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Povoado pode mudar nome para Central
FÁBIO GUIBU
Cruzeiro do Nordeste (PE)
Os moradores de Cruzeiro do
Nordeste, povoado que serviu de
cenário para "Central do Brasil" e
que sediou parte das filmagens,
podem promover hoje, durante a
entrega do Oscar, a última festa
com o atual nome do vilarejo.
O local poderá ser rebatizado pela quinta vez em 69 anos e passar a
ter o mesmo nome do filme que
tornou conhecido o pequeno distrito, que pertence ao município
de Sertânia (a 341 km de Recife),
no sertão de Pernambuco. No filme, o distrito ganhou o nome de
Bom Jesus do Norte.
O projeto de lei autorizando a
mudança já está pronto e deverá
ser protocolado na Câmara Municipal de Sertânia ainda este mês
pelo vereador Nelson Muniz
(PSB), autor da proposta.
"Além de homenagear o filme,
Central do Brasil é um nome que
combina com o lugar", justifica.
"Daqui partiam os paus-de-arara
da região para o resto do país."
A idéia conta com a simpatia do
prefeito Angelo Rafael Ferreira
(PSB), que possui maioria dos votos no Legislativo municipal.
Já os moradores de Cruzeiro do
Nordeste estão divididos. O presidente da associação dos moradores, José Pereira da Silva, defende a
realização de um plebiscito entre
os 639 habitantes do vilarejo.
"Muita gente ainda chama o distrito de Placas, que era o nome antigo, e já querem mudar de nome
outra vez", afirma. Cruzeiro do
Nordeste já se chamou Serrote da
Boa Vista, Ramal e Placas.
A polêmica do nome só não é
maior no vilarejo que o entusiasmo da comunidade com a possibilidade de o filme e de Fernanda
Montenegro receberem um Oscar.
Uma grande festa foi programada para a entrega do prêmio, com
um telão montado na rua para que
os moradores assistam ao evento.
A programação começa às 15h,
com a realização de uma procissão
e de uma missa. Às 16h30, haverá a
apresentação de um grupo de balé
de Sertânia. Sanfoneiros e repentistas também vão se apresentar.
Às 20h, as luzes da cidade vão se
apagar para a exibição pública de
"Central do Brasil". Logo depois,
todas as atenções estarão voltadas
para a entrega do Oscar.
Quinhentas velas serão acesas
numa vigília que vai durar até o
fim da solenidade, repetindo a cena que melhor retratou a religiosidade do povo nordestino em
"Central do Brasil": a da romaria.
A única preocupação dos organizadores é com a chuva. Há mais de
um ano não chovia na região, mas,
nos últimos dois dias, temporais
rápidos têm sido registrados, seguidos de interrupções no fornecimento de energia elétrica.
Os agricultores festejam e, ao
mesmo tempo, lamentam as chuvas. "Montei uma barraquinha para a festa e até agora não vendi nada por causa do tempo", disse a
agricultora Quitéria Feitosa. "A
gente reza para chover e, quando
chove, vem no dia errado."
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