São Paulo, sábado, 26 de novembro de 2005

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DEMOGRAFIA

Em 1981, proporção era de 48 pessoas com mais de 60 anos para cada 100 com menos de 5 anos; taxa de fecundidade recua

País já tem 120 idosos para cada 100 crianças

DA SUCURSAL DO RIO

Mais idosos, menos crianças. Essa tem sido a dinâmica da população brasileira revelada ano após ano nas pesquisas do IBGE. Uma boa maneira de verificar essa tendência é comparar o número de brasileiros com mais de 60 anos com o de crianças com menos de cinco.
Em 1981, para cada 100 crianças nessa faixa etária, havia apenas 48,3 idosos. Essa relação etária, no entanto, foi rapidamente se alterando. Em 1993, a proporção passou a ser de 76,5 por 100. Em 1999, a relação passou a ser de 97,8 crianças por 100 idosos.
Foi a partir do ano de 2002 que o número de idosos passou a ser maior do que o de crianças. No ano passado, a relação já era de 120,1 idosos para cada 100 brasileiros com menos de cinco anos de idade.
A mudança na dinâmica demográfica cria situações que podem beneficiar ou prejudicar políticas públicas. Com um número menor de crianças, por exemplo, poderão sobrar mais recursos para aumentar o gasto por cada aluno nas escolas públicas.
Por outro lado, haverá um contingente crescente de aposentados que devem ser sustentados, do ponto de vista da previdência pública, por um número cada vez menor de jovens em idade ativa.

Fecundidade
As explicações para esse fenômeno também já foram bastante exploradas pelo IBGE. A principal delas é a queda na taxa de fecundidade da mulher brasileira. Neste ano, assim como já havia acontecido no ano passado, ela chegou a 2,1 filhos por mulher.
Essa taxa indica tendência de mera reposição populacional, já que supõe que dois filhos de um casal substituirão seus pais, enquanto o adicional de 0,1 leva em conta efeitos da mortalidade.
A relação entre idosos e crianças muda rapidamente também porque, ao mesmo tempo em que nascem menos brasileiros, aumenta a expectativa de vida dos mais idosos.
A população brasileira só não vai diminuir de tamanho imediatamente porque, além de as pessoas estarem vivendo mais, ainda há uma população jovem em idade reprodutiva bastante significativa. É por isso que, de acordo com as estimativas do IBGE, somente a partir de 2062 a população brasileira deverá, efetivamente, diminuir.
A queda na fecundidade e o aumento da população idosa são uma tendência verificada em todas as regiões do Brasil, mas seus efeitos estão mais acelerados nas regiões Sul e Sudeste.
"Essas regiões são as que apresentam hoje a estrutura etária mais envelhecida, ou seja, há maior proporção de pessoas com mais de 60 anos e menor porcentagem de crianças e adolescentes em comparação com o Norte e Nordeste", afirma Angela Filgueiras Jorge, coordenadora de Trabalho e Rendimento do IBGE.
Outro indicador que muda bastante de acordo com a região do país é a proporção de pessoas que migraram para outro município ou Estado. Esse indicador é medido pela proporção de pessoas que não haviam nascido no município ou no Estado onde residiam no ano em que foi realizada a pesquisa.
Apesar do intenso fluxo histórico de nordestinos para o Sudeste, a região em que essa proporção de migrantes é maior é o Centro-Oeste. Da população que lá vivia em 2004, 54,4% nasceram em outro município e 36,3% em outro Estado. No Sudeste, essas proporções eram, respectivamente, de 41,1% e 18,7%. Em todo o país, o percentual de pessoas que nasceram em outros municípios chega a 39,8%.
"Esse número indica que a mobilidade da população ainda é muito intensa no Brasil, e é mais forte principalmente nas novas áreas de expansão da fronteira agrícola [no Centro-Oeste e Norte]. Esse foi o setor da economia que tem apresentado as maiores taxas de crescimento", afirma o presidente do IBGE, Eduardo Pereira Nunes.

População
Pela primeira vez nas pesquisas do IBGE, a população brasileira ultrapassou o número de 180 milhões e chegou a 182.060.108. Isso aconteceu, em parte, porque foi a primeira vez que a Pnad incluiu em seu levantamento a população que vive na área rural da região Norte do país. Desses 182 milhões, 51,4% se declararam brancos, 42,1% se disseram pardos e 5,9% afirmaram ao instituto que eram pretos.


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