São Paulo, domingo, 31 de outubro de 2004

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PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO

Ainda pouco usado no Brasil, mapeamento de longo prazo, com definição de metas e meios ajuda empresa a crescer sempre

Plano mantém gestor sempre na rota certa

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É em momentos de crise que podem ser identificadas as empresas coesas e que contam com um bom planejamento de longo prazo. Uma gestão estratégica bem delineada pode determinar o futuro da companhia. Quando o mercado fica instável e é preciso se desdobrar para satisfazer clientes, negociar com fornecedores e ainda conseguir investimentos, só aqueles que não perdem de foco a estratégia conseguem sobreviver.
"Se a empresa tem boas informações sobre o mercado e fez um planejamento estratégico eficiente, ela consegue reduzir os riscos da crise", explica Fábio Chaddad, professor de estratégia empresarial do Ibmec-SP. Ele destaca que o mais importante é saber adotar com rapidez providências de curto prazo para atravessar a turbulência sem, no entanto, perder de vista os objetivos maiores.
Gestões modernas já não tratam as crises como um fenômeno repentino. Com os mercados internacionais a cada dia mais interligados, analistas afirmam que a instabilidade se tornou marca registrada dos novos tempos.
"A crise não aparece de repente. É fundamental que as empresas considerem a instabilidade como uma característica do mercado", enfatiza Claudinei dos Santos, sócio-diretor da Delft Consultores.
Com base nesse princípio, as companhias precisam ser capazes de estabelecer objetivos e definir quais estratégias serão usadas para alcançá-los. Paralelamente, devem se preparar para trocar de rota e rever preceitos em caso de mudanças como a chegada de um novo concorrente, a alteração na política econômica ou mesmo uma turbulência global generalizada.
"O planejamento estratégico eficiente apresenta espaço de manobra para crises e não engessa a organização", afirma Renato Cotta, coordenador do MBA executivo da Coppead-UFRJ. De acordo com ele, um dos erros mais graves e comuns em gestão estratégica é subestimar os mercados e pintar um cenário irreal.
"Se a empresa se baseou em modelos errados ou fez previsões muito otimistas, todo o planejamento vai por água abaixo." Uma gestão estratégica eficiente, diz, deve ser implementada de maneira sistemática. Ele salienta que a empresa não deve incorrer no erro de investir na elaboração do plano e depois não ter a mesma atenção para fazê-lo funcionar.

Herança inflacionária
Especialistas ouvidos pela Folha explicam que o planejamento estratégico ainda não é feito em larga escala nas empresas brasileiras. A técnica foi introduzida nos Estados Unidos a partir dos anos 60 e 70, mas por aqui a inflação galopante adiou o desembarque da técnica para a década de 90.
"Nos anos 80 as empresas só faziam planejamento de curto prazo para escapar da inflação", ratifica Cotta. "O que valia mesmo era o planejamento financeiro", completa André Coutinho, diretor da consultoria Symnetics. (RAP)


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