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PAN - RIO 2007
Objetos de desejo
Evolução de materiais torna competidores mais eficientes, mas também encarece prática esportiva e exige investimentos pessoais cada vez mais elevados
DA REPORTAGEM LOCAL
C
olete e calçados especiais, boné, óculos
com lentes coloridas,
protetor auricular,
abafador de som e
uma arma calibre 12 de 4 kg.
É impossível não reconhecer
Janice Teixeira pronta para
atirar. Representante do tiro ao
prato do Brasil no Pan, ela pratica um esporte intimamente
dependente de equipamentos e
acessórios, que lhe permitem
mais eficiência nos tiros mas
também pesam no bolso.
Com o avanço tecnológico, as
modalidades passaram a usar
materiais mais sofisticados que
ajudaram e também encareceram a prática esportiva.
"Minha arma, por exemplo, é
importada e custa 7.000
[cerca de R$ 17 mil]. Ela pode
durar uma vida, mas há os gastos com munição, por exemplo", comenta Janice, que, com
patrocínio, não precisa desembolsar nada para dar seus tiros.
Balas para competição podem custar R$ 1 cada uma.
Alguns equipamentos duram
apenas uma prova. Hugo Hoyama, para não desperdiçar,
guarda as borrachas da raquete
de tênis de mesa "inutilizadas"
após os jogos para os treinos.
"Com uma borracha, consigo
treinar por uma semana", diz.
Sua raquete, de madeira japonesa, custa cerca de R$ 240.
Cada borracha, R$ 115.
Para saltar seus 4,66 m, recorde nacional, Fabiana Murer
usa uma vara de 4,55 m. Feita
de fibra de vidro, custa até cerca de R$ 1.000. Ela usa de quatro a cinco por torneio.
Em alguns esportes, as mudanças no equipamento mais
importantes foram sutis, mas
alteraram a vida dos atletas.
No levantamento de peso, o
macaquinho e as sapatilhas viraram artigo de luxo. Mais leves e flexíveis, ajudaram muito
na evolução de Fernando Saraiva, promessa que vai ao Pan.
O brasileiro usa peças feitas
na França ou na Alemanha, que
custam US$ 200 (macaquinho)
e US$ 100 (sapatilha).
O quimono dos judocas sofreu alterações no tecido e no
corte. Fabricados com algodão
especial trançado, são feitos
sob medida no Japão (têm, em
média, 2 kg). Outro modelo
usado é o europeu, mais grosso. "É como a raquete do tenista. Cada um tem a sua preferida", diz Danielle Zangrando.
A peça custa cerca de R$
400, e o judoca tem de ter pelo
menos uma azul e uma branca.
Homens de categorias pesadas correm mais risco de verem os quimonos rasgados. Em
média, duram cinco anos.
Danielle (até 57 kg) não tem
esse problema. Já ficou com
um quimono por 12 anos.
"Minha mãe cuida deles com
carinho. Por isso eles duram.
Mas as máquinas de lavar lá de
casa vivem quebradas", afirma.
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