São Paulo, domingo, 17 de junho de 2007

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ARTIGO

É possível criar esporte

CHRIS STIEPOCK
ESPECIAL PARA A FOLHA

A INFLAÇÃO dos direitos de transmissão levou emissoras de esportes e redes de TV a procurar realizar seus próprios eventos.
Nos EUA, a ESPN paga quantias extraordinárias para exibir o basquete, o futebol americano, o beisebol e até as ligas universitárias. E, quando as competições acabam, as possibilidades usar as imagens para a produção de conteúdo adicional é bastante limitada.
No caso do X-Games, a coisa é bem diferente. A ESPN é dona, opera e transmite sem pagar direitos. Assim, pode adaptá-lo da melhor forma a programas do tipo "melhores momentos", a DVDs, a conteúdos de internet e celular e daí por diante.
As vantagens desse modelo superam por larga diferença as desvantagens. Como estão na mesma companhia, profissionais da emissora e organizadores do evento trabalham juntos para produzir o melhor conteúdo possível para a TV.
A aproximação com os atletas permite que a organização possa planejar itens como o percurso e o formato das provas para proporcionar o melhor entretenimento aos telespectadores. Para que o evento não seja descaracterizado, a ESPN conversa muito com eles. Elementos como posição de câmeras, extensão das corridas ou até pontuação dos jurados podem ser discutidos e ajustados.
Com o tempo, o elemento mais importante para o crescimento e o sucesso do X-Games foi essa comunicação com os atletas. Ao ouvir suas necessidades e a forma como desejam desenvolver seu esporte, a ESPN pôde, ao longo dos anos, acompanhar e mostrar a evolução de cada modalidade.
Esse processo e a comunicação foram difíceis nos primeiros anos: havia pouca confiança entre a ESPN e os atletas. Mas, com o tempo, aprendemos.
O X-Games também cresceu ao levar o evento para sedes e mercados cada vez maiores.
No início, foi sediado em um forte em Newport, Rhode Island. De lá, foi para San Diego, o 18º maior mercado do EUA. Depois de dois anos em San Diego, mudou-se para o píer de San Francisco, a oitava economia do país. Dois anos depois, mudou-se de novo, para uma arena de 20 mil lugares na Philadelphia, o quarto mercado.
Nos últimos dois anos, o evento foi sediado em duas arenas diferentes em Los Angeles, segunda força econômica do país. Ao se mudar para sedes maiores, a ESPN foi capaz de mostrar o X-Games para mais pessoas. Internacionalmente, tentamos fazer o mesmo.
Outro aspecto que ajudou no crescimento do X-Games é a mudança constante nos eventos participantes. Assim, continuamos atualizados e relevantes para o nosso público-alvo.
Esportes que eram apresentados há dez anos, como street luge [versão no asfalto do esporte de inverno] e esqui aquático, foram substituídos, por exemplo, por acrobacias com motocicletas e rali de carros.
Como a ESPN é proprietária do evento, podemos fazer mudanças a nosso critério e não somos submetidos a várias regras e regulamentos como acontece com eventos como a Olimpíada. Dessa forma, mantemo-nos conectados com as tendências do nosso jovem público-alvo, o que garante nossa presença neste meio e índices de audiência altos.


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