São Paulo, sexta-feira, 21 de dezembro de 2001

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Paridade causou disparada das tarifas públicas, dizem analistas

ÉRICA FRAGA
DA REPORTAGEM LOCAL

A falta de competitividade provocada pela disparada das tarifas públicas nos últimos anos é um dos mais sérios problemas enfrentados pela Argentina, e não será resolvida simplesmente com uma mudança de regime cambial. Essa é a opinião de economistas argentinos.
Entre 1994 e 2001, as tarifas públicas como um todo subiram cerca de 30% a mais do que a inflação medida pelo IPC (índice de preços ao consumidor argentino). Essas informações constam de um estudo feito pela Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal).
"O grande problema com as tarifas públicas é que elas são fixadas em dólar e vêm sendo corrigidas pela inflação americana", disse Bernardo Kosakoff, economista do escritório da Cepal em Buenos Aires. Segundo Kosakoff, a inflação nos Estados Unidos subiu 10% desde 1996, enquanto a Argentina teve deflação de 1% no mesmo período.
Essa disparada das tarifas públicas vem elevando os custos e ajudando a minar a competitividade das empresas argentinas, já prejudicadas pela apreciação do peso no regime de conversibilidade.
"O grande problema é que o abandono do regime cambial apenas não resolveria essa perda de competitividade das empresas", afirmou Mario Damill, diretor do Centro de Estudos de Estado e Sociedade, que tem sede em Buenos Aires.
De acordo com Damill, caso o novo governo resolva desvalorizar a moeda, terá de renegociar com as empresas privatizadas os contratos que estabelecem o valor das tarifas públicas.
"As empresas terão de aceitar uma renegociação porque a própria subsistência delas dependerá disso", afirmou Damill.

Longo prazo
No entanto, de acordo com o economista argentino, esse problema só será resolvido no longo prazo. "Uma mudança cambial que passe pela desvalorização é inevitável, mas levará bastante tempo até que o governo federal consiga renegociar esses contratos em dólar", disse Damill, para quem o regime de conversibilidade argentino "já morreu".


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