São Paulo, domingo, 27 de julho de 2008

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Laís, 15, olhou para os pêlos loiros de Lucas, 14. Então...

Lucas (nomes fictícios), na época com 14 anos, começou a ver com outros olhos sua vizinha Laís, 15, desde que ela comentara, depois da natação, sobre os pêlos loiros que cresciam abaixo do umbigo dele.
Era verão e a tensão sexual entre os dois adolescentes crescia até um dia em que foram ver o filme "Mudança de Hábito" na casa dela. "Imagina ser uma freira! Não podem fazer sexo!", disse Laís. "Mas sentiria falta? Você nunca fez!", retrucou o garoto. "Nem você. Mas, no dia em que fizer, acho que vou gostar", respondeu a amiga.
Em seguida, estavam deitados na cama dela -"filme chato", concordaram. Entre ursinhos de pelúcia e com o coração disparado, Lucas deu-lhe um beijo. Desajeitado, sem usar camisinha nem chegar ao orgasmo -ela sentia muita dor-, o garoto entrou para as estatísticas brasileiras.
Segundo o Datafolha, meninos perdem a virgindade aos 14,7 anos; já as jovens, aos 16,3. "Eu não tinha a menor técnica. Achei até um pouco nojento", diz Lucas. Ele está longe dos 67% dos homens e dos 51% das mulheres que consideram a primeira vez boa ou ótima.
Para o ginecologista Alexandre Pupo, do Hospital Sírio-Libanês, mulheres tendem a ter a primeira relação com um namorado por buscarem estabilidade e se apegarem emocionalmente. "Às vezes, ela acha que está namorando, ainda que tenha sido um relacionamento de uma semana. Já o menino vai dizer aos colegas que 'pegou essa aí'."
A corretora de café Milena, 23, que hoje já transou com mais de 200 homens, estreou com um "fi cante", aos 14. "Imaginava que a primeira vez fosse mágica, que as roupas deslizassem sozinhas. Mas não foi. Detestei."
Carmita Abdo, coordenadora do Projeto Sexualidade do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo, acredita que o "ficar" passa por uma mudança. Antes, embora esse hábito aumentasse a quantidade de relacionamentos, chegava- se menos à consumação sexual. Porém, hoje esse limite foi derrubado.
Para a psiquiatra, o comportamento sexual do jovem é resultado da inserção profissional das mulheres. "Com o casamento retardado, não há mais como aguardar a iniciação sexual. As meninas tiveram uma queda de até cinco anos, contra um ano entre meninos. Agora, os dois começam quase juntos." (MH)


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