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Laís, 15, olhou para os pêlos loiros de Lucas, 14. Então...
Lucas (nomes fictícios), na
época com 14 anos, começou a
ver com outros olhos sua vizinha
Laís, 15, desde que ela comentara,
depois da natação, sobre
os pêlos loiros que cresciam
abaixo do umbigo dele.
Era verão e a tensão sexual
entre os dois adolescentes crescia
até um dia em que foram ver
o filme "Mudança de Hábito"
na casa dela. "Imagina ser uma
freira! Não podem fazer sexo!",
disse Laís. "Mas sentiria falta?
Você nunca fez!", retrucou o garoto.
"Nem você. Mas, no dia em
que fizer, acho que vou gostar",
respondeu a amiga.
Em seguida, estavam deitados
na cama dela -"filme
chato", concordaram. Entre
ursinhos de pelúcia e com o
coração disparado, Lucas deu-lhe
um beijo. Desajeitado, sem
usar camisinha nem chegar
ao orgasmo -ela sentia muita
dor-, o garoto entrou para as
estatísticas brasileiras.
Segundo o Datafolha, meninos
perdem a virgindade aos
14,7 anos; já as jovens, aos 16,3.
"Eu não tinha a menor técnica.
Achei até um pouco nojento",
diz Lucas. Ele está longe dos
67% dos homens e dos 51% das
mulheres que consideram a primeira
vez boa ou ótima.
Para o ginecologista Alexandre
Pupo, do Hospital Sírio-Libanês,
mulheres tendem a ter a
primeira relação com um namorado
por buscarem estabilidade
e se apegarem emocionalmente.
"Às vezes, ela acha que está namorando,
ainda que tenha sido
um relacionamento de uma semana.
Já o menino vai dizer aos
colegas que 'pegou essa aí'."
A corretora de café Milena,
23, que hoje já transou com mais
de 200 homens, estreou com um
"fi cante", aos 14. "Imaginava que
a primeira vez fosse mágica, que
as roupas deslizassem sozinhas.
Mas não foi. Detestei."
Carmita Abdo, coordenadora
do Projeto Sexualidade do Instituto
de Psiquiatria do Hospital
das Clínicas de São Paulo, acredita
que o "ficar" passa por uma
mudança. Antes, embora esse
hábito aumentasse a quantidade
de relacionamentos, chegava-
se menos à consumação
sexual. Porém, hoje esse limite
foi derrubado.
Para a psiquiatra, o comportamento
sexual do jovem é resultado
da inserção profissional
das mulheres. "Com o casamento
retardado, não há mais como
aguardar a iniciação sexual. As
meninas tiveram uma queda de
até cinco anos, contra um ano
entre meninos. Agora, os dois
começam quase juntos." (MH)
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