|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Eleito herda Estado com déficit de R$ 2,2 bi
ANTÔNIO GOIS
DA SUCURSAL DO RIO
O governador eleito do Rio
de Janeiro vai herdar em janeiro um déficit de R$ 2,2 bilhões
da administração Rosinha Matheus (PMDB), conforme previsão do próprio Estado.
Em grave crise financeira e
fiscal, Rosinha contingenciou
R$ 1,4 bilhão neste ano e, para
tentar escapar da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), vai
recorrer até ao leilão de última
hora do Berj (Banco do Estado
do Rio de Janeiro, parte podre
do Banerj, já privatizado), previsto para novembro.
Como herdou déficit de R$
2,6 bilhões das gestões Anthony Garotinho/Benedita da
Silva (1992-2002), o governo
atual dá-se por satisfeito em
passar o Estado adiante com R$
400 milhões a menos em dívidas depois de quatro anos. Assim, ao menos assegura a aprovação das contas pelo Tribunal
de Contas do Estado (TCE) e livra a governadora da LRF.
O último ano de gestão foi de
cintos apertadíssimos, após
2005 ter sido terminado com
rombo de R$ 1,5 bilhão. Com o
rigoroso contingenciamento de
verbas no último ano -que cortou telefones, carros, gasolina e
verba para segurança pública e
presídios-, o Estado deve fechar o ano com déficit fiscal entre R$ 300 milhões, segundo o
governo, e R$ 600 milhões,
conforme a oposição.
O leilão do Berj deve contribuir com ao menos mais R$
800 milhões no fim do mandato. O trunfo (e a esperança) do
governo é acabar com déficit de
R$ 400 milhões menor que o
recebido dos antecessores para
ter as contas aprovadas.
Além de administrar o déficit
do Estado, Sérgio Cabral terá
trabalho também para melhorar os indicadores de segurança
e sociais. A taxa de homicídios
dolosos no Estado está estagnada em patamares superiores
a 40 por 100 mil habitantes
desde 1998. No ano passado, somente Pernambuco apresentava indicadores piores no Brasil.
De 2001 a 2005, no mesmo
período em que a taxa da região
Sudeste apresentou uma queda
de 24% -impulsionada pela
melhoria dos indicadores de
São Paulo e Espírito Santo-, o
Rio teve ligeiro aumento, de
1%, na taxa de homicídios.
Como dado positivo, no entanto, há o registro de que o número de seqüestros tem permanecido em patamares relativamente baixos desde 1998.
Em 2005, foram dez casos.
Educação e saúde
Também haverá muito a fazer na educação. As escolas estaduais de ensino médio do Estado apresentam a quarta
maior taxa de reprovação em
todos os sistemas estaduais do
Brasil, segundo o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas
Educacionais do MEC. Essa alta taxa de reprovação (14,2%
dos alunos) em nada contribui
para a qualidade do ensino. A
nota média de todas as escolas
do Rio no Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) foi a décima maior do país. O Estado ficou atrás, no entanto, de todos
os demais do Sudeste.
Na área de saneamento, os
indicadores do IBGE mostram
que o Rio tem um alto percentual de domicílios atendidos
pela rede geral de esgoto ou fossa séptica e por redes de água e
coleta de lixo. Isso, porém, não
significa qualidade satisfatória.
A Pesquisa Nacional de Saneamento Básico, do IBGE,
mostra que o Rio é a unidade da
Federação que exibe o maior
consumo de água por habitante
(550 litros). O dado, aparentemente positivo, indica também
que há problemas de desperdício e ineficiência na distribuição pela Cedae (Companhia
Estadual de Águas e Esgoto).
No setor de saúde, um desafio apontado pelo presidente do
Conselho Regional de Medicina do Rio, Paulo Cesar Geraldes, é comum também à rede
federal e à municipal: aumentar as ações coordenadas entre
elas. Essa falta de sinergia levou
a prefeitura e o governo federal
a uma disputa em 2005 por
causa de divergências no acordo de transferência de hospitais federais para o município.
O Estado, apesar de não ter
se envolvido diretamente na
disputa, também foi alvo de críticas por causa da qualidade
dos serviços na rede estadual.
"No Rio, há uma dificuldade
clara de integrar as redes das
três esferas de governo. Ajuda a
desenvolver o sistema de saúde
nesses outros municípios. Cabe
ao Estado ajudar os municípios
a prestarem serviços primários
à saúde", afirma Geraldes.
Com RAPHAEL GOMIDE , da Sucursal do Rio
Texto Anterior: Perfil: Governador se espelha em Aécio Próximo Texto: Eleições 2006 - Estados/ Rio Grande do Sul: Yeda será a 1ª mulher a governar o Estado Índice
|