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FORÇAS ARMADAS
Mudança de discurso aproxima militares
DA REPORTAGEM LOCAL
Um país soberano tem de ser
militarmente forte, porque assim
pode exercer poder de persuasão
nas relações internacionais. Seguindo esse enunciado, Luiz Inácio Lula da Silva pavimentou suas
relações com Exército, Marinha e
Aeronáutica e reduziu as resistências internas a seu nome.
"Nunca tive tanto apoio entre as
Forças Armadas", afirma Lula,
que se reuniu com cerca de 400
militares em dois encontros em
setembro, com a presença de seis
ex-ministros do regime militar.
O petista hoje defende maior
dotação orçamentária para as três
Forças, apóia seus principais projetos (Sivam, submarino movido
a propulsão nuclear, Veículo Lançador de Satélites, renovação da
frota de caças da Aeronáutica e
manutenção do serviço militar
obrigatório, por exemplo).
Antes associado à ameaça comunista, Lula passou a ser visto
como interlocutor ao distanciar-se do discurso antimilitar que o
marcou nos anos 80.
Quando Lula surgiu como liderança sindical, em 1978, os militares da linha-dura que contestavam o projeto de abertura de Ernesto Geisel (1974-1979) achavam
que o hoje petista era criação de
um bruxo. No caso, o general que
comandava a Casa Civil: Golbery
do Couto e Silva (1911-1987).
A tese não era de todo absurda,
por Golbery estimular o surgimento de uma nova liderança de
esquerda que, no final da década
de 70, representasse a possibilidade de enfraquecimento dos nomes mais fortes do setor então:
Leonel Brizola e Miguel Arraes.
Talvez tenha sido nesse período
que Lula foi visto com alguma
simpatia nos círculos militares.
Após as greves do ABC e a fundação do PT, Lula era visto com reserva nas Forças Armadas. Foi
afastado do sindicato que dirigia,
mantido preso durante 41 dias e
chegou a ser condenado por um
tribunal militar a dois anos de prisão (julgamento depois anulado).
(PLÍNIO FRAGA)
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