São Paulo, domingo, 27 de janeiro de 2008

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ENTREVISTA
RENATO JANINE RIBEIRO


Avaliação valoriza livros e solidariedade

Diretor de avaliação da Capes fala de mudanças na prova de fogo da pós-graduação e sobre o impacto social como indicador de excelência

Desde 2004 como diretor de avaliação da Capes, Renato Janine Ribeiro falou à Folha sobre as novidades da última edição, focada em valorizar a publicação da produção científica em livros e o empenho dos programas em formar mestres e doutores.

 

FOLHA - Quais foram as principais mudanças na avaliação do triênio 2004-2006?
RENATO JANINE RIBEIRO -
Livros passaram a ser considerados produção acadêmica importante nas áreas que os consideram relevantes -quase metade das 45. Ampliamos a qualidade eliminando periódicos inexistentes e fundindo os que apareciam com nomes diferentes.

FOLHA - As universidades dizem que esta edição da avaliação foi bem mais rigorosa. Por quê?
RIBEIRO -
Toda avaliação tem de ser mais rigorosa que a anterior, pela simples razão de que aumenta a produção científica do país e deve-se exigir mais. Com transparência é mais fácil uma área ler e conferir o que a outra faz. Sem recuarmos na exigência de produção científica de qualidade, passamos a considerar relevante, em especial para cursos de nota máxima, a formação de bons mestres e doutores. Não avaliamos grupos de pesquisa. Avaliamos grupos de pesquisa que formam mestres e doutores.

FOLHA - Há alguma novidade com relação ao Qualis?
RIBEIRO -
Criamos a avaliação de livros e eliminamos a "sujeira" do Qualis de periódicos: mais de 10 mil revistas que se repetiam ou não tinham ISSN [sistema de identificação de publicações]. Criamos um Qualis de produção artística e planejamos criar um de patentes e inovação tecnológica. Estamos respeitando e considerando produções que não são só as de ciências exatas e as de ciências biológicas.

FOLHA - Qual é o principal entrave à internacionalização dos programas?
RIBEIRO -
A internacionalização é mais bem realizada nas áreas que publicam em periódicos internacionais em inglês. Nas áreas de humanas é mais difícil, porque não se publica tanto em periódicos, e sim em livros, não há uma língua de referência como o inglês. Os textos são mais elaborados, por isso a fluência em língua estrangeira ou a boa tradução é mais difícil.

FOLHA - Uma regra que ganhou peso na avaliação foi a inserção/impacto social dos programas. Cresceu o número de projetos em comunidades ou de colaboração para a criação de novos cursos de pós?
RIBEIRO -
Projetos que chamamos de solidariedade serão condição, no futuro, para um curso chegar a seis ou sete. Precisamos ainda definir como vai ser medida a solidariedade.

FOLHA - Quanto tempo demora, em média, para o conceito dado a cursos novos aumentar?
RIBEIRO -
Muitas áreas adotaram como prática iniciar com a nota três e subir um ponto a cada avaliação. Mas cada curso deve receber a nota que merece. Em 2008 vamos trocar o acompanhamento continuado por um esquema proativo de visitas. Todos cuja nota caiu serão visitados. Queremos ver o que os está impedindo de crescer. Serão de 600 a 800 visitas.


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