São Paulo, domingo, 30 de julho de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Patrocínio privado e inspiração nos EUA transformam universidades asiáticas

DA REPORTAGEM LOCAL

Se fracassa na educação básica, a Índia tem boa reputação pela qualidade de seus engenheiros. Nos anos 50, foram criados os IITs (Institutos Indianos de Tecnologia), mantidos pelo governo, como escolas de elite para os setores de siderurgia, energia e construção.
Muitos desses engenheiros emigraram para os EUA. Ao retornar à Índia, lideraram o boom tecnológico do país, que tem 2.240 faculdades de engenharia -55% delas públicas. A indústria tecnológica cresce ao redor dos sete IITs, que têm o mesmo papel que a Universidade Stanford teve no surgimento do Silicon Valley.
Os sete IITs formam 3.000 novos engenheiros por ano. A seleção é duríssima: só 2% dos 200 mil candidatos passam no vestibular. Em quatro anos de estudo, cada aluno custa US$ 18,5 mil ao governo.
Várias faculdades privadas estão surgindo para absorver a demanda não aproveitada pelos IITs. Uma das redes mais bem-sucedidas é a Academia de Ensino Superior de Manipal, que tem 53 faculdades particulares no Sudoeste do país e 30 mil alunos em várias áreas.
Na Manipal, a Motorola contrata os melhores alunos no penúltimo ano da graduação. Um convênio entre a empresa e a faculdade adapta o último ano às necessidades da Motorola, que colabora com professores, palestras e material didático.
A Hewlett Packard e a Philips Electronics estão colaborando na criação de um laboratório de inovação na Manipal.
Outras grandes empresas indianas, como Infosys, Wipro, Satyam, cada vez mais colaboram com as faculdades. As três juntas contrataram 50 mil engenheiros no ano passado.
O equivalente a um IIT na China é a Universidade Tsinghua, apelidada de MIT chinês. Nela, estudou boa parte dos líderes comunistas, inclusive o presidente Hu Jintao. O primeiro curso de MBA da China foi criado ali em 1991.
Um terço dos 120 professores da Tsinghua fez estágios no MIT. Ex-alunos que se tornaram empresários bem-sucedidos financiam cursos e bolsas para professores, como acontece nas principais universidades americanas. Há um programa de treinamento para executivos em meio de carreira, em convênio com Harvard.
Grandes empresas, que têm assento em seu conselho internacional, realizam doações. A Wal-Mart deu US$ 1 milhão para financiar um centro de estudos sobre o varejo, enquanto a British Petroleum bancou US$ 3 milhões para um "think tank" em política econômica.
É crescente o número de cursos na China com orientação, parceria ou inspiração americanas. O MBA da Universidade de Pequim tem convênio com a Universidade Fordham, de Nova York, que colabora com professores e currículo. Parte das aulas é em inglês.
A fundação mantida pelo bilionário de Hong Kong Li Ka-Shing contratou professores de Berkeley para a Universidade de Shantou, no Cantão, Sul da China. Lá, vêm de Berkeley da vice-reitora a professores -boa parte deles, filhos de chineses ou chineses emigrados. (RJL)


Texto Anterior: Revolução na escola: China investe no ensino básico e Índia aposta em elite universitária
Próximo Texto: Público x privado: Setor privado dá vantagem à Índia sobre a China
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.