São Paulo, segunda-feira, 30 de outubro de 2006

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Chapa Serra-Aécio é óbvia para 2010, diz Maia

MÁRIO MAGALHÃES
DA SUCURSAL DO RIO

A chapa "óbvia" a ser lançada pelo PSDB na próxima eleição reunirá o governador eleito de São Paulo, José Serra, para presidente e o governador reeleito de Minas, Aécio Neves, para vice. É a opinião manifestada no começo da noite de ontem pelo prefeito do Rio, Cesar Maia (PFL), cujo partido costuma se aliar aos tucanos.
O motivo seria pragmático: "O PSDB precisa demais da proximidade do poder. Sem isso, esvazia. O partido só existe em São Paulo. Se você tirar São Paulo da última campanha municipal e da de 2006, é a quarta força nacional, lá embaixo", disse à Folha.
"Essa distância do governo federal, do poder nacional durante muito tempo é grave para o PSDB", sustenta Maia.
"Eles vão para a chapa que for vitoriosa. Podem se prevenir, acabando com a reeleição [para presidente] e, com isso, facilitando formar uma chapa Serra-Aécio Neves. A própria idade do Serra [ajuda]."
Serra terá 68 anos na campanha de 2010. Maia quer dizer que o ex-prefeito de São Paulo toparia acabar com a reeleição e desistir de eventual segundo mandato presidencial porque o próximo pleito seria a última chance de alcançar seu sonho. Seria importante se associar a Aécio (hoje com 46 anos), que tem ambições presidenciais.
O cenário desenhado por Cesar Maia representaria o retorno simbólico da "política do café-com-leite". Antes da Revolução de 1930, oligarquias de São Paulo e de Minas compuseram dobradinhas de presidente e vice no governo.
A chapa puro-sangue do PSDB não seria empecilho à aliança com o PFL. Com o fim da norma que impede alianças nos Estados em caso de coligação nacional com outras siglas, o partido terá candidato em primeiro turno, na previsão de Maia (e como ele defende).
Em um segundo turno entre as forças que têm polarizado as disputas para presidente (PT e PSDB), o PFL caminharia com o PSDB, de acordo com Maia.
O prefeito descarta um "terceiro turno" ou a possibilidade de Lula ser alvo de processo de impeachment: "No Brasil só há impeachment com o país ou o governo em crise".
Ele espera outra coisa: "Não muda nada. Lula governará com total tranqüilidade para fazer o feijão-com-arroz. Todos aqueles com expectativa de reformas ou coisas substantivas podem esquecer".
Maia avalia que o maior erro de Geraldo Alckmin -apoiado por ele- foi interromper a campanha de rua após o primeiro turno. Mas o erro do PSDB viria de trás. "No fim de outubro de 2005, eles não imaginavam uma eleição competitiva", afirma. A opção por um candidato com menor intenção de votos (Alckmin) em vez de um mais forte (Serra) decorreria da análise do PSDB de que Lula estava liquidado.
Sobre a sua própria candidatura presidencial, Maia afirma que dependerá do sucesso do nome que lançar para a sua sucessão em 2008. Ele não crê que tenha sido derrotado no Rio, onde apoiou Denise Frossard (PPS): "Na capital ela venceu no primeiro turno". É o mesmo que diz sobre uma adversária, a petista Marta Suplicy: "Se ela perde a eleição para prefeita [de São Paulo], está fora [da corrida de 2010]".


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