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PALESTINOS
Dirigente espera Estado em maio de 99
Ano de 48 lembra "desastre' para Mahmoud Abbas, provável sucessor de Iasser Arafat
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do enviado especial ao Oriente Médio
Os 50 anos de Israel trazem um
"desastre" à memória de Mahmoud Abbas, o número dois da
Autoridade Nacional Palestina e
provável sucessor de Iasser Arafat,
o atual presidente da ANP.
Abbas, também conhecido pelo
nome de guerra Abu Mazen, entrou para a história ao assinar, em
1993, o acordo de paz em Washington como representante palestino. Pelo lado israelense, firmou o então chanceler Shimon
Peres, sob os olhares de Arafat e
Itzhak Rabin.
A família de Abbas deixou sua
cidade natal, Tzefat (Israel), em
1948, quando da criação do Estado
judeu. O garoto Mahmoud tinha
então 15 anos.
Depois do exílio na Síria, na
ex-URSS e na Tunísia, o advogado
Abbas retornou secretamente a
Tzefat em 94. Não queria ser reconhecido. Em 96, voltou a visitar Israel.
Atualmente, vive entre Gaza e
Ramallah (Cisjordânia), onde recebeu a Folha.
(JS)
Folha - O que representa para o
sr. os 50 anos de Israel?
Mahmoud Abbas - Esse fato
traz à memória um verdadeiro desastre. Naquele tempo, nós perdemos nosso país. Perdemos a nossa
existência, perdemos nossa comunidade. Perdemos tudo. Viramos
refugiados, gente sem casa. No
mesmo dia em que eles (judeus)
obtiveram seu próprio país, seu
próprio Estado, nós, os palestinos,
perdemos tudo.
Folha - Em 1948, o que ocorreu
com o sr. e a sua família?
Abbas - Minha família teve de
fugir, perdemos a nossa casa, na
cidade de Tzefat, atual território
de Israel. Não penso em recuperá-la ou reivindicá-la, porque aceitamos a legitimidade internacional de Israel.
Folha - Setores israelenses dizem
que foi um erro do mundo árabe
não aceitar a partilha definida pela ONU em 1947. O sr. concorda?
Abbas - Qual a utilidade dessa
discussão agora? Se foi um erro,
foi dos dois lados, desde o início.
Por que não aceitaram a idéia da
coexistência? Vamos nos fazer essa pergunta e fazê-la também aos
israelenses.
Folha - O que o sr. entende por
início? 1948?
Abbas - Não, falo do começo
do século, dos anos 20, quando começou a imigração judaica. Em
1969, criamos um slogan: "Pelo
Estado democrático palestino",
no qual muçulmanos, cristãos e
judeus viveriam em condições de
igualdade. Já entendíamos a necessidade de conviver. Ou seja, há
mais de 20 anos estendemos nossa
mão aos vizinhos israelenses. Não
queremos viver para sempre fora
do nosso país, queremos voltar.
Folha - Quando haverá um Estado palestino?
Abbas - Espero que em maio de
1999, como prevêem os acordos de
paz assinados em 1993. Esse Estado deve ser o resultado de nossas
negociações com os israelenses,
temos apenas de exercer nosso direito a contar com um país. E concordamos com as fronteiras
atuais, ou seja, um Estado palestino em Gaza e Cisjordânia, ao lado
de Israel.
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