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LEGISLATIVO
Mesmo sendo o maior partido da Câmara, PT precisará de PL, PMDB e PSDB para dar sustentação ao Planalto
Lula busca novo "Centrão" no Congresso
LUCIO VAZ
OTÁVIO CABRAL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Com uma frente de centro-esquerda que chegará a cerca de 220
deputados e 28 senadores, o petista Luís Inácio Lula da Silva vai
buscar a maioria no Congresso
com a adesão de PMDB, parcelas
do PSDB e o inchaço do PL, que
deve receber dissidentes do PFL,
do PPB e de pequenos partidos.
A frente parlamentar formada
para dar sustentação ao governo
Lula será heterogênea como o
"Centrão" que atuou no Congresso constituinte, mas com uma diferença fundamental: a sua hegemonia será dos setores de esquerda e de centro-esquerda.
O quadro será mais tranquilo
para Lula na Câmara, onde o PT
elegeu a maior bancada (91 deputados), e mais complicado no Senado. Com só 14 senadores, o governo deve ficar refém do PMDB,
que terá a maior bancada: 20 senadores. A Câmara tem 513 deputados e o Senado, 81 senadores.
Parte da cúpula do PMDB, que
elegeu 74 deputados, resiste à adesão ao governo, mas deverá ceder
à pressão das bases partidárias e
do grupo dissidente. A direção
nacional prefere que o partido tome uma decisão em bloco, para
evitar o esfacelamento que deverá
acontecer no PFL, com parte do
partido apoiando o governo e outra parte fazendo oposição.
Para atrair o PMDB, Lula terá
que oferecer pelo menos um ou
até dois ministérios. Um deles seria oferecido à cúpula do partido,
que apoiou a candidatura do tucano José Serra. O outro ministério seria do grupo que foi dissidente do partido no governo Fernando Henrique Cardoso.
Mas um dos grupos poderá ser
contemplado com a presidência
do Senado. Os dissidentes apostam no ex-presidente José Sarney
(AP) para o cargo. Já os governistas querem colocar o líder do partido, Renan Calheiros (AL).
Os representantes dos demais
partidos que vierem a apoiar sistematicamente o governo Lula serão contemplados com cargos federais nos Estados, segundo previsão de um integrante da coligação de Lula. Líderes do PT esperam contar com o apoio de parcela do PSDB, partido da oposição
que teria parlamentares com um
perfil mais próximo do PT. Mas
os petistas acham que os tucanos
apoiarão projetos específicos do
governo sem deixar o partido.
A cúpula do PT chegou a prever,
antes das eleições, que o PL receberia mais 50 deputados -além
dos 26 eleitos- logo no início de
2003. Seriam deputados do PFL,
do PPB e de outros partidos interessados em participar do governo, mas que não poderiam ingressar diretamente no PT, por
causa de divergências regionais.
Hoje os dirigentes do PT preferem ver esses deputados espalhados por vários partidos, como
PTB, PSB, PDT e PV, para evitar
que o PL aumente demais o seu
poder de barganha. Além disso, o
PT poderá chegar a cem deputados até o início da legislatura, com
adesões sobretudo do PDT.
A tese de crescimento do PL é
reforçada pelo presidente nacional do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC). Ele afirma que a
perda de deputados do partido
para o PL pode chegar a 30 nomes
até o dia da posse na Câmara.
O presidente nacional do PL,
deputado Valdemar Costa Neto
(SP), prevê uma maioria tranquila
para Lula na Câmara. "O PT não
vai querer inchar, mas esse pessoal do PSDB, PFL, PPB vai para o
PL. O cara precisa do governo para prestar serviços à sua comunidade."
A adesão do PMDB será fundamental para Lula principalmente
no Senado. Juntos, o PT, o PL e os
outros partidos de esquerda terão
28 senadores. Com os 20 senadores do PMDB, o governo teria
uma maioria tranquila.
O líder do PT no Senado,
Eduardo Suplicy (SP), aposta no
apoio do PMDB. "Segmentos
muito significativos do PMDB já
estão dizendo da sua boa vontade
de apoiar o governo Lula."
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