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Depoimentos
Menor até que os Jogos Abertos, quarta edição vibrou com o melhor basquete
DA REPORTAGEM LOCAL
Avaliar o que foi a dimensão do Pan-Americano de 1963
em São Paulo é tarefa complicada aos
olhos da atualidade. Era outra
época, e o esporte, antes considerado uma atividade menor,
tomou rumos não imaginados.
"Tudo era precário. Você não
podia ganhar para competir.
Não percebi o Pan contagiar
São Paulo. Em Chicago, em
1959, a cidade nem tomou conhecimento do Pan. Era um
evento que estava começando",
afirmou Fernando Telles, 69,
um dos representantes do Brasil nos saltos ornamentais.
Para o ex-atleta, não dá para
comparar a competição daquela época com a do Rio.
Outro que abraça tese semelhante é o ex-ciclista Anésio
Argenton, 76, ouro em Chicago
(único do ciclismo em Pans) e
bronze no quilômetro contra o
relógio em São Paulo. Para ele,
o esporte recebe hoje mais divulgação e é mostrado na TV.
Argenton, que não participou do desfile de abertura para
se poupar para a disputa, tem
poucas recordações do Pan.
"Havia defeitos nas rampas da
pista do Ibirapuera, a bicicleta
escapava um pouco nas curvas,
não tinha firmeza", afirmou.
O ex-ciclista vive em Araraquara (SP) e destaca que a capital paulista era calma na época.
"A gente ficava no Defe, na
Água Branca, e saía de bicicleta
pelas ruas. Mudou tudo."
Já o cavaleiro Antonio Alegria Simões, 66, embora aponte
o Pan como uma competição
pouco valorizada naqueles
tempos, destaca que o hipismo
teve campeonato bem organizado. Ele esteve em mais cinco
Pans, mas não esquece o sétimo lugar em sua estréia, na capital paulista, e aponta o glamour das provas hípicas de 63
no estádio do Pacaembu.
"O hipismo era a modalidade
que encerrava o Pan, e as provas tinham muito público."
Como curiosidade, São Paulo
recebeu representantes de 22
países, uma das mais baixas
presenças na história do Pan.
E, logo depois do evento paulista, em setembro, Porto Alegre abrigou a terceira edição da
Universíade, os jogos mundiais
universitários, que contou com
24 países e teve supremacia da
Hungria (19 ouros, 14 pratas e 6
bronzes). O Brasil ficou em 11º
(1 ouro e 8 bronzes).
Também em setembro, no final do mês, São José do Rio
Preto foi sede da 28ª edição dos
Jogos Abertos do Interior, com
participação de 76 cidades. A
disputa fora um pouco esvaziada com a criação de similares
no Paraná e em Santa Catarina.
Edições anteriores haviam
reunido mais de cem cidades.
A competição, anual, havia
surgido em 1936, em Monte Alto (SP). Em Rio Preto, só o atletismo contou com mais de 500
inscritos. Portanto, é bem provável que tenha havido mais
atletas nos Abertos que no Pan.
Segundo os promotores, o Pan
foi um aprendizado para organizar os Jogos Abertos.
O basquete foi a sensação do
Pan de 1963, modalidade que
mais atraiu público. O Brasil ficou com a prata, derrotado pelos EUA. Pouco depois do Pan,
o Brasil conquistou o bicampeonato do Mundial masculino, no Rio, com o mesmo elenco. Em setembro, na Universídade, levantou o ouro com parte daquela equipe.
O pivô Antonio Salvador Sucar, 68, foi um deles. Sobre o
Pan, ele declarou que a cidade
de São Paulo apoiou "gloriosamente" o basquete. Rosa Branca, 67, outro do remanescente
do grupo do Pan, não esquece a
"loucura" do Ibirapuera. "O povão ficava na porta, esperando
a chegada da seleção."
O armador Carlos Massoni, o
Mosquito, 68, já tinha defendido o Brasil em Chicago-59. Por
isso, o Pan-63 teve motivação
especial por ter sido "em casa",
com o Ibirapuera apinhado de
torcedores. "Foi alegria, muita
alegria. O Ibirapuera sempre
lotado. Uma coisa de louco."
(EDGARD ALVES E MARIANA BASTOS)
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