São Paulo, quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

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COMENTÁRIO

Figurino da primeira-dama sai do óbvio para evitar comparações

MARIO MENDES
ESPECIAL PARA A FOLHA

Quando Barack Obama fez, ontem à tarde, o juramento como 44º presidente dos EUA era inevitável não pensar na posse de John F. Kennedy. Para nostálgicos do estilo, uma reminiscência direta da icônica ex-primeira-dama Jacqueline Kennedy -depois a celebridade internacional Jackie O- e do glamouroso círculo presidencial apelidado de Camelot.
Porém, no mundo de Obama, não temos tempo de olhar para trás; é tudo aqui e agora. E Michelle Obama, a primeira-dama de sorriso fácil e porte de amazona, parece não querer ser comparada a nenhuma de suas antecessoras.
Vestida com um modelo assinado pela estilista norte-americana de origem cubana Isabel Toledo -casaco e vestido de tweed amarelo limão- e maxicolar do irlandês Tom Binns, atuais nomes quentes da indústria americana da moda (porém não luminares do setor como Ralph Lauren ou Calvin Klein), ela não lembrava Laura Bush, muito menos Hillary Clinton (não falemos de Barbara Bush).
Mais apagada do que discreta, a sra. Bush não deixa saudades em nenhum quesito, muito menos na moda. Enquanto a sra. Clinton, agora secretária de Estado, pertence à geração "natural look" (cabelos ao vento e cara lavada), habituada a queimar sutiãs como forma de protesto, tendo viajado sem escalas até o tailleur mais conservador e as aplicações de Botox.
Não sendo exatamente bonita, Michelle opta por um figurino de personalidade, prestigiando nomes da moda que soam estranhos para quem não é do métier: Thakoon, Peter Soronen, Tracey Faith, Jason Wu (que assinou o vestido de um ombro só que ela usou nos bailes), Maria Cornejo (do casaco usado pela primeira-dama na cerimônia no Lincoln Memorial, domingo), etc.
Nenhum deles 100% ianque (Thakoon tem origem tailandesa, e Jason Wu nasceu em Taiwan) -um de seus favoritos entre os consagrados, Narciso Rodriguez, é filho de cubano-americanos. Ao mesmo tempo, veste marido e filhas (Malia e Sasha) com roupas da marca popular J.Crew e não se intimida diante de um cinto extravagante do tunisiano Azzedine Alaïa, estilista cultuado por elegantes de extenso repertório fashion. Se Obama enfrenta a multidão em mangas de camisa, Michelle vai de moletom sem parecer desabada ou populista.
Vogue, a publicação de moda do establishment por excelência, celebra o novo gabinete presidencial como "simpatizante da moda" (a chefe do cerimonial, Desirée Rogers, é sua mais cintilante estrela), enquanto a semana da moda masculina em Milão, no início do mês, apresentou sobretudos de alfaiataria de aspecto leve, vistos pelos experts como exemplos do novo "estilo Obama".
Em tempos de obsessão pela aparência e cobertura ininterrupta da mídia, os Obama têm a missão de estabelecer o "power look" do século 21. Não é pouco.
PS: O casaco vermelho Valentino e as botinhas da vice-primeira-dama, Jill Biden, também não fizeram feio.


MARIO MENDES é editor executivo da Revista Daslu, da Trip Editora


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