São Paulo, sábado, 23 de junho de 2007

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Depoimentos

Menor até que os Jogos Abertos, quarta edição vibrou com o melhor basquete

DA REPORTAGEM LOCAL

Avaliar o que foi a dimensão do Pan-Americano de 1963 em São Paulo é tarefa complicada aos olhos da atualidade. Era outra época, e o esporte, antes considerado uma atividade menor, tomou rumos não imaginados.
"Tudo era precário. Você não podia ganhar para competir. Não percebi o Pan contagiar São Paulo. Em Chicago, em 1959, a cidade nem tomou conhecimento do Pan. Era um evento que estava começando", afirmou Fernando Telles, 69, um dos representantes do Brasil nos saltos ornamentais.
Para o ex-atleta, não dá para comparar a competição daquela época com a do Rio.
Outro que abraça tese semelhante é o ex-ciclista Anésio Argenton, 76, ouro em Chicago (único do ciclismo em Pans) e bronze no quilômetro contra o relógio em São Paulo. Para ele, o esporte recebe hoje mais divulgação e é mostrado na TV.
Argenton, que não participou do desfile de abertura para se poupar para a disputa, tem poucas recordações do Pan. "Havia defeitos nas rampas da pista do Ibirapuera, a bicicleta escapava um pouco nas curvas, não tinha firmeza", afirmou.
O ex-ciclista vive em Araraquara (SP) e destaca que a capital paulista era calma na época.
"A gente ficava no Defe, na Água Branca, e saía de bicicleta pelas ruas. Mudou tudo."
Já o cavaleiro Antonio Alegria Simões, 66, embora aponte o Pan como uma competição pouco valorizada naqueles tempos, destaca que o hipismo teve campeonato bem organizado. Ele esteve em mais cinco Pans, mas não esquece o sétimo lugar em sua estréia, na capital paulista, e aponta o glamour das provas hípicas de 63 no estádio do Pacaembu.
"O hipismo era a modalidade que encerrava o Pan, e as provas tinham muito público."
Como curiosidade, São Paulo recebeu representantes de 22 países, uma das mais baixas presenças na história do Pan.
E, logo depois do evento paulista, em setembro, Porto Alegre abrigou a terceira edição da Universíade, os jogos mundiais universitários, que contou com 24 países e teve supremacia da Hungria (19 ouros, 14 pratas e 6 bronzes). O Brasil ficou em 11º (1 ouro e 8 bronzes).
Também em setembro, no final do mês, São José do Rio Preto foi sede da 28ª edição dos Jogos Abertos do Interior, com participação de 76 cidades. A disputa fora um pouco esvaziada com a criação de similares no Paraná e em Santa Catarina. Edições anteriores haviam reunido mais de cem cidades.
A competição, anual, havia surgido em 1936, em Monte Alto (SP). Em Rio Preto, só o atletismo contou com mais de 500 inscritos. Portanto, é bem provável que tenha havido mais atletas nos Abertos que no Pan. Segundo os promotores, o Pan foi um aprendizado para organizar os Jogos Abertos.
O basquete foi a sensação do Pan de 1963, modalidade que mais atraiu público. O Brasil ficou com a prata, derrotado pelos EUA. Pouco depois do Pan, o Brasil conquistou o bicampeonato do Mundial masculino, no Rio, com o mesmo elenco. Em setembro, na Universídade, levantou o ouro com parte daquela equipe.
O pivô Antonio Salvador Sucar, 68, foi um deles. Sobre o Pan, ele declarou que a cidade de São Paulo apoiou "gloriosamente" o basquete. Rosa Branca, 67, outro do remanescente do grupo do Pan, não esquece a "loucura" do Ibirapuera. "O povão ficava na porta, esperando a chegada da seleção."
O armador Carlos Massoni, o Mosquito, 68, já tinha defendido o Brasil em Chicago-59. Por isso, o Pan-63 teve motivação especial por ter sido "em casa", com o Ibirapuera apinhado de torcedores. "Foi alegria, muita alegria. O Ibirapuera sempre lotado. Uma coisa de louco."
(EDGARD ALVES E MARIANA BASTOS)


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