São Paulo, domingo, 31 de outubro de 2004

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TERCEIRA LIÇÃO

Cortar pessoal não é a saída

ARIE DE GEUS
ESPECIAL PARA A FOLHA

Embora os fatores que causam a redução de pessoal nas empresas sejam uma preocupação importante no mundo dos negócios, ainda não preocupam o suficiente a ponto de fazer com que os gestores encontrem saídas alternativas ao corte de colaboradores.
Todos têm consciência do custo de sobrecarregar o pessoal que permanece, do risco de perder a lealdade dos colaboradores -pela falta de motivação que acaba proliferando entre eles- e da necessidade de gastar novamente com contratação quando o negócio volta a se expandir. Para aumentar o retorno, porém, seguem dispensando pessoal.
O que a maioria dos gestores não percebe é que a chave do sucesso de uma empresa está nos próprios funcionários: é necessário motivá-los e fazer com que cresçam dentro da empresa. Demissão não soluciona, só causa falta de lealdade e desmotivação.
A meu ver, é necessário que as empresas saiam da "prisão" da linguagem econômica. Pode até soar como um paradoxo, mas as empresas tendem a morrer cedo porque os seus líderes se concentram na produção e no lucro e esquecem que a empresa é uma comunidade de seres humanos, que deveria estar no negócio para sobreviver, e não para morrer depois de algum tempo. A biologia tem uma linguagem mais adequada do que a economia.
O importante é mudar prioridades: de otimização de capital para otimização de pessoas. O impacto do conhecimento em detrimento do capital é a chave para o sucesso. À medida que as pessoas, em vez de serem tópico de custo, se transformarem em fonte de negócios de sucesso, uma nova espécie de empresa começará a ser criada.


ARIE DE GEUS, 74, é professor da London Business School e criador do conceito "learning organization"

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