São Paulo, domingo, 17 de junho de 2007

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Artigo

Sistema australiano sofreu intervenção

PAUL KITCHIN
ESPECIAL PARA A FOLHA

O SISTEMA australiano de esporte experimenta um grande sucesso nos últimos 25 anos.
Isso não é fruto da sorte, mas da coordenação e gerenciamento de um sistema complexo que abrange um território do tamanho dos Estados Unidos. Uma das três nações presentes a todos os Jogos Olímpicos desde 1896, a Austrália tem uma antiga tradição esportiva.
O sistema de clubes desenvolveu atletas do esporte local a padrões internacionais e foi a razão do sucesso do país, especialmente ao longo dos "anos dourados" da década de 50.
Imune a influências políticas ou comerciais, o modelo gerou alguns dos nomes mais celebrados da história do esporte australiano, como os tenistas Rod Laver e Ken Rosewall e os corredores John Landy e Ron Clarke, entre outros.
Contudo os Jogos Olímpicos de Montréal, em 1976, motivaram os australianos a mudarem o paradigma. A delegação obteve só três bronzes no evento, desempenho que desapontou muitos torcedores.
Isso convenceu os políticos da percepção de que o sistema de clubes, que havia produzido sucesso ao longo de tanto tempo, não era mais tão confiável face ao crescimento da competitividade internacional.
Ficou constatado, então, que a estrutura estava trabalhando contra, e não mais a favor dos atletas australianos.
Aberto em 1981, o IAE (Instituto Australiano de Esporte) criou um centro de excelência para o talento esportivo ser treinado e desenvolvido nas melhores instalações que o dinheiro podia comprar.
No fim dos anos 80, uma entidade pública, a Comissão Australiana de Esporte, surgiu não apenas para fornecer o desenvolvimento estratégico do IAE mas também para desenvolver a participação comunitária no esporte, alargando a base para o sucesso da elite.
Esses dois pilares de infra-estrutura desportiva demonstraram que o envolvimento coordenado do governo no esporte pode melhorá-lo.
O sucesso da Austrália nos Jogos Olímpicos de Sydney-2000 foi o ponto culminante dessa mudança dramática na política esportiva.
As ligas profissionais também rejeitaram o sistema de clubes, em favor de comissões independentes, conceito que gerou os torneios mais lucrativos do esporte no país.
O críquete, o rúgbi e, mais recentemente, o futebol têm ligas fortes, que empurram as seleções nacionais a fortes performances internacionais.
A revolução do futebol na Austrália é uma história de sucesso do envolvimento político que influenciou uma modalidade desorganizada, criando uma estrutura que cresce ano a ano.
A performance da seleção na Copa de 2006 (apesar da derrota para o Brasil) impulsionou a modalidade do quarto posto para o topo da lista de popularidade na Austrália.
Na base do sucesso australiano, há políticas esportivas claras e o envolvimento do governo quando necessário.
Não é um caso único. No Reino Unido, a política esportiva também sofreu um processo de modernização a partir de meados dos anos 90, com a adoção de metas esportivas pelo governo. Os objetivos, combinados com a criação de uma loteria nacional e do Instituto Britânico de Esportes, estabeleceram política e
O sucesso em receber a Olimpíada de 2012 também é positivo. E a razão central do êxito em organizar os Jogos foi a habilidade de inspirar crianças a praticarem atividades físicas e a encararem o esporte como meio de ascensão social. PAUL KITCHIN é australiano, mestre pela Universidade Deakin e coordena o mestrado em administração esportiva da Universidade London Metropolitan, em Londres


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