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ELEIÇÕES 2006 - PRESIDÊNCIA
Por controle do PSDB, Serra e Aécio ensaiam aliança
Segundo tucanos, nenhum dos dois deseja ver Alckmin na presidência da sigla
Dupla alinhavou até acordo
para eleição do novo líder do
partido na Câmara; Serra,
porém, não descarta uma
aproximação de Alckmin
CATIA SEABRA
JOSÉ ALBERTO BOMBIG
DA REPORTAGEM LOCAL
Eleitos governadores em primeiro turno, José Serra (SP) e
Aécio Neves (MG) ensaiam
uma aliança estratégica para
assumir o controle do partido e
evitar que a disputa de 2010
contamine sua relação desde já.
Serra, porém, não deixa de alimentar uma aproximação com
Geraldo Alckmin, que tem sido
estimulado por aliados a se lançar ao Palácio do Planalto daqui
a quatro anos.
Serra e Aécio passaram a trocar telefonemas depois da eleição e fecharam um pacto para
não permitir que petistas e até
mesmo tucanos explorem essa
rivalidade política. Segundo tucanos, nenhum dos dois deseja
ver Geraldo Alckmin na presidência do PSDB.
Os dois -que já definiram estratégia de atuação no Congresso- conversaram durante
o último debate da corrida presidencial, na Rede Globo.
A dupla alinhavou até mesmo um acordo para a eleição do
novo líder do partido na Câmara. Dono da maior bancada
-com 18 deputados-, o PSDB
de São Paulo indicaria o líder. A
Minas, caberia a cadeira a que o
partido terá direito na Mesa Diretora da Câmara.
Segundo tucanos, Aécio teria
concordado com a indicação de
Antônio Carlos Pannunzio para a liderança da bancada. Em
troca, um mineiro -Nárcio Rodrigues ou Custódio Mattos-
terá apoio de Serra para ocupar
a vice-presidência da Casa.
O acordo foi proposto pelo
atual líder, Jutahy Magalhães
(BA), a Nárcio Rodrigues. Hoje,
Nárcio conversa pessoalmente
com Serra em São Paulo.
Semana passada, numa reunião com Nárcio, Aécio avalizou o acordo e deixou claro que
prefere assistir à distância à
disputa interna da bancada de
São Paulo. "Não vamos entrar
nessa bola dividida", afirmou
Nárcio, "a liderança é de SP".
Ainda segundo tucanos, Aécio e Serra já estariam discutindo com o governo uma pauta no
Congresso, incluindo uma minirreforma tributária e a renovação da CPMF.
Animado com seu desempenho eleitoral, Alckmin poderá,
no entanto, pôr água nessa política do café-com-leite. Alckmin tem sido incentivado a dispor de seu capital eleitoral para
se lançar à Presidência em
2010, mesmo que seja para se
impor como candidato ao Palácio dos Bandeirantes.
Seus aliados o desaconselharam a concorrer à Prefeitura
em 2008, sob pena de os tucanos serem acusados de usar a
cidade de São Paulo como plataforma de lançamento.
Entre os alckmistas, prevalece a tese de que o ex-governador não deva recuar. "Alckmin
tem caminho pela frente. Hoje,
Aécio enfrenta o mesmo problema que Alckmin tinha antes
de disputar. Só é conhecido em
Minas. Alckmin está na mesma
condição que Serra: a de ex-governador que já disputou a Presidência", disse Paulo Bressan,
tesoureiro da campanha.
Alckmistas não descartam a
possibilidade de Alckmin lançar um candidato à liderança
do PSDB na Câmara. Seus aliados falam em Rafael Guerra
(MG) e Gustavo Fruet (PR).
Mas o recém-eleito Sílvio Torres (SP) também teria apresentado seu nome para a disputa.
Alckmin e Serra buscaram
uma aproximação especialmente no segundo turno. Os
dois estiveram juntos, na noite
de sábado, numa confraternização na produtora dos programas dos dois candidatos.
Serra e Alckmin também tiveram uma reunião na quarta-feira e discutiram a melhor estratégia para o debate final, da
Globo. Serra forneceu até seus
soldados a Alckmin. Na reta final, o consultor José Roberto
Afonso trabalhou na preparação de Alckmin para os debates.
Mas não sem antes pedir autorização a Serra.
No PSDB, a avaliação é de
que Alckmin depende de Serra
para manter seu capital em São
Paulo, inclusive o emprego de
seus aliados na estrutura do Estado. Serra, por sua vez, estará
mais confortável se não enfrentar a oposição de Alckmin no
partido. Há expectativa de que
Serra nomeie um alckmista para o governo.
Um nome cogitado é o de
Emanuel Fernandes, que, eleito deputado, não estaria disposto a deixar a Câmara.
Na avaliação de tucanos,
Alckmin e Serra deixam a disputa com relação melhor do
que quando entraram. O mesmo não será aplicado a Aécio.
Alckmistas apostavam ontem
num afastamento de Aécio, depois da perda de mais de 500
mil votos no Estado em comparação ao primeiro turno. Alckmin também deixa a disputa
contrariado com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
Apesar dos afagos, a escolha
do líder promete ser um embaraço entre Serra e Alckmin. Os
dois discordam do nome ideal
para o cargo. O difícil é encontrar alguém que não seja caracterizado como vitória serrista
ou alckmista.
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