São Paulo, terça-feira, 29 de maio de 2007

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PAN - RIO 2007

Objetos de desejo

Evolução de materiais torna competidores mais eficientes, mas também encarece prática esportiva e exige investimentos pessoais cada vez mais elevados

DA REPORTAGEM LOCAL

C olete e calçados especiais, boné, óculos com lentes coloridas, protetor auricular, abafador de som e uma arma calibre 12 de 4 kg.
É impossível não reconhecer Janice Teixeira pronta para atirar. Representante do tiro ao prato do Brasil no Pan, ela pratica um esporte intimamente dependente de equipamentos e acessórios, que lhe permitem mais eficiência nos tiros mas também pesam no bolso.
Com o avanço tecnológico, as modalidades passaram a usar materiais mais sofisticados que ajudaram e também encareceram a prática esportiva.
"Minha arma, por exemplo, é importada e custa 7.000 [cerca de R$ 17 mil]. Ela pode durar uma vida, mas há os gastos com munição, por exemplo", comenta Janice, que, com patrocínio, não precisa desembolsar nada para dar seus tiros.
Balas para competição podem custar R$ 1 cada uma.
Alguns equipamentos duram apenas uma prova. Hugo Hoyama, para não desperdiçar, guarda as borrachas da raquete de tênis de mesa "inutilizadas" após os jogos para os treinos.
"Com uma borracha, consigo treinar por uma semana", diz.
Sua raquete, de madeira japonesa, custa cerca de R$ 240. Cada borracha, R$ 115.
Para saltar seus 4,66 m, recorde nacional, Fabiana Murer usa uma vara de 4,55 m. Feita de fibra de vidro, custa até cerca de R$ 1.000. Ela usa de quatro a cinco por torneio.
Em alguns esportes, as mudanças no equipamento mais importantes foram sutis, mas alteraram a vida dos atletas.
No levantamento de peso, o macaquinho e as sapatilhas viraram artigo de luxo. Mais leves e flexíveis, ajudaram muito na evolução de Fernando Saraiva, promessa que vai ao Pan.
O brasileiro usa peças feitas na França ou na Alemanha, que custam US$ 200 (macaquinho) e US$ 100 (sapatilha).
O quimono dos judocas sofreu alterações no tecido e no corte. Fabricados com algodão especial trançado, são feitos sob medida no Japão (têm, em média, 2 kg). Outro modelo usado é o europeu, mais grosso. "É como a raquete do tenista. Cada um tem a sua preferida", diz Danielle Zangrando.
A peça custa cerca de R$ 400, e o judoca tem de ter pelo menos uma azul e uma branca.
Homens de categorias pesadas correm mais risco de verem os quimonos rasgados. Em média, duram cinco anos.
Danielle (até 57 kg) não tem esse problema. Já ficou com um quimono por 12 anos.
"Minha mãe cuida deles com carinho. Por isso eles duram. Mas as máquinas de lavar lá de casa vivem quebradas", afirma.


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