São Paulo, Sábado, 12 de Junho de 1999
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Abstenção crescente indica desinteresse

especial para a Folha

Ainda que a maioria dos estudantes aceite resignada a obrigatoriedade do provão, a discussão sobre a atitude a ser assumida em relação ao exame persiste nas faculdades brasileiras.
O caráter obrigatório é defendido pelo governo como o único meio de preencher um quadro satisfatório de estudantes que possibilite analisar a qualidade de cada curso com rigor. Mas para algumas lideranças estudantis, um simples pedido de ajuda aos alunos seria suficiente para criar sistemas de avaliação muito mais eficazes, com ou sem provas.
"Não é com imposições que se vai conseguir fazer o retrato fiel da educação no país. O aluno contrariado sempre vai distorcer o resultado da avaliação, com ou sem intenção", argumenta Marco Aurélio de Carvalho, do Centro Acadêmico 22 de Agosto, da PUC-SP.

Estímulo
Carvalho acrescenta que a situação desejável seria justamente a inversa da que ocorre hoje. "Os estudantes querem mostrar como é o curso que frequentam e isso se vê no cotidiano de todas as faculdades, nas conversas mais banais de corredor. É justamente o que tem de ser incentivado", diz.
Se considerados os índices de abstenção dos três anos de Exame Nacional de Cursos como referencial de adesão à prova, o panorama é de crescente desinteresse.
Em 1996, a taxa foi de 6,41%, e subiu a 9,24% em 1997 para, no ano passado, ficar em 10,75%.
Ainda assim, para o Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais), órgão que coordena o provão, o índice não é preocupante.
Segundo o instituto, há casos de graduandos inscritos que já sabem que não vão se formar ou estão trancando a matrícula e, por isso, não comparecem à prova.
Pode ocorrer também de o aluno estar se formando em duas faculdades ao mesmo tempo. Nesse caso, o estudante terá que optar por um dos provões e comunicar o Inep para isentá-lo da obrigação de fazer a prova no ano seguinte.
Mas essa não é a interpretação de Pedro Rodrigues Jr., do Centro Acadêmico de Letras da USP. Para ele, o número de ausentes no provão tende a aumentar a cada ano. (GA)


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