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Abstenção crescente indica desinteresse
especial para a Folha
Ainda que a maioria dos estudantes aceite resignada a obrigatoriedade do provão, a discussão sobre a atitude a ser assumida em relação ao exame persiste nas faculdades brasileiras.
O caráter obrigatório é defendido pelo governo como o único
meio de preencher um quadro satisfatório de estudantes que possibilite analisar a qualidade de cada
curso com rigor. Mas para algumas lideranças estudantis, um
simples pedido de ajuda aos alunos seria suficiente para criar sistemas de avaliação muito mais eficazes, com ou sem provas.
"Não é com imposições que se
vai conseguir fazer o retrato fiel da
educação no país. O aluno contrariado sempre vai distorcer o resultado da avaliação, com ou sem intenção", argumenta Marco Aurélio de Carvalho, do Centro Acadêmico 22 de Agosto, da PUC-SP.
Estímulo
Carvalho acrescenta que a situação desejável seria justamente a inversa da que ocorre hoje. "Os estudantes querem mostrar como é o
curso que frequentam e isso se vê
no cotidiano de todas as faculdades, nas conversas mais banais de
corredor. É justamente o que tem
de ser incentivado", diz.
Se considerados os índices de
abstenção dos três anos de Exame
Nacional de Cursos como referencial de adesão à prova, o panorama
é de crescente desinteresse.
Em 1996, a taxa foi de 6,41%, e subiu a 9,24% em 1997 para, no ano
passado, ficar em 10,75%.
Ainda assim, para o Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais), órgão que coordena o provão, o índice não é preocupante.
Segundo o instituto, há casos de
graduandos inscritos que já sabem
que não vão se formar ou estão
trancando a matrícula e, por isso,
não comparecem à prova.
Pode ocorrer também de o aluno
estar se formando em duas faculdades ao mesmo tempo. Nesse caso, o estudante terá que optar por
um dos provões e comunicar o
Inep para isentá-lo da obrigação
de fazer a prova no ano seguinte.
Mas essa não é a interpretação de
Pedro Rodrigues Jr., do Centro
Acadêmico de Letras da USP. Para
ele, o número de ausentes no provão tende a aumentar a cada ano.
(GA)
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