São Paulo, terça-feira, 28 de maio de 2002

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SUÍÇA 54

Batida dupla


Na maior briga campal da história das Copas, zagueiro da seleção leva garrafada e fecha ano atribulado


O ano de 1954 começou de forma turbulenta para o mais conhecido zagueiro da história do Fluminense. Em março daquele ano, ele sofreu um acidente automobilístico que lhe valeu uma cicatriz no olho esquerdo, além de hematomas por todo o corpo.
Menos de quatro meses depois, na Copa do Mundo da Suíça, um novo "acidente" lhe deixaria mais uma vez bastante machucado.
Na "Batalha de Berna", a mais famosa briga envolvendo jogadores em uma Copa do Mundo, o eterno zagueiro do Fluminense foi a principal vítima do combate entre brasileiros e húngaros.
O time nacional, traumatizado pela perda do título de 1950, fazia uma campanha modesta.
Na primeira fase, havia vencido o México com facilidade e depois empatado com a Iugoslávia. Nessa partida, sem conhecer o regulamento, os brasileiros se desgastaram para ficar com a vitória, resultado que pensavam ser vital para a classificação.
Chegou então a hora de enfrentar a "máquina húngara". Em um jogo nervoso (o Brasil teve dois expulsos), os europeus venceram por 4 a 2 e eliminaram a seleção. Mas foi só após o apito final que o confronto entrou para a história.
Quando as equipes se dirigiam para os vestiários, uma garrafa de vidro acabou atingindo a cabeça do zagueiro brasileiro, dando início à confusão.
A responsabilidade por essa agressão é, ainda hoje, motivo de discórdia. Uma versão a credita a Puskas, o maior astro da Hungria -mas que naquele dia não entrou em campo-, a responsabilidade pelo arremesso da garrafa.
Em recente entrevista, no entanto, o lateral Djalma Santos contou uma história diferente. Segundo ele, tudo teria começado de forma acidental. Puskas teria pedido água para o médico da seleção brasileira, que prontamente o atendeu, jogando a tal garrafa. Como sua pontaria não era das melhores, o médico teria errado o alvo e acertado o brasileiro.
Versões à parte, o que ocorreu é que a tal garrafada foi o estopim para uma confusão nunca vista em um Mundial. Por 15 minutos, jornalistas, dirigentes e jogadores se agrediram em campo.
O acanhado estádio suíço colaborou para aumentar a dramaticidade da batalha. Ao final, as cenas dos feridos pareciam ter saído de filmes de guerra. Jogadores enfaixados em macas, sangue nos vestiários e trocas de acusações.
Entre os feridos, lá estava o zagueiro que nunca esqueceria o ano de 1954.
Ao sofrer o acidente de carro, ele já havia surpreendido a todos ao aparecer vivo enquanto boatos que davam sua morte como certa corriam o Rio de Janeiro. Tal fato o deixara chateado.
Nos campos suíços, no entanto, a sensação da dor foi maior. Ao lado de seus companheiros, Pinheiro saía machucado, e o Brasil, pela quinta vez, sem a Copa.



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