São Paulo, domingo, 24 de setembro de 2006

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Formação de professores

Atualização de docentes precisa ser facilitada

Colégio deve incentivar grupo de estudos e presença em seminários

THIAGO MOMM
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Questionar as escolas sobre os professores é uma "sutileza" que a maioria dos pais ainda não considera, mas deveria. A afirmação é da coordenadora do curso de pedagogia da Unicamp, Ângela Soligo, e reflete a opinião de diversos especialistas ouvidos pela Folha.
Saber quem são os professores, se valorizam sua formação continuada, se são acessíveis aos pais, quais suas condições de trabalho e até mesmo o que têm lido são algumas sugestões elencadas pelos especialistas.
Sobre a formação continuada, Soligo sugere. "É interessante saber se a própria escola está promovendo essa formação, que oportunidades está dando ao professor. Isso é um diferencial", afirma.
Para que os professores se mantenham atualizados, os colégios podem oferecer cursos, seminários e assessoria de profissionais externos, promover reuniões e grupos de estudo, estimular a participação em congressos. Na rede pública, há cursos oferecidos por prefeituras e governos estaduais.

Faculdade
Para Maria Cecília Cortez, vice-diretora da Faculdade de Educação da USP, mais importante que se inteirar desses itens é saber onde os professores estudaram. "Tem que perguntar a faculdade que fizeram. Nenhuma formação continuada substitui isso. É o que dá o domínio básico do conteúdo."
Sobre o assunto, a doutora em educação pela Unesp Iraíde Barreiro faz um alerta para a proliferação de faculdades particulares e de cursos à distância: "É algo que os pais devem avaliar", afirma.
Tão importante quanto saber quem são os professores é certificar-se do acesso a eles. "Marcar reunião em dia de semana, por exemplo, é quase um convite ao não-comparecimento. O colégio tem que oferecer flexibilidade de horário", afirma Maria Cecília.
O contato de pais e professores não se dá, corriqueiramente, por telefone, diz Luis Antônio Laurelli, diretor de ensino da escola Pueri Domus. Como dar aula exige uma rotina, argumenta, esse contato deve ser "como o que se tem com médicos" -ou seja, em horários previamente agendados.
Também pode ser observada, principalmente no caso das escolas públicas, a quantidade de professores substitutos: o excesso deles é ruim pois são profissionais com planejamento comprometido. "Ser professor efetivo dá tranqüilidade de trabalho e chance de organizar projetos de médio e longo prazo", afirma Ângela Soligo.
Além disso, é preciso saber das condições de trabalho dos professores: salas, material, horários. Uma carga horária pesada pode comprometer a formação continuada dos professores, alerta Soligo.
Pode-se até mesmo, aconselha Maria Cecília, procurar saber do colégio se remunera bem os professores. "É um indicador da importância que a escola dá a eles", argumenta.
Mas, para ela, "os pais estão muito mais preocupados com o espaço físico, ou com dados sobre tecnologia, audiovisual". E, lamenta, "nada disso substitui um bom professor".


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