinde deram as primeiras braçadas lá.
Nos anos 60, Amaury Pasos, campeão mundial com a seleção, desafiava até 20 meninos a tentar simultaneamente roubar-lhe a bola no ginásio de basquete.
Naquela época, a brasileira com mais títulos de Grand Slam de tênis, Maria Esther Bueno, treinava no Tietê.
Como muitos outros associados, hoje não freqüenta mais o clube. Decidiu não ir mais lá após ter sido barrada na porta diante da estátua que a homenageia. Tentou entrar sem carteirinha.
O último grande ídolo brasileiro a treinar lá foi Ayrton Senna, sócio do clube, que fazia condicionamento físico na pista e na piscina.
Instalações que estão na história. E que devem mudar de mãos em 2009, quando vence a concessão do terreno para o clube. A prefeitura já informou à direção que não quer renovar o vínculo.(LF)


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