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Eu estava lá
"Era uma geração no ponto para ganhar"
Maria Helena Cardoso
DA REPORTAGEM LOCAL
U
ma festa de arromba, como se dizia
na época, motivada
por duas medalhas
de ouro, uma no
masculino e outra no feminino.
Foi assim a dupla comemoração do basquete nos Jogos Pan-Americanos de Cali, em 1971.
Isso é o que a paulista Maria
Helena Cardoso, 67, tem gravado na memória.
"A comemoração conjunta
do êxito foi memorável", falou.
Na verdade, Maria Helena
chegou ao título do Pan duas
vezes: a primeira em Cali, como jogadora, e, 20 anos depois,
como técnica da mesma seleção de basquete, em Havana.
Pouco antes do Pan de Cali, a
seleção feminina do Brasil tinha conquistado a medalha de
bronze no Campeonato Mundial, disputado no ginásio do
Ibirapuera, em São Paulo.
Aquela campanha alavancou
a seleção, dirigida pelo técnico
Waldir Pagan Peres, para os
Jogos na Colômbia.
"Era uma geração no ponto
para ganhar. Por pouco não ficamos com o ouro no Mundial
e, logo a seguir, fomos para Cali. Foi um só embalo. O Mundial tinha sido muito bom."
No Pan, o Brasil terminou
empatado com os EUA (cinco
vitórias e uma derrota), em turno completo, mas levou o título
por ter superado o rival no confronto direto por 64 a 60.
A seguir, pela ordem, ficaram
os times de Cuba, México, Canadá, Equador e Colômbia.
Maria Helena guarda com
carinho a medalha de ouro daqueles Jogos na Colômbia.
Mas declara que detalhes da
carreira de atleta sumiram da
memória. Diferentemente da
fase como técnica, mais recente e viva, da qual lembra tudo.
"Olhando fotos daquela época, vejo que a gente usava tênis
All Star, de lona, que hoje é moda de passeio. A bola, que no
início da carreira era de couro,
também mudou", rememora.
Mas ela aponta as condições
de preparação das seleções brasileiras como o diferencial, já
que na atualidade a estrutura e
o apoio são mais requintados.
"Naquela época, a seleção ficava em alojamento e só ia para
hotel na semana da estréia. Nos
dias de hoje, a estrutura é completa. O apoio é total. O atleta
tem ajuda, patrocínio. Na época, cheguei a receber convite
para fazer propaganda, mas
não podia, era proibido."
O Pan do Rio é oportunidade
para que o basquete brasileiro
tente recuperar prestígio, superando a queda dos últimos
anos. Pouco importa, segundo
ela, se países como os EUA não
dão tanta importância à competição e virão desfalcados.
"Aumenta a chance de sucesso do Brasil. Mas ainda há dúvida se a nossa seleção também
estará completa", disse numa
alusão à possível ausência das
brasileiras da WNBA, a liga
norte-americana profissional.
Em quase toda a carreira,
Maria Helena foi escudada pela
companheira Maria Helena
Campos, a Heleninha.
No primeiro ouro do Pan, como armadora, era Heleninha
quem passava muitas bolas para a ala-pivô Maria Helena. Depois, nos Jogos de Cuba, como
assistente, ela dividia as responsabilidades com a treinadora na comissão técnica.
Como técnica da seleção,
Maria Helena cravou duas
proezas: foi a primeira mulher
a ocupar o posto e também ajudou a classificar o Brasil pela
primeira vez para uma Olimpíada, a de Barcelona, em 1992,
16 anos após a introdução da
modalidade nos Jogos, em
1976, em Montréal (Canadá).
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