São Paulo, terça-feira, 29 de maio de 2007

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San Juan - 1979

Torneio é marcado por manifestações anti-EUA, que deram aporte financeiro para a organização dos Jogos; futuro astro do atletismo, o norte-americano Carl Lewis desponta, mas perde para brasileiro

DA REPORTAGEM LOCAL

O s Jogos de San Juan, os primeiros disputados na área da América Central e do Caribe, ocorreram sob forte aparato de segurança. Grupos de oposição aproveitaram o evento para reivindicar a independência de Porto Rico, considerado Estado livre associado dos EUA.
Assim, às vésperas do início do Pan, houve protestos nas ruas de San Juan, com queima de bandeiras americanas e até ataques à Guarda Nacional.
Para aumentar a polêmica, o governador Carlos Romero Barceló ordenou que a bandeira e o hino dos EUA aparecessem sempre antes dos símbolos de Porto Rico nas cerimônias do Pan. Como resultado, Barceló acabou vaiado ao discursar na festa de abertura.
A onipresença norte-americana tinha sua razão de ser.
San Juan só conseguiu ser sede da competição graças a US$ 54 milhões de investimento, a maior parte financiada pelo governo dos EUA. Mesmo assim, houve falhas, principalmente no transporte e na divulgação de dados à imprensa.
Apesar da presença militar, houve incidentes policiais. O Panamá reclamou de roubo de US$ 2.700. O valor foi subtraído por uma jovem de 19 anos, introduzida -sem maiores explicações- nos aposentos do tesoureiro da delegação, Sanchez Rivas. Já um turista dominicano foi detido por tentar vender ingressos falsos.
Confusões também ocorriam na delegação brasileira. Em clima de regime militar, Djan Madruga foi advertido ostensivamente pelo general Antônio Pires de Castro, chefe da missão nacional, por estar sem camisa na Vila Pan-Americana.
Apesar do problema, Madruga não foi afastado. E o nadador se tornou o brasileiro que mais subiu ao pódio em San Juan, com três pratas e três bronzes.
No judô, esporte que iniciava seu histórico de glórias nos tatames e de problemas fora dele, o Brasil pela primeira vez ocupou o primeiro lugar entre os participantes, com quatro ouros, uma prata e dois bronzes.
Pouco antes do Pan, alguns judocas fizeram o "motim de Paris", denunciando as más condições oferecidas à equipe para disputar um torneio na França. Por causa disso, atletas foram afastados. Pouco depois, a confederação voltou atrás.
E três dos que foram absolvidos, Carlos Alberto da Cunha, Carlos Alberto Pacheco e Luís Shinohara, subiram ao degrau mais alto do pódio no Pan.
Destaque também obteve João do Pulo, bicampeão do evento no salto triplo e no salto em distância. Nesta última competição, teve a companhia no degrau mais baixo do pódio de um futuro astro, Carl Lewis.
Em suas campanhas olímpicas, o norte-americano se tornaria um dos mais premiados, com nove ouros e uma prata.
Em 2003, Lewis viu sua carreira ser manchada após denúncia de que havia tido três exames antidoping positivos acobertados pouco antes da Olimpíada de Seul, em 1988.


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