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Paridade causou disparada das tarifas públicas, dizem analistas
ÉRICA FRAGA
DA REPORTAGEM LOCAL
A falta de competitividade provocada pela disparada das tarifas
públicas nos últimos anos é um
dos mais sérios problemas enfrentados pela Argentina, e não
será resolvida simplesmente com
uma mudança de regime cambial.
Essa é a opinião de economistas
argentinos.
Entre 1994 e 2001, as tarifas públicas como um todo subiram
cerca de 30% a mais do que a inflação medida pelo IPC (índice de
preços ao consumidor argentino). Essas informações constam
de um estudo feito pela Comissão
Econômica para a América Latina
e o Caribe (Cepal).
"O grande problema com as tarifas públicas é que elas são fixadas em dólar e vêm sendo corrigidas pela inflação americana", disse Bernardo Kosakoff, economista do escritório da Cepal em Buenos Aires. Segundo Kosakoff, a
inflação nos Estados Unidos subiu 10% desde 1996, enquanto a
Argentina teve deflação de 1% no
mesmo período.
Essa disparada das tarifas públicas vem elevando os custos e ajudando a minar a competitividade
das empresas argentinas, já prejudicadas pela apreciação do peso
no regime de conversibilidade.
"O grande problema é que o
abandono do regime cambial
apenas não resolveria essa perda
de competitividade das empresas", afirmou Mario Damill, diretor do Centro de Estudos de Estado e Sociedade, que tem sede em
Buenos Aires.
De acordo com Damill, caso o
novo governo resolva desvalorizar a moeda, terá de renegociar
com as empresas privatizadas os
contratos que estabelecem o valor
das tarifas públicas.
"As empresas terão de aceitar
uma renegociação porque a própria subsistência delas dependerá
disso", afirmou Damill.
Longo prazo
No entanto, de acordo com o
economista argentino, esse problema só será resolvido no longo
prazo. "Uma mudança cambial
que passe pela desvalorização é
inevitável, mas levará bastante
tempo até que o governo federal
consiga renegociar esses contratos em dólar", disse Damill, para
quem o regime de conversibilidade argentino "já morreu".
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