|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
O organizado - Winnipeg - 1999
Evento de gasto modesto foi o "melhor da história"
DA REPORTAGEM LOCAL
Mario Vázquez
Raña não poupou elogios aos
organizadores
do Pan-Americano de Winnipeg no discurso
de encerramento do evento.
De acordo com o presidente
da Odepa (Organização Desportiva Pan-Americana), aqueles haviam sido os "melhores
Jogos de nossa história".
Quatro anos depois, em Santo Domingo, os adjetivos utilizados pelo dirigente mexicano
não seriam tão efusivos.
Na festa preparada para finalizar a competição, em 8 de
agosto de 1999, após 18 dias de
disputas, o primeiro-ministro
canadense Jean Chretien elogiou a participação de cerca de
5.000 atletas de 42 países que
tiveram a chance "de transformar sonhos em realidade".
Winnipeg provou ser possível realizar um grande evento
multiesportivo abrindo mão de
gastos estratosféricos. O país
queria fugir do fiasco que fora a
Olimpíada de Montréal, em
1976, que gerou enormes dívidas para o poder público.
A idéia dos organizadores de
Winnipeg-99 era reaproveitar
boa parte da infra-estrutura
que já havia sido criada para
abrigar o Pan de 1967, na primeira vez em que o evento fora
programado para a cidade.
O objetivo não era utilizar os
Jogos como catapulta para a
candidatura olímpica. Com
cerca de 600 mil habitantes na
época, a cidade não comportaria evento de tal magnitude.
"Uma Olimpíada é grande
demais para essa cidade? Não
sei. Acredito que uma candidatura como essa teria que tomar
por base uma população de
uma cidade como Toronto",
afirmou Bob McMahon, chefe
de operações do Comitê Organizador do Pan de Winnipeg.
Segundo números divulgados pelo governo do Canadá
pouco após a cerimônia de encerramento, a conta dos Jogos
ficou em 140,6 milhões de dólares canadenses (US$ 93,5 milhões, em valores da época).
Desse montante, a União
bancou US$ 32,5 milhões e desembolsou mais US$ 4,65 milhões em serviços e promoções
relacionados aos Jogos.
Para cobrir parte das despesas, foram vendidos 475 mil ingressos para as competições.
Os bilhetes arrecadaram US$
7,8 milhões, menos do que os
US$ 8,6 milhões que eram esperados pelos organizadores.
Esse déficit foi compensado
pelas vendas de produtos oficiais, que arrecadaram um
montante de US$ 6,65 milhões.
"Rejuvenescemos o espírito
de nossa comunidade", comentou McMahon, destacando um
dos retornos dos Jogos.
Vilas Pan-Americanas
Dentro da visão de promover
um Pan-Americano pé-no-chão, os atletas foram distribuídos em cinco Vilas.
O COB (Comitê Olímpico
Brasileiro), por exemplo, decidiu colocar a delegação hospedada na Vila da Base das Forças
Armadas Canadenses. Os alojamentos serviram de moradia
temporária a 1.400 atletas.
O local já havia servido como
treinamento para pilotos canadenses e norte-americanos durante a 2ª Guerra Mundial.
Já os anfitriões, bem como os
EUA, detentores da hegemonia
no quadro de medalhas, ficaram na Vila da Universidade de
Manitoba, que abrigou um total de 3.500 competidores.
Outras três Vilas foram projetadas para modalidades que
aconteceram fora da cidade,
como foi o caso da canoagem.
Cerca de 20 mil voluntários
foram recrutados para trabalhar durante a competição.
"Essas dedicadas pessoas se
esforçaram para apoiar esses
importantes Jogos e colocar o
Canadá na vitrine de uma audiência internacional", destacou Denis Coderre, então secretário de Estado de Esporte.
O legado das instalações
trouxe para a cidade outros
eventos multiesportivos, como
os Jogos Indígenas da América
do Norte, realizados em 2002.
E a chance de promover novos campeonatos. "O Comitê
Olímpico Canadense apoiará
novas competições multiesportivas. Elas são a chance de
desenvolver o esporte de alto
rendimento e de dar aos nossos
atletas a oportunidade de eles
treinarem em casa", afirmou à Folha Eric Michalko, diretor
de comunicações do comitê local.
(ADALBERTO LEISTER FILHO)
Texto Anterior: O bagunçado - Caracas - 1983 Próximo Texto: O último - Santo Domingo - 2003 Índice
|