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COMENTÁRIO
Figurino da primeira-dama sai do óbvio para evitar comparações
MARIO MENDES
ESPECIAL PARA A FOLHA
Quando Barack Obama fez,
ontem à tarde, o juramento como 44º presidente dos EUA era
inevitável não pensar na posse
de John F. Kennedy. Para nostálgicos do estilo, uma reminiscência direta da icônica ex-primeira-dama Jacqueline Kennedy -depois a celebridade internacional Jackie O- e do glamouroso círculo presidencial
apelidado de Camelot.
Porém, no mundo de Obama,
não temos tempo de olhar para
trás; é tudo aqui e agora. E Michelle Obama, a primeira-dama
de sorriso fácil e porte de amazona, parece não querer ser
comparada a nenhuma de suas
antecessoras.
Vestida com um modelo assinado pela estilista norte-americana de origem cubana Isabel
Toledo -casaco e vestido de
tweed amarelo limão- e maxicolar do irlandês Tom Binns,
atuais nomes quentes da indústria americana da moda (porém
não luminares do setor como
Ralph Lauren ou Calvin Klein),
ela não lembrava Laura Bush,
muito menos Hillary Clinton
(não falemos de Barbara Bush).
Mais apagada do que discreta, a sra. Bush não deixa saudades em nenhum quesito, muito
menos na moda. Enquanto a
sra. Clinton, agora secretária de
Estado, pertence à geração "natural look" (cabelos ao vento e
cara lavada), habituada a queimar sutiãs como forma de protesto, tendo viajado sem escalas até o tailleur mais conservador e as aplicações de Botox.
Não sendo exatamente bonita, Michelle opta por um figurino de personalidade, prestigiando nomes da moda que soam estranhos para quem não
é do métier: Thakoon, Peter Soronen, Tracey Faith, Jason Wu
(que assinou o vestido de um
ombro só que ela usou nos bailes), Maria Cornejo (do casaco
usado pela primeira-dama na
cerimônia no Lincoln Memorial, domingo), etc.
Nenhum deles 100% ianque
(Thakoon tem origem tailandesa, e Jason Wu nasceu em Taiwan) -um de seus favoritos entre os consagrados, Narciso Rodriguez, é filho de cubano-americanos. Ao mesmo tempo, veste marido e filhas (Malia e Sasha) com roupas da marca popular J.Crew e não se intimida
diante de um cinto extravagante do tunisiano Azzedine Alaïa,
estilista cultuado por elegantes
de extenso repertório fashion.
Se Obama enfrenta a multidão
em mangas de camisa, Michelle
vai de moletom sem parecer
desabada ou populista.
Vogue, a publicação de moda
do establishment por excelência, celebra o novo gabinete
presidencial como "simpatizante da moda" (a chefe do cerimonial, Desirée Rogers, é sua
mais cintilante estrela), enquanto a semana da moda masculina em Milão, no início do
mês, apresentou sobretudos de
alfaiataria de aspecto leve, vistos pelos experts como exemplos do novo "estilo Obama".
Em tempos de obsessão pela
aparência e cobertura ininterrupta da mídia, os Obama têm a
missão de estabelecer o "power
look" do século 21. Não é pouco.
PS: O casaco vermelho Valentino e as botinhas da vice-primeira-dama, Jill Biden,
também não fizeram feio.
MARIO MENDES é editor executivo da Revista
Daslu, da Trip Editora
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