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San Juan - 1979
Torneio é marcado por manifestações anti-EUA, que deram aporte financeiro para a organização dos Jogos; futuro astro do atletismo, o norte-americano Carl Lewis desponta, mas perde para brasileiro
DA REPORTAGEM LOCAL
O
s Jogos de San
Juan, os primeiros
disputados na área
da América Central e do Caribe,
ocorreram sob forte aparato de
segurança. Grupos de oposição
aproveitaram o evento para
reivindicar a independência de
Porto Rico, considerado Estado livre associado dos EUA.
Assim, às vésperas do início
do Pan, houve protestos nas
ruas de San Juan, com queima
de bandeiras americanas e até
ataques à Guarda Nacional.
Para aumentar a polêmica, o
governador Carlos Romero
Barceló ordenou que a bandeira e o hino dos EUA aparecessem sempre antes dos símbolos de Porto Rico nas cerimônias do Pan. Como resultado,
Barceló acabou vaiado ao discursar na festa de abertura.
A onipresença norte-americana tinha sua razão de ser.
San Juan só conseguiu ser
sede da competição graças a
US$ 54 milhões de investimento, a maior parte financiada pelo governo dos EUA. Mesmo
assim, houve falhas, principalmente no transporte e na divulgação de dados à imprensa.
Apesar da presença militar,
houve incidentes policiais. O
Panamá reclamou de roubo de
US$ 2.700. O valor foi subtraído por uma jovem de 19 anos,
introduzida -sem maiores explicações- nos aposentos do
tesoureiro da delegação, Sanchez Rivas. Já um turista dominicano foi detido por tentar
vender ingressos falsos.
Confusões também ocorriam na delegação brasileira.
Em clima de regime militar,
Djan Madruga foi advertido ostensivamente pelo general Antônio Pires de Castro, chefe da
missão nacional, por estar sem
camisa na Vila Pan-Americana.
Apesar do problema, Madruga não foi afastado. E o nadador
se tornou o brasileiro que mais
subiu ao pódio em San Juan,
com três pratas e três bronzes.
No judô, esporte que iniciava
seu histórico de glórias nos tatames e de problemas fora dele,
o Brasil pela primeira vez ocupou o primeiro lugar entre os
participantes, com quatro ouros, uma prata e dois bronzes.
Pouco antes do Pan, alguns
judocas fizeram o "motim de
Paris", denunciando as más
condições oferecidas à equipe
para disputar um torneio na
França. Por causa disso, atletas
foram afastados. Pouco depois,
a confederação voltou atrás.
E três dos que foram absolvidos, Carlos Alberto da Cunha,
Carlos Alberto Pacheco e Luís
Shinohara, subiram ao degrau
mais alto do pódio no Pan.
Destaque também obteve
João do Pulo, bicampeão do
evento no salto triplo e no salto
em distância. Nesta última
competição, teve a companhia
no degrau mais baixo do pódio
de um futuro astro, Carl Lewis.
Em suas campanhas olímpicas, o norte-americano se tornaria um dos mais premiados,
com nove ouros e uma prata.
Em 2003, Lewis viu sua carreira ser manchada após denúncia de que havia tido três
exames antidoping positivos
acobertados pouco antes da
Olimpíada de Seul, em 1988.
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