São Paulo, sexta, 20 de junho de 1997.



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Conheça as principais regiões produtoras

As uvas geram vinhos diferentes, de acordo com o lugar em que são feitos; mapa identifica as mais importantes áreas vinícolas do mundo e suas características


Portugal
Vinho Verde: jovens e ligeiramente frisantes, tintos e brancos, feitos de uvas locais
Douro: faz vinhos de mesa com a denominação Douro, mas principalmente o vinho de base para o do Porto, que envelhece em Vila Nova de Gaia, na boca do rio Douro. Em ambos entram uvas locais, como Touriga Nacional, Touriga Francesa, Tinta Roriz e Tinta Cão
Bairrada: alguns dos grandes vinhos do país, com base nas uvas Baga, Periquita e Tinta Pinheira. Os tintos de guarda (melhoram com o tempo), frutados, são mais interessantes que os brancos
Dão: a região começa a se modernizar. Vinhos ainda leves de uvas locais (Touriga Nacional, Afrocheiro Preto e outras, para os tintos; Encruzado, Assario Branco e outras, para os brancos)
Setúbal: densos fortificados, como o Moscatel de Setúbal, e vinhos de mesa de bom preço, como o Periquita (da uva deste nome), o Quinta da Bacalhôa (Cabernet Sauvignon e Merlot) e o Cova da Ursa (Chardonnay)
Alentejo: promissora região, com vinhos como os de Reguengos, de uvas locais: Aragones, Moreto e outras (tintos), Manteudo, Roupeiro e outras (brancos)
Madeira: região do Madeira, fortificado que passa por um processo especial de aquecimento. De diferentes uvas (Malvasia, Sercial, Bual), é capaz de melhorar por décadas

Espanha
Ribeira del Duero: grandes tintos, consistentes e de guarda, como o Vega-Sicília (uvas Tempranillo, Cabernet Sauvignon) e o Pesquera (Tempranillo, Granacha)
Penedés: espumantes (cavas) com uvas Parellada, Macabeo e Xarel-lo, como Codorníu e Freixenet. Brancos e tintos são leves; há tintos encorpados, de uvas francesas
Rioja: tintos marcados pela presença do carvalho e com grande capacidade de envelhecimento, de uvas Tempranillo, Garnacha e outras, como Marqués de Murrieta, CVNE, Marqués de Riscal, La Rioja Alta
Jerez: é em torno de Jerez de la Frontera (Andaluzia) que se faz o Jerez (xerez), elegante branco fortificado da uva Palomino Fino envelhecido em tonéis de carvalho, seco ou doce

França
Champagne: os mais célebres espumantes, de uvas Chardonnay, Pinot Noir e Pinot Meunier
Loire: a oeste do vale do Loire, encontram-se vinhos brancos como o Sancerre e o Pouilly-Fumé (Sauvignon Blanc) e o Muscadet (da uva homônima); tintos principalmente da uva Cabernet Franc (como o Chinon) e um conhecido rosé, o Rosé d’Anjou
Alsace: vizinha da Alemanha, produz brancos com características bem próprias, frutados e maduros, feitos com apenas um tipo de uva, declarada no rótulo (como Riesling, Muscat, Gewürztraminer)
Bordeaux: mais importante região de tintos do mundo, feitos principalmente com Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc e Merlot. Recebem no rótulo o nome genérico (Bordeaux) ou nomes de sub-regiões (Pauillac, Médoc, Margaux, St.-Estèphe e outras). Também produz brancos –o mais famoso é o doce Sauternes (uva Sémillon, em geral)
Bourgogne: elegantes tintos (Pinot Noir) e aristocráticos brancos (Chardonnay), rotulados também com nomes de vinhedos como Richebourg, Montrachet, Chambertin, Givry e Romanée-Conti. A região do Chablis fica ao norte; o Beaujolais, mais simples, é feito no sul com uva Gamay
Rhône: no norte do vale do Rhône, tintos, com uvas Sirah (Côte-Rôtie, Hermitage), e brancos, com a Viognier (Condrieu). No sul, os Côtes-du-Rhône brancos, tintos e rosés, de várias uvas. Destaque para os Châteauneuf-du-Pape tintos e os Muscat de Beaunes-de-Venice, brancos doces
Provence: principalmente tintos e rosés feitos com uvas locais (Mourvèdre, Grenache e outras), ainda rústicos, mas crescendo de qualidade (Bandol, Cassis, Côtes-de-Provence)
Languedoc-Roussillon: até há pouco inexpressiva, agora com vinhos melhores. Entre eles, Daumas Gassac (tinto e branco), Corbières (tinto) e vinhos doces naturais (Banyuls)
Cognac: famosa pela aguardente que leva seu nome. O vinho é destilado e envelhecido; só os destilados aí podem receber o nome de Cognac
Armagnac: faz a aguardente de vinho que leva seu nome

Itália
Piemonte: a mais importante região de vinhos de qualidade do país. Entre eles, o Barolo e o Barbaresco, da uva Nebbiolo (assim como o Gattinara), além de vários Barbera e Dolcetto (de uvas com esses nomes) e o espumante Asti
Veneto: grande quantidade de vinhos medianos e alguns de maior qualidade Entre os mais conhecidos estão o tinto Valpolicella (Corvina, Molinara e Rondinella) e o branco Soave (seco de uvas Garganega e Trebbiano)
Toscana: uma das mais antigas regiões vinícolas italianas, dos grandes Brunello di Montalcino e Chianti (ambos de uva Sangiovese) e de modernos como Tignanello e Sassicaia, que usam também uvas francesas
Lazio: na região de Roma, é produzido o Frascati, modesto e popular branco de uvas Trebbiano e Malvasia
Trentino e Alto Adige: duas áreas contíguas, em que o Alto Adige, com influência alemã, faz vinhos tintos leves ou intensos (com uvas Lagrein e Schiava) e brancos aromáticos (Chardonnay, Riesling), enquanto Trentino tem vinhos para beber jovens
Sicília: o calor favorece a produção de fortificados como o Marsala. Também há vinhos de mesa, como o Corvo

Alemanha
Mosel-Saar-Ruwer: o rio Mosel (Mosela) e seus afluentes Saar e Ruwer são cercados por vinhedos que produzem vinhos brancos desiguais. Os melhores são da uva Riesling, doces e meio-doces, do médio Mosel (Piesport, Wehlen, Brauneberg, Bernkastel)
Rheingau: alguns dos melhores vinhos alemães, de uva Riesling, capazes de envelhecer bem (Schloss Joannisberg, Kiedricher Grafenberg Riesling Trockenbeerenauslese)
Nahepfalz: região do rio Nahe, com vinhos de uvas Müller-Thurgau e Sylvaner, além da Riesling, em Niederhausen e Schlossböckelheim
Franken: os vinhos da Francônia, produzidos com uvas Müller-Thurgau (e também Riesling e Sylvaner), diferenciam-se do resto do país por serem brancos secos (além da característica garrafa baixa e arredondada)
Rheinpfalz: a maior produção e variedade na Alemanha, com vinhos dos mais fracos a outros de qualidade. Ao norte, a uva é a Riesling; ao sul, onde também há secos, usam-se castas francesas (Pinot Noir, Pinot Blanc) e outras (Gewürztraminer, Muscat)
Baden: região menos fria da Alemanha. Bons vinhos secos, tintos e brancos, maturados em tonéis de madeira, com capacidade de envelhecer. Uvas Grauburgunder (Pinot Gris), Spätburgunder (Pinot Noir) e Riesling Württemberg: região principalmente de vinhos tintos leves, feitos com uvas Dornfelder e Lemberger
Ahr: vinhos tintos, muitos deles doces, feitos com uva Spätburgunder (Pinot Noir), e vinhos brancos
Mittelrhein: produtora de Riesling doces e secos, além de espumantes (chamados, na Alemanha, de sekt)
Hessische Bergstrasse: pequena e tradicional região, produtora de Riesling e de Eiswein (doce, de uvas colhidas congeladas, no inverno)
Rheinhessen: grandes vinhos no estilo alemão –brancos, doces e meio-doces (mas também bons secos), de uvas com Riesling, em vinhedos como Nackenheim, Nierstein e Oppenheim

Áustria
Baixa Áustria (Wachau, Kamptal, Donauland): ao longo do Danúbio distribuem-se regiões vinícolas como a de Wachau (brancos secos de uvas Riesling e Grüner Veltliner) e as de Kamptal e Donauland (brancos das mesmas uvas e tintos de Pinot Noir)
Burgenland: brancos doces (particularmente em Neusiedler See), mas também brancos secos e consistentes tintos

Hungria
A principal produção vinícola está na região do Tokaji – nome do vinho doce de sobremesa produzido com uvas Furmint, Hárlesvelü e Muscotaly atacadas pelo fungo Botrytis cinerea

Eslovênia
Brancos da uva Rizling (Riesling) nas regiões de Podravski, Primorski e Posavski

Bulgária
Com vinhedos em vários pontos do país, produz tintos e brancos de mesa de boa qualidade, com uvas clássicas (Cabernet Sauvignon, Chardonnay e outras) e locais (Mavrud, Ganza, para os tintos; Misket, para os brancos)

Grécia
Destaque para o Retsina, branco ou rosé de mesa, aromatizado com refrescante resina vegetal

Austrália
South Australia (Coonawarra, Barossa Valley, Clare Valley, Padthaway): maior região produtora. Coonawarra (tintos de Cabernet e Shiraz), Barossa Valley (os poderosos Shiraz e Cabernet Sauvignon, como os da Penfolds) e Clare Valley (ótimos tintos e brancos) são áreas mais antigas. Padthaway, mais recente, tem seu forte nos Chardonnay
Victoria (Geelong, Yarra Valley): um grande número de vinícolas nesta pequena área produzem todo tipo de vinho –de tintos encorpados (Cabernet Sauvignon, Shiraz) e brancos (Chardonnay) aos espumantes e fortificados (de uva Muscat)
New South Wales: região de vinhos simples, tem em pequenas sub-regiões, como Hunter Valley e Mudgee, ótimos vinhos brancos (Chardonnay, Sémillon) e alguns tintos encorpados (Shiraz)

N. Zelândia
Marlborough: apesar de jovem, esta é uma região de grandes vinhos brancos, dos secos Chardonnay e Sauvignon Blanc aos espumantes e vinhos de sobremesa
Gisborne: região quente e úmida, de vinhos brancos (Chardonnay, Gewürztraminer)
Hawke’s Bay: clima constante e solos variados permitem a produção de diferentes vinhos: de tintos Cabernet Sauvignon e Merlot a brancos Chardonnay
Auckland: nas sub-regiões dessa antiga região vinícola nascem vinhos tintos de guarda (Cabernet Sauvignon, Merlot) e brancos Chardonnay e Sauvignon Blanc
Canterbury: pequenas vinícolas da região aproveitam o clima frio para a produção de brancos, de Chardonnay e Pinot Gris, e tintos, de Pinot Noir

África do Sul
Paarl: melhor para vinhos brancos (Chardonnay, Sauvignon Blanc, Riesling), mas também para tintos Cabernet Sauvignon e Shiraz
Stellenbosch: região conhecida pela qualidade e variedade de uvas, como Cabernet Sauvignon, Pinotage, Shiraz, Riesling e Chardonnay
Robertson: os vinhedos da região margeiam o rio Breede. Produzem vinhos predominantemente brancos de uvas Chardonnay, Colombard e Steen (Chenin Blanc)
Walker Bay: pequena área desbravada pelo produtor Hamilton Russell, faz vinhos de Pinot Noir
Constantia: área dos primeiros vinhedos sul-africanos (1685), produz vinhos de Chardonnay, Cabernet Sauvignon, Shiraz e, Sauvignon Blanc

Argentina
É um dos maiores produtores de vinho do mundo, mas tradicionalmente consome a maior parte de sua produção, feita dentro de um estilo doméstico. Só recentemente iniciou a produção de vinhos mais modernos (frutados e característicos) adaptados ao gosto internacional. Produzidos nas regiões de Mendoza, Cafajate e Rio Negro, baseiam-se em uvas Cabernet Sauvignon e Malbec (os tintos) e Torrontes e Chardonnay (os brancos)

Brasil
Serra Gaúcha: região mais tradicional (e maior produtora) do Brasil, desenvolvida graças à imigração italiana do final do século 19. Modernas multinacionais convivem com cooperativas locais e empresas familiares tentando dominar o clima adverso (muito úmido) e solo impróprio, do qual começaram a extrair nos anos 70 vinhos de variedades européias (Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc, Merlot e Riesling) –entre os quais os espumantes, bem-sucedidos
Santana do Livramento: na fronteira do Uruguai, a paisagem plana, ensolarada e arenosa, ainda pouco explorada, pode render vinhos de padrão mais regular que na serra Gaúcha
Pinheiro Machado: na região dos Pampas, ainda pouco explorada, tem clima e solo que favorecem o cultivo da uva vinífera
Viamão: microrregião ao lado de Porto Alegre, com poucas possibilidades de expansão
Vale do São Francisco: nova fronteira do vinho, produzido ao lado da barragem de Sobradinho com boas condições de insolação e irrigação artificial controlada

Chile
Produtor tradicional de vinhos, conta com condições excepcionais para o desenvolvimento de seus produtos –ótimo solo, clima favorável, boa irrigação, sendo suas parreiras de grande vitalidade. A principal área de produção está no vale central do país (regiões de Aconcagua, Maipo, Rapel e Maule), de onde vem a maioria dos novos vinhos de alta qualidade, produzidos com técnicas modernas e uvas de origem européia (Cabernet Sauvignon, Merlot, Chardonnay), resultando em ótima relação qualidade/preço

EUA
Califórnia: uma das mais importantes regiões vinícolas do mundo, seja pela quantidade, seja pela qualidade obtida com a modernização dos últimos 30 anos. Produz excelentes vinhos, com cepas européias (Cabernet Sauvignon, Pinot Noir, Chardonnay) e uma californiana (Zinfandel) nas regiões do vale do Napa, vale do Sonoma, Monterrey, Mendocino e Carneros
Oregon: tem uma respeitável produção de vinhos Pinot Noir (de boa relação qualidade/preço), Chardonnay e Pinot Gris, em sub-regiões como Willamette Valley
Washington: o Estado de Washington produz seus vinhos no deserto, graças à irrigação artificial. Resulta em vinhos bem concentrados (Cabernet Sauvignon, Merlot, Chardonnay, Sauvignon Blanc)
New York: baluarte dos vinhos na Costa Leste, o Estado de Nova York tem regiões importantes ao norte (Finger Lakes) e em Long Island: com produção de Chardonnay, Merlot, Pinot Noir e Riesling

México
Na região da Baja California, mais precisamente no vale de Santo Tomás, começam a nascer vinhos tintos (Petite Sirah, Cabernet Sauvignon) de boa qualidade, além de brancos

Uruguai
Produtor tradicional de vinhos para consumo interno, com pequena exportação. Sua produção divide-se entre a região do rio da Prata (Departamentos de Montevidéo, Canelones, San José e Maldonado), a fronteira argentina e o centro do país. Utiliza uvas locais (Harriague, Vidiella) e européias (Cabernet Sauvignon, Nebbiolo, Sémillon, Pinot Blanc)




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