São Paulo, domingo, 29 de outubro de 2006

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ESTADOS - RIO DE JANEIRO

Na véspera, Cabral chega a 68% dos válidos

Na pesquisa anterior, peemedebista tinha 63%; aliança com Lula foi fundamental para a disparada dele nas pesquisas

Com 32%, Denise Frossard não conseguiu obter novos apoios no segundo turno e ainda enfrentou crise na campanha com Alckmin

RAPHAEL GOMIDE
SERGIO TORRES

DA SUCURSAL DO RIO A última pesquisa Datafolha no Rio de Janeiro indica que o senador Sérgio Cabral (PMDB) será eleito governador do Estado com larga vantagem sobre sua adversária. Ele tem 62% das intenções de voto, enquanto a deputada federal Denise Frossard (PPS) está com 30%.
Dos 2.858 entrevistados em 45 municípios anteontem e ontem, 5% declararam que pretendem votar nulo ou em branco, e 3% estão indecisos.
Em votos válidos (dos quais são retirados brancos, nulos e indecisos), Cabral tem 68% e Frossard, 32%. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.
A pesquisa foi registrada no Tribunal Regional Eleitoral com o número 80.176/2006.
O senador, que vinha em ascensão, subiu ainda mais nos últimos dias. Na pesquisa anterior, concluída na terça-feira, Cabral tinha 58% contra 33% de Frossard -ou 63% a 37% em votos válidos.
A maioria (59%) dos entrevistados disse não ter assistido ao debate da TV Globo realizado na quinta-feira. Mas, dentre os que viram, Cabral foi considerado vitorioso por 72%, e Frossard, apenas por 20%.
Ontem, no último dia de campanha, Cabral fez caminhadas em bairros populosos das zonas oeste e norte da capital. Mesmo dizendo que ainda não se considerava eleito, afirmou que já deverá falar hoje à noite sobre seu secretariado.
Frossard pediu votos em Niterói, cidade do Grande Rio onde conseguiu bom desempenho no primeiro turno. O almoço que faria com o candidato a presidente Geraldo Alckmin (PSDB) e o prefeito Cesar Maia (PFL) foi cancelado.

Apoios amplos
Os números do Datafolha confirmam o favoritismo que acompanhou Cabral durante toda a campanha do segundo turno, na qual Frossard ficou isolada. Em torno do senador, uniram-se até forças historicamente rivais, como o PT do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do candidato derrotado Vladimir Palmeira, o senador Marcelo Crivella (PRB), terceiro colocado no primeiro turno e quadros importantes do PSDB, como o também candidato derrotado Eduardo Paes.
Com Frossard, restou, quase solitário, o prefeito do Rio, Cesar Maia (PFL). Antevendo uma derrota, ele passou a se queixar em seu "ex-blog" (comentários que distribui na internet) da eleição simultânea para presidente e governador em dois turnos.
Para Maia, esse molde cria uma "grave distorção no processo eleitoral", porque os candidatos aos governos estaduais tendem a aliar-se ao favorito à Presidência, e assim alavancarem suas intenções de voto.
Cabral buscou, de fato, atrelar sua campanha à de Lula. Produziu material conjunto de campanha, andou com adesivos com o número 13 do PT do presidente no peito e em todos os pronunciamentos, destacou o apoio de Lula, que subiu em seu palanque.

Crise
A estratégia mostrou-se acertada, já que Frossard e Alckmin não conseguiram crescer no Estado em relação ao primeiro turno. Os dois ainda passaram por uma crise quando, no início do segundo turno, Alckmin posou para fotos com o ex-governador Anthony Garotinho e sua mulher, Rosinha Matheus, atual governadora do Rio. A dupla apóia Cabral e é adversária política de Cesar Maia e Frossard.
A foto levou Frossard a anunciar que anularia o voto para Presidência. Depois, pressionada pelo presidente do PPS, Roberto Freire, voltou atrás.
O senador soube atrair quase todos os prefeitos do Estado: 89 de 92 o apóiam. Desde o primeiro turno, já se gabava de só reunir menos partidos na aliança do que o governador Aécio Neves (MG), com quem adora comparar-se.
A insistência de Frossard em colar a imagem de Cabral à de Garotinho, impopular na capital, não serviu para que ela crescesse no interior nem tornou-se um fato importante na campanha. Garotinho e Rosinha apoiaram o senador sem fazer manifestações públicas, para não prejudicá-lo.


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