|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Patrocínio privado e inspiração nos EUA transformam universidades asiáticas
DA REPORTAGEM LOCAL
Se fracassa na educação básica, a Índia tem boa reputação
pela qualidade de seus engenheiros. Nos anos 50, foram
criados os IITs (Institutos Indianos de Tecnologia), mantidos pelo governo, como escolas
de elite para os setores de siderurgia, energia e construção.
Muitos desses engenheiros
emigraram para os EUA. Ao retornar à Índia, lideraram o
boom tecnológico do país, que
tem 2.240 faculdades de engenharia -55% delas públicas. A
indústria tecnológica cresce ao
redor dos sete IITs, que têm o
mesmo papel que a Universidade Stanford teve no surgimento
do Silicon Valley.
Os sete IITs formam 3.000
novos engenheiros por ano. A
seleção é duríssima: só 2% dos
200 mil candidatos passam no
vestibular. Em quatro anos de
estudo, cada aluno custa US$
18,5 mil ao governo.
Várias faculdades privadas
estão surgindo para absorver a
demanda não aproveitada pelos IITs. Uma das redes mais
bem-sucedidas é a Academia de
Ensino Superior de Manipal,
que tem 53 faculdades particulares no Sudoeste do país e 30
mil alunos em várias áreas.
Na Manipal, a Motorola contrata os melhores alunos no penúltimo ano da graduação. Um
convênio entre a empresa e a
faculdade adapta o último ano
às necessidades da Motorola,
que colabora com professores,
palestras e material didático.
A Hewlett Packard e a Philips
Electronics estão colaborando
na criação de um laboratório de
inovação na Manipal.
Outras grandes empresas indianas, como Infosys, Wipro,
Satyam, cada vez mais colaboram com as faculdades. As três
juntas contrataram 50 mil engenheiros no ano passado.
O equivalente a um IIT na
China é a Universidade Tsinghua, apelidada de MIT chinês.
Nela, estudou boa parte dos líderes comunistas, inclusive o
presidente Hu Jintao. O primeiro curso de MBA da China
foi criado ali em 1991.
Um terço dos 120 professores da Tsinghua fez estágios no
MIT. Ex-alunos que se tornaram empresários bem-sucedidos financiam cursos e bolsas
para professores, como acontece nas principais universidades
americanas. Há um programa
de treinamento para executivos em meio de carreira, em
convênio com Harvard.
Grandes empresas, que têm
assento em seu conselho internacional, realizam doações. A
Wal-Mart deu US$ 1 milhão para financiar um centro de estudos sobre o varejo, enquanto a
British Petroleum bancou US$
3 milhões para um "think tank"
em política econômica.
É crescente o número de cursos na China com orientação,
parceria ou inspiração americanas. O MBA da Universidade
de Pequim tem convênio com a
Universidade Fordham, de Nova York, que colabora com professores e currículo. Parte das
aulas é em inglês.
A fundação mantida pelo bilionário de Hong Kong Li Ka-Shing contratou professores de
Berkeley para a Universidade
de Shantou, no Cantão, Sul da
China. Lá, vêm de Berkeley da
vice-reitora a professores -boa
parte deles, filhos de chineses
ou chineses emigrados.
(RJL)
Texto Anterior: Revolução na escola: China investe no ensino básico e Índia aposta em elite universitária Próximo Texto: Público x privado: Setor privado dá vantagem à Índia sobre a China Índice
|