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Capitão do atentado chega a coronel
da Sucursal do Rio
Wilson Luiz Chaves Machado, o capitão
que dirigia o Puma e teve o abdome dilacerado pela explosão da bomba, é hoje coronel e exerce funções burocráticas no
QG do Exército, em Brasília, onde cumpre
expediente das 9h às 17h. Foi promovido a
tenente-coronel e depois a coronel por
antiguidade. Não por merecimento.
A Folha tentou ouvi-lo, mas foi informada pelo centro de comunicação social
do Exército que ele quer permanecer em
silêncio em relação ao atentado de 1981.
Machado nunca deu entrevista sobre o
assunto e tudo indica que não o fará. "A
única pessoa que pode dizer alguma coisa
é o capitão, que jamais vai abrir a boca, se
incriminando. Ele vai se suicidar?", disse,
em 1991, o ex-presidente Figueiredo.
Também permanece em silêncio o coronel, hoje general, Job Lorena de Sant'Anna, responsável pelo inquérito que acabou por concluir que o sargento e o capitão foram vítimas de um atentado de organizações extremistas.
O general vive recluso em seu apartamento na avenida Atlântica, no Leme, zona sul do Rio. Ao contrário de sua mulher,
a professora aposentada Umbelina Lorena Santana, sempre gentil ao telefone com
jornalistas, o general nunca atende a imprensa. "Nem adianta insistir."
O coronel Luiz Antônio do Prado Ribeiro viu seu sonho de chegar ao generalato
ruir pouco depois de ser nomeado presidente do inquérito que iria investigar o
atentado do Riocentro.
Ele conta que aceitou a missão convencido de que os dois militares -o sargento
e o coronel- haviam sido vítimas de
atentado de alguma organização de esquerda, mas que mudou de opinião assim
que recebeu os laudos periciais.
"Não era preciso ser Sherlock Holmes
para descobrir que estavam envolvidos",
diz ele. O coronel conta que queria prosseguir as investigações até identificar os
autores do atentado, "mas a conjuntura
não ajudava a apuração real dos fatos".
Entre forjar um resultado para inocentar os militares e desafiar seus superiores
levando as investigações até o fim, optou
por se afastar do inquérito.
"Tudo indicava que eu chegaria a general. Mas não me sinto frustrado. A carreira militar termina como coronel, porque a
promoção a general é um ato político.
Sinto-me muito bem", afirmou Prado.
Ele não concorda com a versão do ex-presidente Figueiredo de que não havia
oficiais de alta patente envolvidos no caso. "Não acredito que eles tomassem essa
medida sozinhos. Devem ter recebido alguma orientação superior, e acima de capitão tem desde major até general."
(EL)
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