São Paulo, domingo, 31 de outubro de 2004

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GESTÃO DE CUSTOS

Diminuição de matéria-prima, renegociação de contratos e terceirização são alternativas novas para a redução de gastos

Controle eficiente não é sinônimo de cortes

FREE-LANCE PARA A FOLHA

A gestão de custos é uma das áreas mais importantes para a saúde da empresa, mas, diferentemente do que muitos pensam, não é sinônimo de corte de despesas. Faz parte de uma estratégia bem mais ampla.
A primeira coisa a fazer é identificar onde a companhia quer atuar, que clientes ela quer atender e que produtos ela pretende vender. O maior erro é diminuir o investimento em um produto ou em um serviço que o segmento de mercado atendido valorize (como uma pizzaria que corta o serviço de entregas, por exemplo).
"Identificado o que o seu público preza, você investe nisso. Pode até ser que, num primeiro momento, seu custo aumente", diz Sidney Catania, controller corporativo da Votorantim Celulose e Papel (VCP). Por outro lado, você vai descobrir, por eliminação, uma série de coisas que a empresa faz que não são importantes para o cliente. "É aí que você vai "atacar" [cortar]." Exemplo: investir em logística, se o importante for o produto chegar no tempo certo, em vez de colocar dinheiro em pesquisa, dependendo do caso.
Paralelamente, é importante ter o menor custo fixo possível, além de atuar constantemente sobre os gastos variáveis, para que, num momento de turbulência da economia, não haja queda expressiva na rentabilidade da empresa.
Para isso, é bom renegociar contratos constantemente com os fornecedores, tendo em mente, porém, que quem regula o preço da matéria-prima é o mercado e que por isso há pouca margem de manobra. "Não podemos apertar demais o fornecedor, senão ele quebra", afirma Catania. "Às vezes até o ajudamos a reduzir seus custos. Assim todo mundo sai ganhando. Reduzir custo a todo custo é algo que já aprendemos que não funciona", ensina.

Matéria-prima
Reduzir a quantidade da matéria-prima consumida é uma das táticas preferidas do mercado hoje. "Redução de custos não é mais fonte de competitividade, todos fazem isso. Por esse motivo, as indústrias começaram a diminuir a quantidade de produto por embalagem", constata Antonio Carlos Aidar Sauaia, professor de política de negócios da FEA-USP.
Como o controle dos custos variáveis deve ser constante, Artur das Neves, sócio-diretor da consultoria Exe Consult, dá dicas de onde mais procurar "gorduras". "Há ferramentas de substituição de tecnologia que proporcionam reduções de até 30%, como instalar a transmissão de dados e de voz através do mesmo cabo."
O "outsourcing", ou terceirização de mão-de-obra, é outro exemplo. Mas é preciso critério. "Terceirizar as atividades do "core business" [negócio principal] pode gerar um passivo [despesa] trabalhista muito alto", avisa.
Outro conselho é repensar a cadeia de distribuição, responsável por cerca de 20% a 25% dos custos. "Implantar compras via internet, por exemplo, pode ser mais econômico." (RGV)


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