São Paulo, terça-feira, 28 de maio de 2002 |
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CHILE 62 Cartola craque
Não é apenas de trapalhadas que é feita a história dos cartolas que comandaram a seleção brasileira até hoje. Em 62, no Chile, o bicampeonato mundial foi ganho graças à genialidade de Garrincha, mas não se pode ignorar um cuidadoso -para muitos, questionável- trabalho nos bastidores. O efeito desse trabalho só viria a aparecer no dia seguinte à vitória contra os tchecos, na decisão, por 3 a 1. Nas páginas dos jornais, principalmente os paulistas, a galeria dos campeões dava mais destaque para o dirigente que havia montado o plano das conquistas na Suécia e no Chile do que para Aimoré Moreira, o técnico do time nacional. O homem que transformou a conturbada seleção brasileira em exemplo de organização já tinha longa experiência quando João Havelange, então presidente da CBD, o indicou para coordenar o time, pouco antes da Copa-58. Receoso em perder prestígio no caso de fracasso, Havelange decidiu colocar o ex-presidente do São Paulo no cargo. Ao assumir, ele remodelaria toda a comissão técnica, trazendo para ela até um psicólogo, fato inédito à época. Mas, na conquista do bicampeonato no Chile, o que ajudaria mesmo seria a sua movimentação nos bastidores. Com um time envelhecido e sem Pelé -machucado-, o Brasil teve ajuda decisiva da arbitragem e dos tribunais. Para isso, além de seu principal dirigente no Mundial, a seleção contaria com a ajuda de Mendonça Falcão, então presidente da Federação Paulista de Futebol. Com a articulação desses homens, o Brasil acabaria por ter, nos momentos decisivos, seus jogos apitados por "velhos conhecidos do país". A classificação na primeira fase do Mundial aconteceria com uma vitória de 2 a 1 contra a Espanha, na qual os rivais europeus afirmam que foram "garfados", já que tiveram um pênalti a favor não marcado e um gol anulado. Mas foram nos dias entre a semifinal e a decisão do torneio que o cartola brasileiro "brilhou" com mais intensidade. Na semifinal contra os chilenos, Garrincha foi expulso pelo juiz peruano após agredir um rival. Tal fato não interferiu no resultado, já que o Brasil venceu por 4 a 2. Mas foi aí que começou uma das mais nebulosas histórias de todas as Copas. Principal testemunha da agressão, o bandeirinha era um "velho amigo" do Brasil e, como o juiz uruguaio Esteban Marino, havia feito carreira trabalhando para a Federação Paulista. No dia do julgamento, na véspera da final, Marino simplesmente sumiu. Alguns disseram que ele havia deixado o Chile. Outros, juraram tê-lo visto em um hotel bebendo com os dirigentes brasileiros. Sem a principal testemunha, Garrincha foi absolvido e jogou a decisão. Com essa "jogada de mestre", Paulo Machado de Carvalho, o "Marechal da Vitória", se despediu das Copas. Texto Anterior: Suécia 58: Dedo da patroa Próximo Texto: Inglaterra 66: 'Bestial' e 'besta' Índice |
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