São Paulo, sábado, 23 de junho de 2007

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O organizado - Winnipeg - 1999

Evento de gasto modesto foi o "melhor da história"

DA REPORTAGEM LOCAL

Mario Vázquez Raña não poupou elogios aos organizadores do Pan-Americano de Winnipeg no discurso de encerramento do evento.
De acordo com o presidente da Odepa (Organização Desportiva Pan-Americana), aqueles haviam sido os "melhores Jogos de nossa história".
Quatro anos depois, em Santo Domingo, os adjetivos utilizados pelo dirigente mexicano não seriam tão efusivos.
Na festa preparada para finalizar a competição, em 8 de agosto de 1999, após 18 dias de disputas, o primeiro-ministro canadense Jean Chretien elogiou a participação de cerca de 5.000 atletas de 42 países que tiveram a chance "de transformar sonhos em realidade".
Winnipeg provou ser possível realizar um grande evento multiesportivo abrindo mão de gastos estratosféricos. O país queria fugir do fiasco que fora a Olimpíada de Montréal, em 1976, que gerou enormes dívidas para o poder público.
A idéia dos organizadores de Winnipeg-99 era reaproveitar boa parte da infra-estrutura que já havia sido criada para abrigar o Pan de 1967, na primeira vez em que o evento fora programado para a cidade.
O objetivo não era utilizar os Jogos como catapulta para a candidatura olímpica. Com cerca de 600 mil habitantes na época, a cidade não comportaria evento de tal magnitude.
"Uma Olimpíada é grande demais para essa cidade? Não sei. Acredito que uma candidatura como essa teria que tomar por base uma população de uma cidade como Toronto", afirmou Bob McMahon, chefe de operações do Comitê Organizador do Pan de Winnipeg.
Segundo números divulgados pelo governo do Canadá pouco após a cerimônia de encerramento, a conta dos Jogos ficou em 140,6 milhões de dólares canadenses (US$ 93,5 milhões, em valores da época).
Desse montante, a União bancou US$ 32,5 milhões e desembolsou mais US$ 4,65 milhões em serviços e promoções relacionados aos Jogos.
Para cobrir parte das despesas, foram vendidos 475 mil ingressos para as competições. Os bilhetes arrecadaram US$ 7,8 milhões, menos do que os US$ 8,6 milhões que eram esperados pelos organizadores. Esse déficit foi compensado pelas vendas de produtos oficiais, que arrecadaram um montante de US$ 6,65 milhões.
"Rejuvenescemos o espírito de nossa comunidade", comentou McMahon, destacando um dos retornos dos Jogos.

Vilas Pan-Americanas
Dentro da visão de promover um Pan-Americano pé-no-chão, os atletas foram distribuídos em cinco Vilas.
O COB (Comitê Olímpico Brasileiro), por exemplo, decidiu colocar a delegação hospedada na Vila da Base das Forças Armadas Canadenses. Os alojamentos serviram de moradia temporária a 1.400 atletas.
O local já havia servido como treinamento para pilotos canadenses e norte-americanos durante a 2ª Guerra Mundial.
Já os anfitriões, bem como os EUA, detentores da hegemonia no quadro de medalhas, ficaram na Vila da Universidade de Manitoba, que abrigou um total de 3.500 competidores.
Outras três Vilas foram projetadas para modalidades que aconteceram fora da cidade, como foi o caso da canoagem.
Cerca de 20 mil voluntários foram recrutados para trabalhar durante a competição.
"Essas dedicadas pessoas se esforçaram para apoiar esses importantes Jogos e colocar o Canadá na vitrine de uma audiência internacional", destacou Denis Coderre, então secretário de Estado de Esporte.
O legado das instalações trouxe para a cidade outros eventos multiesportivos, como os Jogos Indígenas da América do Norte, realizados em 2002.
E a chance de promover novos campeonatos. "O Comitê Olímpico Canadense apoiará novas competições multiesportivas. Elas são a chance de desenvolver o esporte de alto rendimento e de dar aos nossos atletas a oportunidade de eles treinarem em casa", afirmou à Folha Eric Michalko, diretor de comunicações do comitê local. (ADALBERTO LEISTER FILHO)


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