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Há um abismo entre o discurso e a ação
Estudos tentam controlar respostas falsas sobre sexo
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS
O fato de as pessoas discutirem mais o sexo não é garantia
de que estejam falando a verdade. Há um abismo entre as práticas sexuais e aquilo que se declara numa pesquisa, mesmo
anônima como esta.
Não se trata só de recalque ou
hipocrisia. O problema é orgânico: o cérebro racional que
responde à sondagem não é o
cérebro instintivo que se manifesta com maior veemência
quando o sujeito está prestes a
se engajar em atividades sexuais. O papel da excitação sobre o comportamento ainda é
pouco estudado.
Uma exceção é o estudo seminal dos economistas Dan
Ariely e George Lowenstein, de
2005. Eles pediram a 23 jovens
que respondessem sobre sexo
duas vezes, uma em condições
normais e outra ao se masturbarem diante de um laptop.
Havia questões como "Você
se imagina atraído por uma
garota de 12 anos?", "Participaria de um "ménage à trois"
com uma mulher e um homem?". As respostas mudaram: quando excitados, eles
responderam mais positivamente.
Não é surpresa. Os mecanismos cerebrais responsáveis pelo comportamento sexual, a exemplo de outros sistemas ligados a apetites, foram desenhados para maximizar as oportunidades: se
manifestam com mais intensidade nas situações em que
as chances de cópula parecem
maiores.
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