|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Para a Fiesp, vizinho
pode "travar" o Brasil
ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
A Argentina pode se transformar na "trava da nossa roda" em
2002, segundo Clarice Messer, diretora da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).
Na atual situação, o conselho da
entidade é para que os empresários aproveitem oportunidades
de negócios no país, caso a desvalorização do peso aconteça.
O governo também fez ontem
recomendações aos empresários
brasileiros. O secretário-executivo da Câmara de Comércio Exterior, Roberto Giannetti, pediu
cautela aos exportadores nas suas
negociações com os argentinos,
mas fez uma ressalva.
"Temos de ser solidários. Mas
isso não significa sermos generosos", disse, referindo-se à possibilidade de calote no pagamento
aos exportadores brasileiros.
Desvalorização
A Fiesp disse ontem que não
afasta a possibilidade de uma forte desvalorização da moeda argentina. "O peso vai acabar sofrendo uma megadesvalorização
para lá de 50%, no estilo daquela
ocorrida na Rússia. E isso vai acabar batendo na gente", afirmou
Clarice.
O lado positivo disso é que, com
uma possível desvalorização, os
ativos das companhias devem se
tornar mais baratos. "Haverá então oportunidades interessantes
na Argentina. Se não comprarmos bons negócios lá, outros países o farão", disse.
Com uma eventual desvalorização do peso, o dólar ficaria sobrevalorizado e, logo, torna-se mais
fácil -para as companhias com
moeda americana em caixa-
irem às compras na Argentina.
Sem piedade
O secretário-executivo da Câmara de Comércio Exterior, Roberto Giannetti, pediu ontem que
principalmente os pequenos e
médios exportadores analisem
"com lupa" as cartas de crédito
fornecidas pelos importadores argentinos como garantia para o
embarque das mercadorias.
"Se a carta de crédito for, por
exemplo, confirmada pelo Banco
do Brasil, tudo bem. Mas se for
garantida por um banco argentino, ela pode ser duvidosa."
Giannetti negou que o Mercosul
esteja em uma fase de retrocesso.
"É uma paralisia temporária.
Agora não há ambiente para discutir temas macroeconômicos."
Em seguida, o secretário-executivo da Câmara de Comércio Exterior afirmou que, embora o
Mercosul seja importante para a
negociação com outros blocos
econômicos, o Brasil poderá negociar acordos bilaterais se não
houver como fazer isso em bloco.
Giannetti voltou a explicar que a
balança comercial entre os dois
países é favorável aos argentinos e
que as exportações para o país vizinho vêm caindo. Neste ano, o
Brasil deverá vender US$ 5 bilhões para os argentinos. Em 97,
foram US$ 6,7 bilhões. A pauta de
exportações brasileiras é diversificada, mas o secretário disse que,
em alguns setores, a queda das exportações superou 30%.
Colaborou Silvia Mugnatto, da Sucursal
de Brasília
Texto Anterior: Entenda a dívida: Calote argentino é iminente para agências de risco Próximo Texto: Dívida: EUA negam dinheiro e sugerem calote Índice
|