São Paulo, sexta-feira, 21 de dezembro de 2001

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Bolsa sobe mais de 26% em dois dias

DA REPORTAGEM LOCAL

O colapso financeiro da Argentina não foi empecilho para a Bolsa de Buenos Aires. O índice Merval, uma média das variações dos preços das principais ações de companhias argentinas, subiu 26,44%, nos últimos dois dias.
No mercado financeiro houve duas explicações para esse paradoxo, uma teórica e outra pragmática. Essa última era a utilização do mercado de ações como uma via de escape de capitais para fora da Argentina. Devido ao tamanho reduzido do mercado portenho, isso se fez notar drasticamente no índice. "Poucas ações são negociadas na Argentina", disse Oswaldo Alcântara Telles Filho, gerente de análises financeiras da BBV Corretora.
Com a compra de ações na Bolsa de Buenos Aires e, em seguida, a venda de recibos dessas mesmas ações (ADRs), em Nova York, alguns argentinos encontraram uma maneira de driblar as restrições para a liberação de dinheiro. Foi esse movimento, conhecido como arbitragem, que produziu o volume de US$ 33 milhões do mercado argentino, cerca de três vezes mais do que o normal.
Na teoria, porém, também há uma explicação para a alta. Segundo Marcelo Mesquita, diretor de pesquisa em mercado de capitais do Banco UBS Warburg, a iminência de uma desvalorização permite que, por conta própria, os investidores antecipem o ajuste dos preços das ações. Como ativos reais, os papéis de empresas mantém o seu valor, apesar da desvalorização da moeda.
Esse valor real das ações se expressa claramente, muitas vezes, por meio do setor da companhia. Foi assim, ontem, quando alguns analistas procuravam justificar a alta dos papéis de companhias argentinas.
As poucas ações que têm negociação efetiva na Bolsa de Buenos Aires são todas são ligadas a setores que, de uma maneira ou de outra, sofrem pouco ou até se beneficiariam da desvalorização do peso.
Entre as que podem ganhar com o fim da paridade com o dólar estão as exportadoras, como a Siderar, cujas ações subiram 24,44%, só ontem. Mais da metade do aço produzido pela siderúrgica é vendido para fora da Argentina.


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