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PROTESTOS
Centrais mantêm greve geral para hoje
Informação sobre renúncia de De la Rúa não adia reunião na praça de Maio; choques com policiais poderão ser violentos
FABRICIO VIEIRA
DE BUENOS AIRES
Mesmo com a informação da
renúncia do presidente Fernando
De la Rúa, a greve geral convocada ontem foi mantida. As centrais
sindicais, que pediam a queda do
presidente, afirmaram que os
problemas continuam.
"A convocatória da greve geral
continua em pé. Exigimos o fim
da decretação do estado de sítio e
urgentes mudanças na política
econômica", afirmou a assessoria
da CGT dissidente.
Há uma semana, a greve geral
organizada pelas mesmas entidades foi marcada pela violência. A
de hoje não deve ser diferente. O
encontro dos manifestantes está
marcado para a praça de Maio,
em frente à Casa Rosada, a sede
do governo, palco de repetidos
choques entre a polícia e o povo
desde a madrugada de ontem.
Após a decretação do estado de
sítio por De la Rúa, na noite de
quarta-feira, o agrupamento de
pessoas passou a ser proibido. A
repressão da polícia explodiu
contra os manifestantes.
Hugo Moyano, presidente da
CGT dissidente, afirmou que "a
população quer que o presidente
se vá. O país já não pode continuar como se encontra".
A greve começou antes do planejado. Uma das duas centrais
sindicais organizadoras, a CGT
oficial, anunciou o começo para
as 18h de ontem. Primeiramente,
começaria apenas à meia noite.
E foram os metroviários e ferroviários que primeiro pararam
suas atividades, às 18h, atrapalhando a volta dos argentinos para casa e adiantando as dificuldades que as pessoas enfrentarão
com a greve geral de hoje.
Para o líder sindical e presidente da CGT oficial, Rodolfo Daer,
""a renúncia de Domingo Cavallo
[ex-ministro da Economia" não
basta para amenizar a crise social
que foi desatada nos últimos dias,
por causa da situação terrível que
o povo argentino enfrenta".
"As manifestações de milhares
de pessoas foram uma resposta
ao discurso de De la Rúa. Estou
preocupado com meu país", disse
ele.
Uma greve de menores proporções já aconteceu ontem, organizada pela CTA (Central dos Trabalhadores Argentinos), que reúne principalmente professores e
funcionários públicos.
"Essa greve de hoje [ontem"
tem a intenção de intensificar a
mobilização espontânea que tomou as ruas argentinas desde a
noite de quarta-feira", afirmou
Eduardo Menajoski, diretor de
relações internacionais da CTA.
Dois dirigentes sindicais da
ATE (Associação dos Trabalhadores de Estado) foram presos
ontem em uma manifestação em
La Plata. Um deles foi para o hospital, ferido por balas de borracha
disparadas pela polícia.
A CTA foi uma das organizações que realizaram, no final da
manifestação, uma consulta popular para forçar o Congresso a
destinar um seguro-desemprego
de US$ 380 aos pais de famílias.
Quase 3 milhões de argentinos
votaram na consulta.
O presidente da CTA, Claudio
Lozano, reivindicou como prioridade do ato a exigência de "uma
democracia sem repressão e com
uma justa repartição de riquezas". Para Lozano, "quem induziu o caos que domina as ruas argentinas atualmente foi o governo."
Na última greve geral no país,
dia 13 deste mês, a violência foi
grande, com o apedrejamento de
vitrines de lojas e caixas eletrônicos, incêndio de táxis e choques
entre policiais e manifestantes.
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