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Será que foi ruim pra você?
Não satisfazer o parceiro é o grande medo da maioria dos brasileiros;homens e
mulheres empatam nessa preocupação
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
O maior temor do brasileiro é
o de não satisfazer o parceiro. É
um medo que nivela homens e
mulheres, casados e solteiros,
moradores de todas as regiões,
de diferentes idades, níveis socioeconômicos e escolaridades.
Mas a grande novidade é essa
igualdade entre os gêneros, em
termos de "neura" sexual.
O temor de não dar prazer à
parceira já atormenta 56% dos
homens, e é isso que o psiquiatra Joel Rennó Júnior vê em
seu consultório. "Atendo muitos homens angustiados, interessados em entender o corpo
feminino. Paradoxalmente,
eles, que historicamente são os
últimos a procurar ajuda médica, agora estão buscando solução mais rapidamente que as
mulheres, no caso de disfunções sexuais."
Quem observa essa mesma
tendência é a educadora Maria
Helena Vilela, diretora do Instituto Kaplan - Centro de Estudos de Sexualidade Humana:
"Na última década, o homem
passou a dar atenção à satisfação da mulher e a se exigir mais.
Ele não sabe lidar com essa sexualidade tão diferente da dele,
e está aflito com isso. Entre
adolescentes e jovens, a ansiedade não é mais "comer" muitas,
mas fazer com que a mulher
sinta prazer."
O sexo sempre foi um problema para a mulher, agora começa a ser para o homem, nota a
antropóloga Mirian Goldenberg. "Somos o país campeão de
consumo de Viagra. Como há
menos desigualdade, o homem
está com medo da impotência,
de não satisfazer, de ser traído.
São questões novas para ele."
O psicanalista Jorge Forbes
vê a mudança como natural. "A
mulher era secundária, hoje é
equivalente. O sexo, agora, só
tem sentido se o prazer for
compartido. No mundo globalizado, não há razões terceiras
para ficar com alguém, como filhos, casamento: uma pessoa só
está com outra porque quer."
Eles e elas empatam também
no segundo maior medo sexual
nacional: o de não despertar o
desejo do parceiro.
Mas Goldenberg vê diferenças nesse mesmo medo. "O homem quer ser desejado para
exercer o seu desejo, e a mulher
quer ser desejada porque tem
medo de se sentir invisível."
No ranking de encanações,
ser considerado ruim de cama e
ficar muito tempo sem transar
atingem altos índices. São variações do medo maior: não
agradar. "Ficar muito tempo
sem uma relação é ser deletado
do mercado afetivo. Ser desejado dá um lugar para o indivíduo
no mundo", interpreta Forbes.
É um temor cultural, para
Goldenberg. "Nas sociedades
latinas, a vida sexual é um imperativo. É uma cultura que hipervaloriza o sexo e valoriza
pouco a educação, o trabalho.
Gilberto Freyre falava que, na
colonização do Brasil, sexo e
corpo foram fundantes. Não tivemos tanto português matando índio aqui, mas sim trepando com índios e escravos", diz.
"Se falta sexo, os brasileiros
acham que têm um problema."
(DÉBORA YURI)
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