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TALENTOS
Novas técnicas de gestão põem o funcionário no centro da empresa e recomendam demissão só em
último caso, explicando razões
"Facão" indiscriminado só fere a lucratividade
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Demitir para economizar virou
atitude freqüente no mercado.
Dependendo de como for feito,
porém, o corte pode ser traumático para aqueles que ficam. Por isso alguns especialistas defendem
que as empresas comuniquem
sempre o motivo do "facão".
"Muitas vezes as pessoas até redobram esforços para sair da crise. Depende da forma como é feito. Mas há algumas empresas que
aproveitam a crise para promover
redução de despesas e, nesse caso,
as pessoas percebem o oportunismo", afirma José Augusto Minarelli, presidente da consultoria
Lens & Minarelli. "Os mais talentosos que forem poupados, quando surgir uma oportunidade, vão
querer sair da empresa, pois eles
perdem a confiança", argumenta.
E para reter esses talentos nem é
preciso muito dinheiro. O valor
do salário vem em sexto ou sétimo lugares na motivação dos funcionários, segundo Minarelli.
"Eles se motivam mais quando
têm um trabalho desafiador, um
ambiente estimulante, reconhecimento pelo trabalho bem-feito e
um líder incentivador", enumera.
"O papel do superior imediato é
fundamental", concorda Vera
Sylos, diretora da Alexander
Mann, que presta consultoria em
gestão de pessoas. Segundo ela, o
empregado costuma ver em seu
superior imediato a "voz" da empresa. "As corporações devem investir mais nesse gestor", ensina.
Estudo de caso
O Grupo Pão de Açúcar tem um
programa especialmente voltado
para essa questão. É o "Gerente de
Gente Feliz", no qual são estabelecidos cinco princípios que os
7.000 funcionários em cargos de
liderança têm de seguir. Periodicamente, esses gestores são avaliados por suas equipes com base
nesses princípios. "Os funcionários percebem, assim, que eles
têm voz", afirma Marília Parada,
diretora de planejamento e desenvolvimento de RH da empresa.
Esse e vários outros programas
de motivação foram criados na
esteira de um momento difícil
que o grupo enfrentou, em 1990,
quando precisou reduzir seus
quadros de 50 mil funcionários
para 17 mil. O que poderia ter sido
uma tragédia em termos de ambiente de trabalho se transformou
em incentivo para o surgimento
dos programas, hoje largamente
reconhecidos pelo mercado.
Para tornar tudo isso possível, é
preciso investir em comunicação
interna. Essa é a prática mais valorizada nas cem melhores empresas do ranking do instituto Great
Place to Work no Brasil, que estuda o ambiente e os aspectos culturais das companhias.
Segundo José Tolovi Júnior,
presidente do instituto, nos últimos anos quase todas as organizações da lista já demitiram por
causa das crises. Mas todas se
preocupam tanto com quem sai
como com quem fica. "Elas ajudam os demitidos a se recolocar e
explicam aos outros os motivos
dos cortes. Nas pesquisas, detectamos que os funcionários acreditam que a empresa só demitiria
como último recurso."
(RGV)
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