São Paulo, domingo, 30 de julho de 2006

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Empresários investem na promoção da "marca Índia" em eventos pelo mundo

DA REPORTAGEM LOCAL

No último Fórum Econômico de Davos, estrelas do cinema indiano e modelos vestindo a moda do país animaram a pequena cidade suíça. Tudo fazia parte da campanha "India Everywhere" (Índia em todo lugar), que colocou outdoors e cartazes por todos os lados da nova "marca Índia" - não faltaram festas com a música contemporânea da terra.
Por trás da ofensiva estava a poderosa FICCI (Federação das Câmaras de Comércio e Indústria da Índia). Criada em 1927 por sugestão de Mahatma Gandhi, ela reúne 2,5 milhões de empresas, que empregam 20 milhões de trabalhadores.
"A Índia deu passos para se integrar de forma bem-sucedida e equilibrada à economia global. As reformas vão prosseguir e vamos continuar a crescer", disse à Folha Amit Mitra, secretário-geral da FICCI e membro do conselho das maiores empresas do país.
Defensora das reformas econômicas do início dos anos 90, a FICCI comemora os avanços e agora quer espalhar o lema "Índia, a democracia com livre mercado que cresce mais rápido no mundo".
Os números não desmentem Mitra. O país cresceu 8% em média nos últimos três anos. As reservas internacionais pularam de US$ 5 bilhões em 1991 para US$ 163 bilhões hoje. As exportações e importações equivalem atualmente a 41,6% do PIB, enquanto eram apenas 18% em 1992.
Quando o cálculo do PIB é pelo poder de compra (PPP), a Índia já é a quarta maior economia do mundo. A pobreza foi reduzida de 36% da população em 1992 para 26% em 2000.
Até 1991, sob uma economia que seguia o ramo autóctone do socialismo e com a presença de gigantes estatais, a Índia era um país fechado. Investimentos estrangeiros eram permitidos só até 40% e esse teto foi revisado seletivamente. Agora, é permitido 100% de participação em muitos setores, com exceção de loterias, energia atômica, agricultura, entre outros.
Ainda assim, a Índia recebe uma média de US$ 5 bilhões de investimentos estrangeiros. Pouco se comparado aos US$ 60 bilhões da China ou aos US$ 18 bilhões de Brasil e México.
Há estimativas que apenas o precário setor de infra-estrutura possa absorver US$ 150 bilhões. Estradas, portos e aeroportos já estão abertos a investimentos estrangeiros.
Mitra reforça que a Índia é um país jovem, com 52% de sua população abaixo de 25 anos. "O país é uma vasta reserva de mão-de-obra qualificada. Temos 3 milhões de especialistas em ciência e tecnologia, 360 mil engenheiros e 50 mil profissionais de computação novos por ano", afirma Mitra.
Para ele, o domínio do inglês continuará a ser uma das vantagens comparativas em relação à China, o outro gigante asiático. Outro ponto favorável é seu sistema jurídico e o respeito aos direitos de propriedade e patentes. (RJL)


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